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Abri a porta de supetão, encarando os corredores com paredes amareladas a minha frente e logo o avistei. Seus cabelos pulando pela velocidade que ele se dirigia para a saída, estava usando uma calça jeans escura com uma camisa floreada, típico estilo de Harry Styles. Com passos apressados segui-o até conseguir agarrar seu braço.

- Harry. – chamei, puxando-o de leve, para fazê-lo virar-se. Sua feição estava contorcida pela raiva, eu podia sentir seu ódio emanando para mim. – Deixa eu te...

- Não. – grunhiu, livrando-se de minha mão com tanta força que cambaleei para frente. – Volte para lá com seu novo namorado, Cassandra. Felicidades ao casal.

Sua risada irônica e grave me arrepiou, não da maneira positiva. Meu coração batia rápido e senti uma pontada de dor crescendo dentro do meu peito. Seus olhos me encaravam como se eu fosse a coisa mais repugnante que ele já encontrara.

- Harry, por favor... – sussurrei, tentando buscar o contato de sua mão, mas ele cruzou os braços, deixando claro que não queria nenhum tipo de contato. Não comigo. A coragem de encará-lo e explicar todo o mau entendido havia sumido. Apenas seu olhar me fez ver que seria inútil no momento.

- O que? Quer explicar pra mim como eu fui idiota em pensar que você realmente estava apaixonada por mim? – rugiu, apertando os braços e soltando um riso baixo. – Não, não precisa, já deixou bem claro, huh?

Antes que eu pudesse falar, ele virou-se caminhando em direção a porta que dava para fora do auditório. Eu não consegui segui-lo, não conseguia me mover. O ódio misturado com dor que transbordava dentro de seu olhar me parou.

Eu fiquei com medo. Tanto medo que meu corpo inteiro congelou, paralisou diante da cena que meus olhos presenciavam.

Não de Harry, não de sua agressividade com toda a situação. Não. Pela primeira vez eu senti que realmente estava o perdendo. Sim, nesses últimos dias eu percebi como estávamos mais afastados do que antes, percebi que nossas conversas não duravam como antes, mas é apenas uma fase. É uma fase complicada, comigo estando ocupada quase todo tempo e ele tendo que equilibrar a preparação para tour, as entrevistas e aparições, assim como seus tempos no estúdio, sei que já estava trabalhando nas novas músicas.

Mas foi a primeira vez. A primeira vez que eu senti como se tivéssemos dado o primeiro passo para longe um do outro.

Meus olhos encaravam seu torso de costas, sua camiseta floreada um pouco amassada no final e sua calça manchada na panturrilha, provavelmente terra. E tudo parecia destacar seus passos para longe de mim. Tudo me fazia focar na visão que ele me dava: suas costas. E meu coração sabia, ah, ele sabia, que ele estava indo embora.

Mas não embora do auditório. Ou da universidade. Ele estava caminhando para fora da minha vida. Sem despedidas, sem adeus, sem até logo. Apenas indo. E eu estava apenas observando. Vendo o homem que eu estava apaixonada me deixando por mau entendidos e não tendo a decência de explicar. Não tendo a decência de mostrar como tudo não passou de um desencontro e hora errada. Não explicando a minha visão. Apenas deixando seu coração sentir-se traído e perdido.

Mas eu também estou perdida. Eu também sinto a dor. Estava com medo de chamá-lo e perceber que já não o tinha mais. Meu coração me dizia para não deixá-lo ir, mas ele sabia que ele não ficaria.

Ele sabia porque eu sentia ele sangrar, não apenas bombear o sangue para me fazer continuar em pé, observando. Ele sangrava me fazendo ter dificuldade de respirar, sangrava de uma maneira que me impedia de gritar seu nome.

O soluço não me espantou. Nem as lágrimas que senti finalmente descerem pelo meu rosto. Minha garganta doía por ter segurado minhas emoções, rasgava a cada soluço que eu soltava.

Who would believe it? [H.S]Where stories live. Discover now