24. {ANTEPENÚLTIMO}

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E eis que chegamos à audiência final para o processo de divórcio dos pais de Sofia. Nesta audiência serão ouvidas as declarações das testemunhas que não foram ouvidas na audiência anterior, Bianca e Rui, e posteriormente o juíz dará o seu veredicto com base nas provas e testemunhos apresentados.

Como habitual, Henrique e José Maria surgem sem prestar declarações à imprensa e com a mesma confiança num desfecho positivo para o lado deles de há um mês atrás.

O juíz dá início à sessão e chama Rui a responder.

–Convivia de perto com a família de Sofia? - Perguntou o juíz.

–Não mas estava a par do que ia acontecendo porque a Sofia desabafava comigo sobre os problemas que iam surgindo. - Respondeu Rui.

–Muito bem. E confirma que estava presente na ocasião em que Madalena fez a visita surpresa a Sofia, na qual ela se apercebeu da nódoa negra que a mãe trazia no braço?

–Sim, confirmo.

–E como é que a mãe da sua namorada lhe parecia nessa ocasião? Notou algo de estranho nessa visita? - Perguntou o juiz de uma forma mais contundente.

–Pareceu-me um pouco nervosa. Aliás, a visita até durou muito pouco tempo porque a D. Madalena saiu logo depois da Sofia lhe ter perguntado pela nódoa no braço. Parecia que tinha medo ou que estava a esconder algo. - Relatou Rui.

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De seguida é a vez de Bianca a responder perante o tribunal.

–Sim, fui eu e a Sofia que ajudámos a D. Madalena a fugir nessa noite. Ela estava em lágrimas e recorreu a nós porque sabia que a podíamos ajudar. - Respondeu.

–E depois dessa ocasião quando é que voltaram a ter contacto com Madalena? - Inquiriu o juiz.

–Íamos falando por telefone mas pontualmente porque, dados os meios ao dispor do Sr. Henrique, temíamos que ele a pudesse localizar pelo sinal do telemóvel. Aliás, ele chegou a pressionar-nos a mim e à Sofia para lhe dizermos onde Madalena estava mas nós nunca cedemos. - Atirou Bianca olhando para Henrique sem mostrar ponta de medo.

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–Ouvidas todas as testemunhas, bem como as alegações finais do réu e da vítima, resta-me deliberar e tomar uma decisão. A sessão retoma daqui a uma hora com a declaração do veredicto. Está encerrada a audiência. - O juiz encerrou momentaneamente a sessão com o pequeno martelo de madeira e levantou-se do lugar, abandonando a sala de audiência.

Uma hora depois o mesmo juiz regressava à sala onde já todos se encontravam sentados, ansiosos por ouvir a decisão do juiz:

–Com base nas provas e testemunhas apresentadas declaro o réu, o senhor Henrique Vieira da Maia, culpado e obrigado a aceitar o pedido de divórcio da vítima, a senhora Madalena Vieira da Maia, com separação de bens adquiridos durante o matrimónio. O réu fica ainda com pena suspensa e condenado a pagar à vítima uma indemnização no valor de 50 000 € por danos físicos e morais e com uma ordem de restrição vitalícia. Pena suspensa essa que se transformará automaticamente em pena de prisão efetiva caso a ordem de restrição seja desrespeitada.

A leitura da sentença ia desencadeando reações antagónicas dos dois lados conforme esta ia sendo lida pelo magistrado. Se por um lado, Henrique e José Maria respiravam de alívio por aquele ter sido condenado apenas a uma pena suspensa e a uma indemnização (apesar de, para todos os efeitos, ser obrigado a conceder o divórcio à sua ainda mulher), por outro, Sofia e Bianca achavam que uma pena suspensa era pouco para aquilo que Madalena sofreu, apesar da clara vitória que tiveram em tribunal.

–Impressionante! Anos de sofrimento reduzidos a uma pena suspensa! - Exclamou Sofia indignada.

–Não fique assim, minha querida. - Acalmou Madalena. - Pelo menos conseguimos o principal que é o divórcio.

–E isso se o senhor Henrique não meter recurso. Ele é bem pessoa para isso! - Acautelou Bianca.

–Quanto a isso, caso venha a acontecer, em princípio não terá muitas hipóteses de ser bem sucedido. O casamento deu-se com regime de separação de bens adquiridos e é nesses termos que o divórcio processar-se-á, como aliás foi decretado pelo juíz. A única hipótese que o senhor Henrique teria seria caso a Madalena abdicasse de algo em favor dele. - Explicou o advogado.

–Não, eu não quero abdicar de nada! Eu quero o que é meu por direito! - Afirmou Madalena firme.

–Exato. Assim, o juiz abrirá agora outro processo para definir os termos das partilhas do processo de divórcio. - Continuou o advogado.

–E quanto tempo mais ou menos é que levará esse processo até concluir? - Perguntou Sofia.

–Não lhe sei dizer ao certo. Dependerá, em grande parte, do quão o seu pai facilitar o processo. - Respondeu o advogado.

–Não vejo a hora de me livrar disto tudo! - Desabafou Sofia.

–Vai tudo correr bem, vais ver! - Apoiou Bianca acariciando o braço de Sofia abraçando-a ao mesmo tempo.

Tudo Tem Um Fim IIWhere stories live. Discover now