Dedico esse capítulo à talinymede151
"O candelabro ainda está oscilando aqui porque não consigo fingir que está tudo bem, quando não está. É a morte por milhares de cortes." - Death by a Thousand Cuts, Taylor Swift
♥Almas e Irmãos♥
John Rutherford sentiu os dedos finos e gelados deslizarem pelas cicatrizes em seu antebraço. Macios, lentos, delicados. Sentia-se exposto num nível tão íntimo, que era quase visceral. Muito pior do que estar completamente nu.
O rapaz jamais houvera mostrado aquilo pra ninguém e, agora que ela estava tocando, tudo que ele conseguia fazer era olhar para o lado oposto. O que ele sentia era desconforto, não chegava a ser remorso, pelo contrário, passava longe. Não tinha remorso, mas sabia que aquilo não era aceitável, então não conseguia encará-la.
— John, isso é...
Ele recolheu o braço antes mesmo que ela pudesse continuar. Ajeitou a camisa, voltando a cobrir aquela região. Não queria ouvir o que ela tinha a dizer. E, claro, não queria que ela soubesse daquilo.
Mas, embora houvesse deixado de acreditar em deus há algum tempo, talvez, e apenas talvez, ainda acreditasse em anjos, e, talvez, Alison Grace fosse o anjo dele.
O que ele não desconfiava é que, nesse caso, ele eventualmente seria o anjo de Alison Grace também, porque é isso que anjos da guarda fazem, tomam conta um do outro.
Amam um ao outro.
E ambos se amavam.
Muito mais profundamente do que seria possível apenas descrever. Existem vínculos que desafiam a lógica, almas que já nascem conectadas, e esse, definitivamente, era o caso deles.
— Por quê? — ela precisou perguntar.
— Sinceramente, Ali...
Ele cruzou os braços sobre o peito, sentindo a brisa invernal fazer seus cabelos loiros esvoaçarem. Mordeu o próprio lábio, se impedindo de continuar, mas ela assentiu. Queria que ele prosseguisse.
— Você tentou...?
Ela não precisou concluir a sentença, John apenas negou em um movimento silencioso. Entendera a pergunta. Não tinha tentado. Nunca houvera pensado em tirar a própria vida, porque, pra ele, aquilo seria entregar a toalha. John Rutherford não deixaria o universo lhe derrotar tão facilmente.
A verdade é que, numa guerra, quanto mais ferido o soldado, mais ele tem o desejo de sobreviver. John desejava. Não admitiria em voz alta, claro, mas ainda esperava encontrar o sentido de todas as coisas ruins que vivenciara. Não fosse assim, não teria voltado para o Tennessee atrás da única garota que amava.
O cético Rutherford ainda acreditava na vida e no amor.
— Então por quê? — Ela insistiu. — Por que se machucar ainda mais?
— Eu espero que você nunca na vida entenda o que eu vou te dizer, mas, às vezes, o corte não dói, ele alivia a dor.
E quando ele confessara aquilo, sua voz não soou triste, tampouco feliz. Soou apenas vazia e sem significado, que era como ele próprio se sentia a maior parte do tempo.
Naquele momento, John era o vácuo. A escuridão. O silêncio. A ausência.
Alison era a fartura. A luz. O barulho. Não qualquer barulho, o som da sua música country favorita tocando em alto e bom tom.
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Todas as Estrelas da Geórgia
Teen FictionAos 16 anos Alison Grace Jones tem a sua vida inteira planejada, fala quatro idiomas, e nunca se atrasa para um compromisso. O que ela não poderia imaginar era que a passagem do furacão Irma pela costa da Geórgia pudesse não apenas fazê-la mudar de...