Sangue Real [✓]

Capítulo 22

Dez dias. Era o que faltava para que fizesse meus enfim dezoito anos, que surpreendentemente cairia exatamente no dia do Baile de Inverno. Não tinha contado a ninguém sobre esse fato, afinal não era uma data muito feliz. Isso porque no mesmo dia que nasci, à mulher que me deu a vida morreu.

Não pensava com frequência em minha mãe, pois ficava triste, mas tinha dias que era inevitável e meu aniversario era um destes. Não costumava comemorar este dia com festas ou coisas do gênero, mas esse ano aparentemente seria diferente já que teríamos o Baile. Assim, ainda que indiretamente, acabaria por celebra-lo, mesmo que ninguém soubesse disso. 

— Está tudo bem? — Vaiola questionou enquanto atravessávamos o pátio da Escola.

Era domingo e esse final de semana ela não voltou ao seu reino. Pelo menos segundo seus relatos ela e o boy tinham conversado e se entendido, na verdade, fizeram um acordo e estavam dando um tempo, mas continuavam "amigos". Fiquei feliz porque pelo menos Vaiola parecia mais animada com essa situação resolvida, digamos assim.

— Está sim, — Sorri levemente — Só pensando no trabalho de Reinados I.

— Ainda bem que é o último antes das férias. — Comentou.

Assenti concordando e olhei para o céu. Hoje o dia estava bem nublado e cinzento. Isso porque ainda não tinha começado a nevar.

É, o inverno está chegando! Pensei enquanto apertava mais o nó do sobretudo que usava.

Estávamos indo almoçar no centro do reino. Vaiola me conhecia bem apesar do pouco tempo de amizade e bastou falar as palavras magicas "batatas fritas" para que eu aceitasse. Mas já estava começando a me arrepender, afinal o vento gelado só pedia para que ficasse em baixo das cobertas, tomando um chocolate quente.

Entramos no táxi e seguimos em direção ao centro. Em menos de 15min estacionávamos na hambúrgueria. Tia Leila com certeza pegaria no meu pé se soubesse que andava comendo essas besteiras, então manteria isso em segredo.

Sentamos em uma das mesas do lado de dentro, que ficava em frente à grande janela. O garçom apareceu e anotou nossos pedidos, saindo em seguida.

— Então, como estão às coisas com Frederick e Luiza, — Vaiola comentou — Não conversamos mais sobre isso.

Suspirei baixo e encarei o porta guardanapos na mesa.

— Pensei bastante na "situação", — Fiz aspas com os dedos — Aparentemente os dois conversaram e se resolveram, então não vejo porque voltar novamente nessa história.

Depois do dia em que vi Fred sair do quarto de Luiza os dois voltaram a frequentar a mesa do refeitório, mais precisamente Luiza. Ela ainda não sentava ao lado dele, como sempre fazia, mas o clima parecia estar melhor. Provavelmente eles tinham conversado e se entendido. Isso era bom.