Aos 16 anos Alison Grace Jones tem a sua vida inteira planejada, fala quatro idiomas, e nunca se atrasa para um compromisso. O que ela não poderia imaginar era que a passagem do furacão Irma pela costa da Geórgia pudesse não apenas fazê-la mudar de...
"Você fez planos para o resto de sua vida? Tem uma coisa da qual eu deveria desistir, estou desistindo agora, e isso é me preocupar com a vida. Eu vou ficar bem." The Rest of Our Life - Tim McGrawn, Faith Hill
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Alison Grace nunca fora adepta das contagens regressivas. A verdade é que ela jamais houvera tido algum acontecimento em sua vida para o qual houvesse ficado ansiosa ao ponto de contar cada minuto até que chegasse. Ainda assim, desde que se dera conta de que seus dias de férias na Geórgia em breve chegariam ao fim, ela passou a contá-los, anotando cada um dos momentos em sua agenda, como um diário, guardando as memórias que ela jamais poderia esquecer.
Alison não queria que suas férias acabassem. Ela não queria voltar para a sua velha vida no Tennessee, que agora parecia apenas fria e sem graça, mas era inteligente o suficiente para saber que não poderia evitar. Se pudesse, passaria o resto dos seus dias contando nuvens ao lado de John.
– Essa parece um poodle - ela disse apontando para massa branca e fofa no céu, que naquela tarde estava tão azul e límpido quanto a cor de ambos seus olhos.
Eles estavam deitados lado a lado, dedos entrelaçados, fios de cabelos loiros espalhados pelo gramado, dividindo pensamentos e um único fone de ouvido compartilhado.
O lugar favorito no mundo de John houvera se tornado o lugar favorito dos dois, e era onde passavam a maior parte do tempo livre juntos. É claro, somente depois que Alison houvesse cumprido sua agenda de compromissos, que a essa altura já não era mais tão extensa quanto costumava. Ela houvera decidido por simplesmente adiar tudo que não fosse tão essencial e urgente quanto sentir o toque de John em sua pele, e o gosto da boca dele na sua.
Ela gostava da paz que tinham ali, era muito diferente da sensação de agito e pressa que costumava sentir no Tennessee. Ela gostava de conversar, mas também gostava dos longos instantes em que o silêncio ecoava em um coro, junto ao som da música country que tocava baixo dentro de seus ouvidos.
John sempre deixava que Alison escolhesse a trilha sonora, e ela sempre escolhia Tim McGrawn, porque era importante que ele conhecesse todas as composições do seu cantor favorito.
– Eu acho que ela lembra você – ele retrucou.
Isso porque Alison era a única a estar encarando o céu. John apenas encarava o perfil de seu rosto, e fazia isso com uma intensidade tão grande que seria considerada constrangedora por qualquer outra pessoa.
Mas não constrangia Alison Grace, muito pelo contrário, ela gostava da intensidade com que ele a olhava. Aquele olhar não apenas a fazia sentir-se desejada, como ela nunca antes houvera sido, mas fazia com que se sentisse estranhamente completa. Como se toda sua vida anterior houvesse sido uma grande farsa, como se a única coisa da qual ela tivesse certeza fosse que os dois houvessem nascido para estar um com o outro.
