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Tive que sorrir. Não dava para evitar.

— Oi. - disse me aproximando — Você veio. E está ótimo.

Ele assentiu e parecia inquieto mexendo em seu cabelo, arqueei as sobrancelhas mas logo percebi que estava uma bagunça, provavelmente ele tinha tentado arrumar, sem sucesso.

— Vem aqui. - puxei ele e fiz ele se sentar no banco do carro, ele me olhou confuso mas fez o que eu pedi. Abri minha bolsa e peguei uma escovinha e a usei para ajeitar seu cabelo. — É sério, seu cabelo bagunçado é o seu charme. - dei mais uma ajeitada e sorri satisfeita — Perfeito.

Ela balançou a cabeça com um suspiro.

— Vamos logo.

Depois ficou em pé e me ofereceu o braço. Segurei a mão dele e o puxei para o ginásio.

— Ei, espera. - ele parou, será que ele ia desistir? — Preciso de informação, quer dizer, a gente namora mas eu não sei nada sobre você?

— Ah, bom...

— Seu nome seria um bom começo.

— Ah, sim. Sina. Sina Deinert. Vou fazer 18 anos em breve. Nasci na Alemanha mas moro aqui desde pequena. Faço parte do conselho estudantil, mas não gosto muito. Na verdade, gosto de dançar. Muito. - sorri e logo me senti estranha, nem o verdadeiro Nathan sabia isso sobre mim. — Ah, geralmente eu não saio pedindo para estranhos fingirem ser meu namorado.

— Registrado.

— Nas próximas duas horas você será o Nathan. Você já está na faculdade, por isso meus pais não aprovam. No fim da noite você pode terminar comigo, na frente das minhas amigas. Mas sem espetáculo, seja rápido e discreto, tipo, não sei, use o "não é você, sou eu", um clássico. Depois você pode ir embora pra sempre, que nem o Nathan de verdade. - um nó se formou na minha garganta quando lembrei do Nathan. Tentei tirar isso da mente e sorri.

— Ok. Consigo fazer isso.

— E sua irmã? Ela vai atrapalhar as coisas lá dentro?

— Acho que não. Ela está muito ocupada com o garoto. Mas se ela se aproximar, eu dou um jeito.

— Ta, ela vai ficar de boa?

— Sim. De boa. - ele parecia preocupado mas ignorei isso e assenti.

— Vamos então?

— Claro - ele riu como se eu tivesse esquecido alguma coisa mas pegou minha mão novamente e me puxou para o ginásio.

Assim que entramos eu avistei minhas amigas. Fechei os olhos e canalizei toda minha capacidade de atuação. Não era muita, mas agora tinha que ser o suficiente. Olhei para o lado e vi que meu acompanhante não estava nervoso. Claro. Ele não tinha nada a perder.

— Minha irmã está dançando. Por enquanto está tudo bem. - segui seu olhar e vi uma menina de vestido azul. Ela estava dançando. Muito bem, por sinal. Além disso ela era fofa, seus cabelos eram loiros e ela parecia ser muito legal e isso me deixou mais tranquila.

— Tudo bem. Agora só precisamos fingir que estamos loucamente apaixonados.

— Vocês estavam?

Abri a boca para dizer "é claro..." mas na verdade, eu não sabia. Nossa relação era muito estranha e superficial. A gente era feliz..quer dizer, até hoje. Mas era complicado.

— Você tem uma referência para esse sentimento? - ignorei a pergunta dele.

Ele se concentrou um instante e logo depois me lançou um olhar fulminante.

— Pareço apaixonado?

Uau.

— Muito ruim?

— Não. Seu olhar é ótimo. - o que significava que ele sabia como era estar apaixonado. — Seus olhos que não. - ele me olhou confuso — Nathan tinha olhos castanhos. Você tem olhos claros. Isso é frustrante.

— Primeira vez que alguém me diz isso. Obrigado.

— Desculpa. Isso não é importante...é que Jules...

— Ela é realmente horrível né? - ele riu - Porque são amigas?

— Não sei, sinceramente.

— Ok, não acho que ela vá lembrar, você por acaso já falou sobre como os olhos deles são lindos e de chocolate derretido?

Eu ri porque ele botou as mãos no rosto fazendo uma expressão dramática.

— Tente não fazer contato visual com ninguém.

— Isso não vai ser nada assustador né?

— Vai dar certo.

— Tudo bem, eu só tenho olhos para você mesmo.

Eu ri, ele era muito bom.

— Porque suas amigas não acreditam em mim mesmo?

— Porque você está na faculdade e eu que normalmente ia te visitar. Quando você vinha pra cá, o que era raramente, a gente passava o tempo todo sozinhos e você não queria encontrar minhas amigas.

— Sou chato e antipático. Entendi.

— Não disse isso.

— Quando você ia me visitar a gente saia com meus amigos?

— Não. A gente não queria pessoas por perto porque a gente se via raramente e tínhamos que aproveitar todo tempo.

— Você era meu segredo. Entendi.

— Não. Eu sempre concordei. Além disso, você dirigiu três horas para conhecer minhas amigas. - era estranho conversar como se ele realmente fosse o Nathan — Ele planejava conhecer elas.

— Mas terminou com você no estacionamento antes disso.

Mordi a boca por dentro e fiquei quieta, ele estava certo mas eu não queria falar sobre isso. E não tinha muito tempo para explicar. Heyoon já tinha nos visto.

— SINA!!! - todos olharam quando ela gritou.

A cara de Jules foi impagável e logo seu sorriso se desmanchou.

— Pessoal, esse é o Nathan.

Ele deu um aceno rápido, e murmurou "prazer em conhecer vocês", não sei se era sua intenção, mas sua voz soou baixa e rouca e logo Any arregalou os olhos e me lançou um olhar que dizia "mandou bem, garota".

Jules o mediu de cima a baixo.

— Estou surpresa que você veio em um baile do ensino médio.

Ele olhou nos meus olhos e passou o braço pela minha cintura.

— Era importante pra Sina. - ele me puxou para mais perto. Me assustei mas então lembrei que essa não seria minha reação se fosse o verdadeiro Nathan. Então sorri e Jules fez uma careta debochada.

— "A importância da Sina", é o tema do relacionamento de vocês? - o seu acompanhante riu mas parou quando Lamar, acompanhante da Heyoon deu um tapa em suas costas.

— Não, mas talvez devesse ser. - meu namorado respondeu e todos riram. Menos eu.

— Vamos dançar? - ele me perguntou e eu assenti e enquanto nós caminhávamos para a pista de dança percebi que não sabia seu nome e provavelmente esse era o motivo de suas risadinhas enquanto a gente caminhava para o ginásio. Então quando o cara que eu não sabia o nome me abraçou, me apoiei em seu peito e sussurrei:

— Sou péssima. Me desculpa.

(fake) love  • noartWhere stories live. Discover now