22° Dia

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MEDO (autor @regisscampos )

Durante toda sua infância, Marina, que morava em uma casa afastada da cidade, onde não existia vizinhança, não tinha amigos, apenas sua irmã mais velha e seus pais.

Sua irmã, já era adolescente e não dava muita atenção para ela, e seus pais sempre ocupavam o maior tempo reformando a casa onde moravam, fazendo assim, com que ela ficasse sozinha, tinha até um amigo imaginário, que ela não contava para ninguém.

Passado alguns anos, sua mãe Lúcia faleceu, Marina já tinha 16 anos, era uma menina solitária, não tinha nem a companhia de seu amigo imaginário mais, seu pai Jorge entrou em depressão, e Natália sua irmã que já tinha se casado e mudado de casa quase não os procurava. Depois que sua mãe faleceu, Marina acordava de madrugada com pesadelos, depois foi se agravando. Em uma noite ela acordou, abriu os olhos, mas não conseguia mover nenhum músculo sua voz não saía e seu desespero era real. Foi quando uma imagem distorcida apareceu levitando em cima de seu corpo. Fez tanta força que um grito saiu e com muito custo ela se moveu na cama. Seu pai que estava tomando medicamentos controlados para tratar a depressão, nem ouviu o desespero da filha.

Sem entender, Marina dormiu o resto da noite com a luz acesa. Assim que acordou no dia seguinte fez café para seu pai.

 -Papai, está noite tive um pesadelo, mas parecia que estava acordada. Disse a menina amedrontada. Seu pai nem esperou a menina terminar.

 - Minha filha, isso deve ser algum trauma, por causa da morte de sua mãe, fique tranquila, isso passará.

 Os dois tomaram café, seu pai foi até a horta e ela estudar. Como não havia escola por perto, aprenderá ler e escrever com sua mãe, e eles ainda desfrutaram de uma grande biblioteca em casa.

Todas as noites aconteciam à mesma coisa, o mesmo pesadelo, mas aquela imagem distorcida, uma vez estava nos pés da cama, outra no canto da casa, outra no teto, mas ela não conseguia ver mais que isso. Era sufocante, como se outras mãos a segurasse e tampasse sua boca. Depois de algumas semanas ela insistiu com seu pai. 

- Pai não consigo, mais preciso de um médico, um padre, ou algo do tipo, estas coisas estão me assombrando. Disse a menina sem conter com as lágrimas que saíam de seus olhos de preocupação.

 - Certo Marina! Hoje à tarde iremos à cidade. Disse Jorge, que na noite anterior escutou sua filha resmungando em seu quarto.

Chegando à cidade, conseguiu uma consulta com Mário, um velho médico. Depois de algumas perguntas o médico disse a garota:

 - Minha jovem, a tudo que indica que você tem paralisia do sono...

 Aconteceu um grande silêncio do escritório, e então Mário continuou:

 - Ocorre logo após acordar ou no momento em que está tentando adormecer e que impede o corpo se mexer. Mesmo quando a mente está acordada. Assim a pessoa acorda, mas não consegue se movimentar, causando medo, angústia e terror.

 Marina que estava com os olhos esbugalhados, estava sem reação e com medo.

 - E as imagens, sombras que vejo não são reais?! Perguntou ela prestando atenção nele. O médico continuou. 

- Durante cada episódio e possível o surgimento de alucinações, como pessoas do lado da cama, ou ouvir barulhos estranhos, mas isso acontece ao excesso de ansiedade e medo controlado pela falta de controle do próprio corpo. Assim que terminou a explicação e a consulta o médico lhe passou alguns remédios e pediu que voltasse semanalmente para que pudesse acompanha lá.

ANTOLOGIA 1Where stories live. Discover now