Tudo Tem Um Fim II

15.

No dia seguinte Sofia recebe uma carta do tribunal. A mesma tinha sido enviada para a sua morada antiga e Bianca teve a amabilidade de lha trazer pessoalmente, que aproveitou também a ocasião para rever a amiga.

–Toma! Aqui tens a carta. Mas não pareces estar lá muito bem, pois não? - Perguntou Bianca olhando Sofia, que lhe tinha vindo abrir a porta em pijama e estava com um ar cansado, apesar de já estar acordada há algumas horas.

–E não estou mesmo. Acordei com umas náuseas horríveis e quando me levantei só tive tempo de ir a correr à casa de banho vomitar. - Relatou Sofia sentando-se no sofá ao mesmo tempo que massajava a barriga.

–Queres que eu te faça um chá? - Prontificou-se Bianca, que se sentou ao lado dela e lhe pegou na mão.

–Já estive a beber um. Nem consegui comer nada. O Rui até quis faltar ao treino e tudo para ficar comigo mas eu não quis. Mas à hora de almoço ele já aí está outra vez.

Entretanto Sofia abriu a carta. Tal como estava à espera, era uma notificação do tribunal para a 1ª audiência do processo de divórcio dos pais.

–E então? - Perguntou Bianca expectante.

–A minha mãe já entrou com o pedido de divórcio litigioso no tribunal. A primeira audiência está marcada para daqui a um mês.

–E estás preparada para o que aí vem?

–Não tenho pensado noutra coisa. Vai ser um processo longo e não estou a ver o meu pai e o Zé Maria a facilitarem as coisas. De certeza que eles vão usar a fuga da minha mãe a favor deles.

–E aí a tua mãe diz que foi por motivos de violência doméstica. Aliás, eu e o Rui somos testemunhas e tudo, se bem te lembras.

–Há testemunhas mas sem um relatório médico a comprovar que se trata realmente de violência doméstica é complicado. Como tu sabes, ela nem queixa quis apresentar. - Relembrou Sofia.

–Não apresentou naquela altura. Pode ser que tenha apresentado depois quando foi para Bragança. Se ela te disse que estava a juntar papelada para dar entrada com o processo, esses documentos são essenciais. - Argumentou Bianca.

–Pois, também é verdade. Provavelmente os meus primos devem-na ter convencido a avançar com o pedido e ela acabou por aceitar porque também já não tinha o meu pai por perto a ameaçá-la. - Admitiu Sofia.

–E já para não falar da imprensa. Eles agora vão andar em cima de ti, prepara-te! Acima de tudo não te podes deixar levar pelos nervos. Pensa no teu filho! - Aconselhou Bianca acariciando a barriga da amiga.

–E o Rui? Como é que ele está a viver a chegada desse bebé? - Perguntou mudando de assunto.

–Está nas nuvens. Ele até já diz nós os três em vez de nós os dois! - Respondeu Sofia com um sorriso de felicidade impossível de conter.

–A sério? Que querido! - Exclamou Bianca derretida.

–Ficas para almoçar? - Convidou Sofia.

–Adorava mas eu não quero deixar o Márcio sozinho. - Recusou Bianca. - Ele agora passa o dia todo em casa a ver séries, só sai para ir às consultas e é porque eu o chateio. Não estou a gostar nada disto. Não estou não. - Revelou preocupada.

–Nem tu nem eu. Temos que combinar uma saída os três, como nos velhos tempos, lembras-te? - Sugeriu Sofia recordando os tempos do Secundário em que os três iam passear ao Colombo e tiravam fotos para pôr no então popular Hi5. - A ver se trazemos o velho Márcio de volta!

–Olha que boa ideia! - Concordou Bianca. - Há que tempos que não fazemos um programa desses. Tenho que convencer o Márcio a alinhar numa saída das nossas e depois digo-te alguma coisa.

–Claro, fico à espera. - Respondeu Sofia e em seguida despediram-se com um abraço.

–E tu, nada de esforços desnecessários, ouviste? - Rematou Bianca antes de sair. - Vá, tchau! - Beijou a amiga na testa e saiu.