A vida numa dança

É Preciso Preparar As Coisas

Com promessas feitas e projectos a dois fomos à nossa vida eu para Londres, Sam para Glasgow para as gravações de Outlander. Quando cheguei tomei um duche, comi qualquer coisa e sentei-me no sofá há um tempo que não vinha a casa, ficava um pouco mais longe da Royal, mas sentia-me mais à vontade aqui do que na Oceanic, sempre gostei de conforto mas aquilo era exagerado, poderia ter continuado lá, Meghan iria adorar ter-me ali à disposição das suas crises, embora agora depois do bebê tudo estivesse mais calmo, a maternidade assentava-lhe como uma luva. Nunca senti esse chamamento antes mas, agora via-me com um lindo bebé de olhos azuis e boca rosada no colo, com o meu Sam, ele disse que queria ter filhos, eu também gostaria muito. Apetecia-me ouvir a sua voz, ele tinha razão quanto a estarmos tão longe um do outro, eu sabia que ele tinha razão, mas tinha de resolver o que iria eu fazer da minha vida se realmente fosse viver para a Escócia, com toda a certeza não andaria a fazer de groupie atrás dele, não tinha feitio para isso, talvez dar aulas, não seria difícil dar aulas no Conservatoire, teria de falar com Hofesh, ele iria dar a sua opinião e ajudar-me, ao tempo que ele andava com esta ideia maluca, não queria que eu fosse para Portugal. Liguei para Sam, não atendeu. Bem deveria ainda andar em gravações. Fui dormir estava muito cansada, amanhã era outro dia, tinha de ir ver de Ana. Sábado dia 29, acordei bem disposta, e fui para a Royal, vi se tinha alguma chamada de Sam, nada. Hoje ainda tinham gravações até às 16 horas, provavelmente estaria ocupado. A equipa queria ter o domingo de folga dissera-me ele, deve ser isso, estão ocupados. Cheguei à  escola procurei por Ana estava num ensaio com Marcelino, eu não sei o que ia sair daquela relação, achava-os tão novos, na idade deles eu só via sapatilhas e malhas, enfim entrei na sala e estavam os dois junto à barra a fazer alongamentos, ajudando-se um ao outro, pelo menos assim parecia mas quando me aproximei vi que Marcelino estava a dar demasiada atenção à perna de Ana.
- Hum, hum, olá – saltaram em conjunto de susto.
-Tia, - com a mão no coração Ana veio até mim, abraçou-me - pensava que tinhas ficado em Glasgow.
- Não, tive de vir resolver umas coisas, olá Marcelino tudo bem?
- Tudo Lena, e tu? Também está tudo bem?
- Tudo. - E ficamos ali os três à olharmos uns para os outros, eles com as faces muito vermelhas e eu a gozar o prato, também tinha direito, não é? – bem, e então Ana foste a Portugal, resolveste a papelada? Não ficaste aborrecida comigo por não te ter acompanhado, pois não?
- Não tia, o Marcelino foi comigo.
- Ah! OK… bem e está tudo despachado?
- Sim resolvi tudo, até tive um tempinho para ir a casa ver os meus pais.
-Ah olha que bom! – e o que é que se passava ali? Marcelino apercebendo-se da minha confusão e vendo que existiam ali perguntas a pairar no ar resolveu sair, não sem antes deitar uma piscadela a Ana e uma pequena venia para mim, - Helena. – sorri – Até  já, Marcelino.
-OK certo, menina o que é esta electricidade no ar?
-ah tia – e rodopiou com os braços no ar “ en pointe”fazendo fouettes pelo salão. – estou apaixonada. Muito apaixonada, Marcelino é um amor.
-hum, bem estou a ver, a felicidade paira por todo o salão, que bom, estou feliz por ti, mas já, hum, bem tu sabes?
-Tia, sou uma mulher feliz, super feliz e… satisfeita. – e elevou as suas gargalhadas,  chegou até mim abraçando-me e colocando os braços uma na outra lá fomos rodopiando pelo salão cada uma mais feliz que a outra.
Mais tarde falei com Hofesh que achou a minha ideia fantástica e ia hoje mesmo  resolver a minha ida para o Conservatoire.
- Eles precisam muito de alguém como tu lá, Lena  vão adorar e tu também, são pessoas super amáveis e muito profissionais, vais adorar querida, segunda feira digo-te tudo, mas podes ficar já com o lugar como certo. Ah estou tão feliz de não te ires embora, para o outro lado do Oceano. Super feliz!