Tormentos E Ciumes

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Mais tarde alguém da equipa de Outlander veio-nos buscar, assim que chegamos ao set fui albarroada por Ron que não mediu atenções, Sam foi para a sala de maquiagem e vestuário, conheci todos o seus colegas, Sophie a bailarina quis o meu autógrafo e tiramos umas selfies, uma delas postou-a no seu tweeter com a legenda a minha nova amiga a primma Ballerina da Royal Ballet school, Helena. Pensei que depois do tweet de Sam, a portuguesa seria prontamente descoberta, então olhei para a porta do set e vi uma mulher linda com uns olhos tão azuis como os de Sam, não, mais claros, uma pele alva e um sorriso deslumbrante, olhou para mim e perguntou:
- Olá, és tu o tormento de Sam? – fiquei aturdida com a pergunta tormento? – um bom tormento, muito prazer sou Caitriona.
-oh, olá sou a Helena o tormento então. Já ouvi falar muito de ti.
- E eu de ti, não imaginas mas o nosso Sam, de há duas semanas para cá não fala de mais nada. Até tive de ir pesquisar, o Google diz-nos quase tudo.
-É, ao que parece o Google é a ferramenta preferida de quem quer saber alguma coisa de alguém, mas muitas das vezes também não é a verdade.
-Eu que o diga. Não é fácil estar sob as luzes do espetáculo.
-Tens razão não é mesmo mas, é a vida que escolhemos.
-Sim, vem com tudo agarrado não é? O bom e o mau.  Vais assistir à cena?
-Ao que parece não me posso negar.
-Sim, estão doidos contigo, eu também, admiro-te muito. Vocês bailarinas dão–nos os espetáculos mais bonitos do mundo e com tanto sacrifício, da minha parte, obrigada. – sorriu-me - sorri de volta e senti que fiz mais uma amizade. Lá fui para o set junto a Ron sentei-me numa cadeira ao seu lado e assisti a uma cena em que Jaimie dançava numa festa com a família e os rendeiros, uma dança antiga, a dança das espadas, de Kilt como um verdadeiro escocês e olhava para Claire com paixão e meu deus é mesmo um bom actor porque os ciúmes que me assaltaram deram-me volta ao estômago, como se tudo aquilo fosse verdade. Repetiram só mais uma vez, em seguida passaram para outra cena em que Claire e Jaimie caminhavam agarrados um ao outro dizendo palavras de amor  e  no fim beijaram-se, eu não sei de onde veio o som que fiz, mas Ron olhou para mim  e agarrou-me a mão dando palmadinhas como que a apaziguar-me o espírito, quando terminaram e após Ron ter dado mais umas instruções saiu comigo do set para o frio da rua e disse-me:
-Eles são ótimos atores, tem uma química incrível como nunca antes vista num ecrã, mas é só isso, sempre foi só isso, Caitriona está noiva e Sam nunca teve caso algum com muita importância e se queres saber nunca esgotou tanto a nossa paciência com o nome de uma mulher-riu-se – é  sério Helena.
- Obrigada Ron, o vosso mundo é diferente do meu.
-Será assim tão diferente? Quando danças com o teu parceiro não te entregas de corpo e alma? Já alguma vez te perguntaste o que fazes sentir a quem te vê do lado de cá? Sabes que a respiração pára quando beijas o Romeu ou como Odette quando te agarras ao  príncipe Siegfried no lago dos cisnes? Vi quase todas as tuas atuações e nas alturas românticas quase morri, confesso sou um romântico.
-Oh Ron, obrigada, mas são beijos castos, nada do que estou aqui a ver, acho que se entusiasmam demais. Não sou destas coisas, nunca senti ciúme de ninguém, não ligues,  isto já passa. - E fui para o trailer de Sam, esperar por ele, a pensar que Ron tinha razão, para nós é  trabalho, para quem assiste é ilusão, e foi com este pensamento que me deixei estar até que a porta do trailer se abriu de rompante e entrou um ruivo enorme de kilt todo sujo e mais bonito que qualquer homem no mundo. Entrou fechou a porta, agarrou-me pela cintura e pela cabeça e beijou-me profundamente. Disse:
– Nunca, mas nunca,  penses mal de mim, amo-te, disse-te isso e eu não sou homem de desperdiçar palavras, de as deitar ao vento como se não fossem nada, quando falo contigo sou a pessoa mais honesta que já conheceste ou virás a conhecer, amo-te nunca duvides disso. - E deixou-me ali a cambalear, aturdida mas muito feliz. Foi para as filmagens novamente e eu deitei-me no sofá à espera dele.

A vida numa dança Where stories live. Discover now