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Andamos uns 20 minutos de carro até que chegamos em um bairro afastado. Joalin desceu do carro animada segurando o balde de bolas de beisebol e Noah riu.

— Vem, eu te ajudo. - ele estendeu as mãos e eu segurei um pouco nervosa.

Ele subiu uma alameda de terra que era a entrada de uma propriedade, um terreno cheio de árvores entulhos e tinha alguns carros velhos também.

— Vocês vão me matar? - perguntei rindo.

— Se eu fosse não diria sim. - ele respondeu e eu dei uma tapa em seu braço. — Cada dia que a gente sai você bate no meu braço, acho que um dia vou ficar sem ele.

Vários cachorros começaram a latir assim que chegamos, latindo e correndo atrás de nós.

— Ah, os cachorros que vão nos matar. Entendi.

— Cala a boca, aqui é a casa do Will. - ele apontou para uma casa que eu não tinha reparado antes. — Por vinte dólares ele deixa a gente jogar as bolas de beisebol no terreno dele.

— Vinte dólares? Porque você não joga no quintal da sua casa?

— Ele deixa a gente jogar nas coisas dele. O efeito é melhor.

Olhei pra frente e vi Joalin conversando com um senhorzinho, provavelmente Will. Ela veio até nós com um sorriso enorme.

— Ele está de bom humor.

Olhei para o senhorzinho novamente e ele tinha uma careta que sugeria que ele não queria a gente ali. Joalin riu assim que percebeu que eu estava confusa.

— Esse é o bom humor dele, Sina.

— Na verdade é porque estamos pagando. - Noah acrescentou. — Ok Sina, isso foi horrível. - ele disse assim que viu minha tentativa horrível de arremesso.

— Imagina o rosto do seu irmão no vidro. - Joalin sugeriu.

— Imagina que ele está com a filmadora na mão. - Noah disse.

— Você guarda todas essas bolas de beisebol só pra isso? - perguntei enquanto jogava mais uma bola no carro velho.

— Temos as bolas porque Noah tentou jogar beisebol no colégio com todos amigos dele. Mas ele é péssimo. Sério, muito ruim.

— Obrigado, Jojo. - ele sorriu ironicamente. — Eu não estava interessado de verdade. - ele olhou pra mim tentando se explicar e eu ri.

— É porque todos amigos deles são atletas e ele quis virar um. Mas em vez disso ele virou...

— Não. - Noah apontou o dedo para Joalin.

— Solitário. E excluído. Por isso tentou entrar no time.

Solitário. Será que era por isso que ele me achou solitária no dia do baile?

Como se adivinhasse o que eu estava pensando ele colocou a mão no meu braço e disse:

— Não sou solitário. Agora joga a bola.

Eu me preparei para um arremesso e ele suspirou.

— Vem. Você definitivamente precisa de ajuda.

Ele me puxou para mais perto e se colocou atrás de mim.

Joalin deu uma risada divertida.

— Belo truque, Noah.

Eu não conseguia ver a cara de Noah mas sabia que ele estava tão vermelho quanto eu.

— Não. Ela realmente precisa de ajuda.

— Ei. - dei uma cotovelada em seu estômago.

— Sério. Se fosse um truque, faria alguma coisa assim. - ele pôs a mão na minha cintura, me puxou contra o seu peito e aproximou a cabeça da minha orelha. — Ei, você precisa de ajuda? - falou em voz baixa e rouca.

Congelei. Minha nuca e orelha se arrepiaram. Filho da mãe. Joalin deve ter visto a expressão no meu rosto pois começou a rir muito.

— Não funcionou? - Noah perguntou.

— Não foi tão bom assim. - menti.

— Ok. Agora vamos a verdadeira lição. - ele colocou suas mãos em minha cintura novamente. — Você precisa inclinar um pouco o corpo. Depois apoie um pé na frente e arremesse... - Noah explicava detalhe por detalhe e eu senti vontade de fingir que não tinha entendido só para ele explicar de novo.

— Não acho uma boa ideia ouvir conselhos de alguém que não conseguiu entrar no time de beisebol.

— Cala a boca. - ele riu.

Eu sorri e arremessei.

— Você precisa gritar alguma coisa enquanto arremessa. - Joalin pegou uma bola e gritou: — OLHEM O QUE ESTÃO PERDENDO! - e então arremessou.

Noah levantou as sobrancelhas.

— O que foi isso?

— Para garotos sem noção. - eu disse e Joalin me olhou sorrindo. Noah nos olhou confuso.

— Ok. - ele me deu outra bola.

— GRITE!

— É TÃO DIFÍCIL PEDIR DESCULPAS? - arremessei.

— Noah. Você tem algum demônio para exorcizar? - Joalin perguntou e entregou uma bola em sua mão.

Ele olhou para o para-brisa por um momento e arremessou uma. Depois outra. E outra. Diferente de mim e Joalin ele não gritava nada mas a velocidade e a força em que ele jogava as bolas no carro me fazia pensar que ele tinha alguns demônios sim. O vidro estalou alto e várias linhas se formaram em torno do ponto de impacto, desenhando uma teia.

Foi minha vez de levantar as sobrancelhas.

— O que foi isso?

— É divertido quebrar as coisas. - ele respondeu mas nem eu e nem Joalin tínhamos acreditado.

Todos nós continuamos arremessando as bolas até que Noah gritou.

— Parem!

— O que foi?

— Vai estilhaçar. - Joalin respondeu por ele.

Noah sorriu e me entregou uma bola.

— É toda sua!

— Se eu errar vou me sentir muito envergonhada. - eu disse.

— Você não vai errar.

Inclinei um pouco, dei um passo para frente e arremessei. O vidro quebrou na hora e fez um barulho alto. Era maravilhoso. Libertador.

— Isso foi incrível. - Noah sorriu e me abraçou me levantando do chão e rodando.

— Eu vou brincar com os cachorros, já volto. - Joalin disse pegando algumas bolas do chão e sumindo da nossa vista.

— Vocês fazem isso sempre? - perguntei.

— Só em casos extremos, você era um.

— Ele trouxe aquele carro faz pouco tempo? - apontei para um automóvel enferrujado, mas em boas condições parado embaixo de uma árvore.

— Não. Não tocamos naquele. Eu estou tentando convencer Will a vender aquele carro para mim desde que começamos a vir aqui. Mas ele é chato demais.

— Mas ele não gosta do dinheiro? - me lembrei do que ele tinha dito mais cedo.

— Estava zuando. Ele gosta de visitas, na verdade. Vem, você precisa ver esse carro.

(fake) love  • noartOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz