A ordem

Dezesseis - Segredos não tão segredos

Lauren podia ouvir seus batimentos cardíacos desesperados em seus ouvidos. As coisas tinham acontecido tão rápido nas últimas horas. Ela mal podia pensar sem sentir seu coração tamborilando em seus ouvidos. Tropeçava um pouco sobre o vestido longo e se maldizia por ter exagerado no ponche. Ela aproveitou para repassar os eventos daquela noite em sua mente enquanto se apressava pelo jardim em direção ao lago, onde o Navio de Durmstrang estava atracado.

Primeiro o baile. Camila estava deslumbrante em um vestido, e Lauren odiou os olhares em torno dela. Era estúpido, Lauren sabia, mas isso a levou beber copos e copos de um ponche que obviamente estava enfeitiçado com alguma coisa alcoólica. Quanto mais ela bebia, mais fácil era olhar para Camila e não sentir como se estivesse queimando por dentro. Sua áurea estava consumindo ela.

Conversar com ela era fácil e Lauren normalmente não gostava de prolongar conversas. Dançar com ela foi ainda mais fácil, e Lauren nunca tinha dançado. Encarar os olhos de Camila nas sombras da escada e deixá-la fazer o que quisesse com seu corpo? Isso foi o mais fácil. Camila deixava o que era difícil, fácil.

Lauren cruzou a rampa e a porta em direção a proa do navio. Então ela viu Irina parada na porta. A sua irmã levantou uma sobrancelha bruscamente, antes de suspirar e pegar Lauren pelo ombro levando ela para dentro.

— O que aconteceu? – Perguntou Lauren apressadamente, completamente alheia à maneira como suas palavras saíram arrastada. Ela tinha a sensação de que algo estava errado.

— Temos visita na sala dos oficiais. – Disse sua irmã em um tom sombrio.

Lauren deu um passo para o corredor estreito, escuro como breu, exceto pelo pontinho de luz à distância. Ficou mais brilhante quando ela se aproximou, até que finalmente entrou na sala dos oficiais onde quatro homens estavam perto do fogo.

— É bom te ver, Lauren Jauregui. – Veio de uma familiar voz suave. O coração de Lauren pulou e ela piscou em descrença. As quatro figuras eram, na verdade, apenas duas, Irina e...

— Potter? – Respirou Lauren, caindo em seu abraço.

Ele riu baixinho, envolvendo-a nos braços magros e abraçando-a com força.

O menino que sobreviveu olhava Lauren com os olhos verdes da sua mãe brilhando por trás dos óculos redondos. Algumas rugas e o cabelo desgrenhado com vários fios cinza, mostravam que o garoto não era tão garoto assim, Harry na verdade estava mais para um senhor que para um jovem. Ah, e claro, a cicatriz em forma de raio que o fazia tão famoso.

— Você cresceu dois pés desde a última vez que te vi.

Lauren sorriu um pouco rouca, sentindo-se ainda mais bêbeda agora.

— Aqui. – Ele empurrou algo em suas mãos e ela levantou-a até o nariz para cheirar. Uma poção de algum tipo. Cheirava a gengibre e coco.

— Eca. – Lauren engasgou quando o líquido viscoso atingiu a parte de trás da sua garganta. O gosto era amargo como café. Assim que ela engoliu, um calafrio formigou em seu peito, raspando através da sua mente como mãos arranhando algo. A embriagues passou tão facilmente como se tivesse simplesmente apagado as últimas duas horas de bebedeira.