17° Dia

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Portal para o INFERNO (autor @regisscampos)

Uma famosa cigana era conhecida na pequena cidade de Havana, por adivinhações e por acertar o futuro das pessoas. Carmen Lúcia, como se chamava, tinha objetos que a ajudava em suas visões. Uma bola de cristal, joias de ouro e mais utilizada, uma xícara que quando jogado algum tipo de pó seria o objeto mais infalível em suas premonições.

Carmem era uma boa mulher, mas para conseguir seus poderes e seu grande sucesso, fez um pacto com o Diabo, dando a ele sua alma e em troca ainda foi ele que a ofereceu como presente a xícara do futuro. A cigana estava na sala, onde eram feitos seus atendimentos, quando três amigos entraram. - Sejam bem vindos, fique a vontade. Disse ela os convidando a sentarem ao redor da mesa. - Em que posso ajuda lós? Então a bola de cristal que apenas ela podia ver as imagens começou a surgir algumas coisas, as luzes do local começaram a se cessarem, ficando bem fracas, com pouca claridade. Os amigos que entraram por curtição, começaram a zombar de Carmen, gritando eles em apenas um tom. - Sua bruxa, feiticeira, noiva do diabo, macumbeira. Nesse momento a xícara que viera das profundezas sombrias, partiu ao meio e ouviu se uma grande risada maquiavélica saindo de lá, sem mesmo que alguém a tocasse. - Algum tipo de fúria está se manifestando nesse lugar. Disse ela. Os rapazes que acreditavam que era tudo uma farsa, novamente gritaram mesmo um pouco assustados. - Iremos acabar com essa sua brincadeira.

A cigana começou a ficar nervosa e pediu que eles saíssem, então sem escutar o que ela pedia, foram circulando a cada uma por vez. Foi que escutaram um barulho e olharam para trás, e a mesa estava sacudindo pelo ar, todos os objetos se manifestavam de alguma forma, o ouro começou a se derreter pelo chão e uma luz intensa saia pela bola de cristal. Os rapazes que estavam ali para agredir Carmem, com medo começaram a correr em direção à porta, e elas se fecharam sozinhas, como todas as janelas. A cigana começou a virar os olhos e todo seu corpo se contorcia. Ela já estava levitando, não tocava mais o chão, isso era assustador, e a sala tremia como se tivesse um terremoto, as luzes se apagaram e um grande silêncio se fez menos o dos gritos dos rapazes.

Eles estavam desesperados esmurrando a porta, quando a cigana apareceu e foi em sua direção, estava toda deformada, ela se agachou e com as mãos desenhou no chão um portal para o inferno jogando os como presente para seu mestre.

Em questão de segundos tudo voltou ao normal e Carmem continua fazendo seus trabalhos espirituais como nada tivesse acontecido, e quando alguém diz não acreditar nela, a cigana envia almas para seu grande doutrinador.

Em questão de segundos tudo voltou ao normal e Carmem continua fazendo seus trabalhos espirituais como nada tivesse acontecido, e quando alguém diz não acreditar nela, a cigana envia almas para seu grande doutrinador

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Nostalgia (autora @mariavandasilva)

Saudades foi o que senti ao visualizar a mesa posta e enfeitada com artefatos antigos. Saudade dos casos que meu pai contava quando eu era criança. Que ele desde muito menino já trabalhava nas lavouras. Mal o dia clareava, já estava na estrada. Eram léguas de caminhadas para chegar ao local de trabalho. Enxada nas costas, pés descalços, chapéu de palha, coragem e disposição de uma criança. No embornal estava a marmita com o almoço: angu, ovo e couve. Dependendo da fazenda ganhava um leite de sobremesa. Às vezes preparando a terra para o plantio, outras vezes colhendo.

Após um dia árduo de trabalho voltava para casa, novamente, léguas de caminhada. Mas agora, devido ao cansaço, a distância aumentara. A esperança de chegar logo em casa para tomar um banho, aliviar a dor muscular e tirar a terra impregnada na pele. Quando era noite de lua cheia o trajeto chegava a ser encantador. Mas do contrário, a caminhada era lenta abraçada pela escuridão. Após o banho, e a janta, ouvia um pouco de música em um rádio velho ou se reunia em torno do fogão a lenha com os tios e primos para colocar a prosa em dia. Mas aos poucos iam todos se recolher, dormir no colchão de palha, ao som da orquestra dos sapos que coaxavam em um fôlego de fazer inveja.

A luz da lamparina causava sombras por toda casa, mas espantava o breu, enquanto houvesse querosene. O corpo já pedia uma trégua há horas. Por fim, dormia o sono dos justos perdido entre a reza aprendida também muito cedo!

 Por fim, dormia o sono dos justos perdido entre a reza aprendida também muito cedo!

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                                                Borrões (autor@dioghofernandes)

É desesperador sentir medo do futuro, que é sempre reflexo do passado. Assim muitos veem a minha procura. Não sou uma Deusa ou algo do tipo. Sou humana tentando ganhar a vida como cigana. Não é fácil mentir para as pessoas, mas se soubesse da verdade, elas não pagariam. Gostam de escutar o que as interessam sem questionar o quanto ira custar.

Em manhãs de chuva, sou muito mais requisitada. A chuva por trazer fertilidade a terra, faz às pessoas ficarem melancólicas.

Na manhã de domingo, chovia forte lá fora e eu estava sem sono durante toda madrugada. Com está perda eu fiquei a noite toda tomando café. Quando por volta das dez, a chuva para e eu fico do nada admirando minha xícara. Ela estava tão impregnada do pó de café, que poderia comer de colherada toda a borra do café.

Arrisquei então em fazer minha alta previsão, de acordo com o que pregava aos outros. A borra da xícara dizia:

- Você está escondendo do seu próprio eu, Só ira sair quando parasse de mentir.

Foi até assustador fazer este teste, mas dei gargalhadas de mim mesmo no fim. Depois de me levantar e arrumar toda casa, a noite veio leve como a brisa, trazendo contigo um grupo de pessoas a minha porta.

De início eu os recebi já levando para sala e foi onde me surpreende. Era da polícia. Uma denúncia anônima de um cliente insatisfeito. Sua mulher não o traíra com outro, e eu havia dito que sim. Ele a matará e estava preso, disse aos polícias que fui sua comparsa.

No fim, tive minha primeira e verdadeira revelação oculta junto ao borrão de café da xícara. Mas era tarde demais, estava sendo presa com um dom verdadeiro recém-descoberto.

ANTOLOGIA 1Where stories live. Discover now