4.

14 1 0
                                    

Na manhã seguinte o som das gotas da chuva a cantar no telhado acordou Sofia de modo suave. Olhou para o telemóvel e viu as horas. Eram 9:12. Se calhar ainda apanho o Rui em casa, pensou. Sentou-se na cama e ligou ao namorado.

–Bom dia, amor! – Cumprimentou Sofia.

–Bom dia. Só acordaste agora? – Deduziu Rui ao notar o tom de voz da rapariga.

–Não, já estou acordada a algum tempo. Dá para estarmos juntos logo à tarde ou tens treino?

–Claro que dá! Hoje só tenho treino da parte da manhã. Queres que eu passe por aí ou vens cá ter? – Perguntou Rui.

–Eu posso ir aí ter, não há problema. Só espero que não esteja a chover como agora! – Exclamou Sofia olhando pela janela.

–Também não me apetecia ir treinar com esta chuva mas, olha, tem que ser. Vemo-nos à tarde então?

–Sim, claro. Até logo amor. Amo-te! – Despediu-se.

–E eu amo-te mais ainda! – Sofia desligou a chamada e levantou-se da cama logo a seguir. Depois de se lavar e vestir foi então tomar o pequeno-almoço.

–Logo à tarde vou estar com o Rui. – Anunciou Sofia não escondendo o contentamento.

–E já decidiste alguma coisa? – Questionou Bianca continuando o assunto do dia anterior.

–Já. Acho que não faz sentido adiar uma decisão que vai acabar por acontecer mais cedo ou mais tarde. Se é algo que nós os dois queremos, para quê esperar mais tempo? – Concluiu Sofia.

–Que bom! O Rui vai ficar tão feliz quando lhe disseres!

–Pois vai. Só tenho pena de te deixar aqui sozinha novamente! – Lamentou Sofia. – Ajudaste-me tanto durante este tempo todo, que agora sinto que te estou a relegar para segundo plano.

–Não digas disparates, Sofia! É normal que queiras fazer a tua vida, não tens que te sentir culpada por isso. As pessoas não têm que estar juntas todos os dias. E, além disso, tu também não te vais mudar para lá do sol-posto. – Serenou Bianca. – E quando é que estás a pensar fazer a mudança?

–Não sei ainda, tenho que falar com o Rui, assim ele ajuda-me. Mas quero fazê-la ainda esta semana que a Isabel até me deu folga e tudo.

*******

Ao fim de quase duas horas de caminho à chuva Sofia chegava finalmente a casa de Rui.

–Podias ter telefonado para eu te ir buscar. Assim escusavas de ter apanhado chuva. - Proferiu Rui ao reparar no estado em que Sofia tinha aparecido em casa. A roupa que vestia trazia as gotas da chuva claramente marcadas no tecido.

–E eu sabia lá que ainda ia chover mais hoje. Eu nem trouxe chapéu a pensar que o tempo ia melhorar!

–Vê-se! – Constatou. – É melhor secares-te senão ainda apanhas uma gripe.

–Sim é melhor. – Sofia foi até à casa de banho, pegou numa toalha e começou por secar o cabelo.

–Se calhar é melhor trocares de roupa também, não? – Sugeriu Rui olhando a rapariga de alto a baixo.

–Isso é alguma desculpa para me veres nua? – Perguntou Sofia percebendo as intenções de Rui.

–E se for? Não posso? – Respondeu Rui com olhar desafiante aproximando-se da rapariga.

–Não vais ver nada que já não tenhas visto antes. – Ripostou Sofia no mesmo tom colocando a toalha com que se havia secado a um canto.

–E se eu quiser ver outra vez? – Insistiu Rui agarrando Sofia pela cintura. Esta, por sua vez, virou-se de frente para o namorado, encostou-se ao lavatório e beijou-o, agarrando a sua face com as duas mãos.

–Arranjas-me uma camisola por favor?

–Claro. – Beijou-a mais uma vez e foi ao roupeiro buscar a camisola cinzenta com capuz que Sofia usava sempre que ia lá a casa.

Enquanto isso, ia tirando a roupa e colocando-a em cima do cesto da roupa para lavar. Quando voltou, Rui encontrou-a já só de cuecas e sutiã e deteve-se a olhar para sua silhueta,
em cuja pele figuravam várias tatuagens coloridas. As mais recentes eram um anjo com vestes celestiais
poisado numa nuvem com uma aura de luz à volta, que ocupava o espaço todo da omoplata direita, e o rosto de António Variações, um dos artistas que Sofia mais admirava, na parte da frente da coxa direita.

–Toma. – Afirmou Rui estendendo-lhe a camisola.

–Pronto, agora estou muito melhor! – Exclamou Sofia ao sentir o conforto daquela peça de algodão. – Amor, tenho uma coisa para te contar. – Anunciou trazendo o namorado de volta para a sala.

–A sério? O que é? – Perguntou Rui curioso.

–Eu estive a pensar no nosso assunto de ontem e… - Iniciou Sofia rodeando o pescoço de Rui com os dois braços.

–E… e o quê? – Insistiu Rui, não conseguindo conter a ansiedade.

–E… - Sofia prolongou o suspense por mais alguns instantes só para poder saborear a cara de desespero de Rui. – …e aceito vir viver contigo! – Revelou por fim.

–Hã, estás a falar a sério? – Questionou Rui ainda sem acreditar no que acabara de ouvir.

–Estou! Eu quero muito viver contigo e não quero esperar mais! – Afirmou Sofia a saltar de felicidade. Rui pegou nela e rodopiou até irem os dois parar ao sofá.

–Estou tão feliz por teres aceite vir viver comigo! Isto significa tanto para mim! – Exclamou Rui enquanto fazia festinhas leves no cabelo de Sofia.

–Amo-te! – Exclamou Sofia deitada ao lado de Rui e a contemplar a felicidade transbordante do namorado.

–E eu amo-te mais! – Respondeu Rui acariciando-lhe a bochecha.

–Doido! – Sorriu Sofia.

–Mas tu gostas! – Seguiu-se um roçar de narizes, intercalado com alguns beijos pelo meio, até que Rui veio para cima de Sofia e passou a beijar-lhe o pescoço, sendo constantemente acariciado na nuca pelos dedos dela.

O entusiasmo ia aumentando e ia-se traduzindo em beijos mais intensos e em carícias cada vez mais ardentes. Sofia bem tentava conter-se mas a mão quente de Rui a palmear a sua pele fria ia tornando essa tarefa cada vez mais difícil. E quando sentiu dois dedos a agarrarem-lhe a borda das cuecas afastou-o e levantou-se do sofá.

–O que é que foi agora? – Perguntou Rui sem perceber o motivo daquela interrupção.

Tudo Tem Um Fim IIWo Geschichten leben. Entdecke jetzt