25°Dia

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Continuação do texto publicado no 20°dia "CONECTADOS"


Pensamentos (autora @mariavandasilva)

Há um tempo, não sei exatamente a data, só lembro que os celulares ainda não existiam. Acordei com um despertador daqueles bem antigos, barulhentos que quase caem da cômoda de tanto que vibram. Na hora do café converso com meus filhos, e eles comigo. E não é pleonasmo, é porque algumas vezes falo, mas parece um monólogo. De manhã então... Mas nessa manhã não tem mais nada para nos distrair. Somos nós três e nosso cão, Apolo, que quando quer carinho, o que se deixar é o tempo todo, pede apertando o focinho na gente. Ninguém resiste.

No ônibus as pessoas conversam, riem, em um clima de interação e alegria. Sem o celular cada um foca melhor no momento presente e dá atenção a quem está ali, ao seu lado.

Mas durante o trajeto lembrei que precisava avisar meu filho que irão entregar uma encomenda. Abro a bolsa procurando o aparelhinho tão utilizado por todos. Lembro-me que não tenho mais. Não tenho como me comunicar, só após chegar ao serviço e ele, chegar da escola.

O trânsito está parado devido a uma manifestação, percebo que irei atrasar. Mas sei que nesse horário minha chefe também está no caminho. Não tem como avisá-la, paciência.

Hoje é aniversário da minha sobrinha. Gostaria de cumprimentá-la agora cedo. Mas quando saí de casa ela ainda estava dormindo e de novo percebo que não tem como fazer isso no momento.

Vejo uma imagem que me fez interiorizar: Uma família em uma carroça, felizes! E na bagagem ia: vara de pescar, colchonete, caixa de isopor, garrafa térmica, bola entre outros apetrechos. Tenho um trabalho para escola, e essa cena seria excelente! Amanhã vou trazer uma máquina fotográfica para registrar. Amanhã é tarde...

É quanta coisa poderia ser resolvida se eu tivesse com o meu celular? Mas sinto isso porque não me desliguei totalmente. Por muitas vezes estamos no presente querendo resolver situações que ainda vão acontecer. É raro estarmos no agora fazendo e vivendo o que acontece estando integralmente na situação. E com a invenção do celular, mais frequente esse problema se tornou. Vivemos o presente, mas preenchido com o futuro. Esse pode ser um dos motivos de muitas pessoas andarem tão ansiosas, nervosas e doentes.

Essas seriam algumas horas sem o celular, mas que bom, eram só pensamentos. E pensando bem, isso parece amor antigo, não consigo mais viver sem ele. Vou me policiar mais, para usá-lo menos e poder matar essa saudade de continuar com a certeza de que posso controlar tudo, pelo menos em minha cachola, estando com essa caixinha em minhas mãos.

 Vou me policiar mais, para usá-lo menos e poder matar essa saudade de continuar com a certeza de que posso controlar tudo, pelo menos em minha cachola, estando com essa caixinha em minhas mãos

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Continuação do texto publicado no 16°dia "LUMINA"


Desligado (autor @dioghofernandes)

Noites, sempre retorna com felicidades e tristezas. É enigmático e prazeroso, adivinhar cada passo a ser tomado antes de sair de casa. A cada suspiro de empolgado, ao saber que toda noite de sexta-feira carrega a grande magia da esperança. Ela é lúdica em seus contrastes. Deixa-me na esperança de reencontrá-la e dizer desta vez que a amo. Muitos anos de amizades e afeto se transformavam em amor e carinho. Não é um amor de verão, que vem e é curtido pelo momento. É uma semente lançada ao vento e fecundado em silencio. É descoberta de maneira surreal. Seu cheiro é desigual as noites passadas de quando nós conhecemos.

A melhor roupa, o melhor sapato, o melhor perfume e até mesmo uma flor desenhada e escondida sobre o bolso. É uma surpresa. Jamais murcha com o tempo. Assim seu amor se torna eterno.

Sorridente, lanço-me ao breu da noite de sexta. Trocadas as mensagens, ela me esperava na porta da festa de sua prima. Ao longe ela estava brilhosa como uma estrela recém-caída. Pronta para iluminar o caminho do coração.

Recebera-me com beijos no rosto e abraços afetuosos. Ali mesmo senti timidez de entregar verdadeiramente em seu coração. Buscava o fim da noite para surpreendê-la. Então entramos e como todas as outras vezes ficamos próximos e deixamos a noite nos controlar.

Em meio aos tchau e adeus, a grande maioria foi se indo e restando somente alguns. Recolho-me ao banheiro para estabilizar e assim aborda lá. Na saída a sua procura, eu não a acho com facilidade. Pergunto as outras pessoas finais sobre ela, e em respostas, ninguém a viu. Meu coração começava a gelar descontroladamente. Calmamente, direcionei para saída e ao chegar à rua eu não encontrava. Retornei então para dentro da casa.

Meus olhos lagrimejam descontroladamente, a vergonha me corroía, meu peito doía imensamente. Quando por um momento ao abrir a porta do quarto, estava ela aos beijos com outro homem. Ela sorridente dizia:

- Você me assustou! Entra! Deixa te apresentar meu ficante.

Mesmo sendo grandes amigos, ela me escondia coisas. Uma delas era este cara.

Entrei, pequei em sua mão. Ela dizia ter conhecido ele em um aplicativo. Logo me retirei dizendo que estava enjoado de tanto beber. Acho que acreditaram. Eu segui para casa em silencio, deixando o fim da noite, dar vida ao sol. Sol que se tornava uma realidade nua e crua.

ANTOLOGIA 1Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ