Dia 2 De Julho

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Ainda meio a dormir, ouvi Ana a sussurrar na sala, devia ser Marcelino que agora não a larga um bocadinho, bem, Lena, ainda bem não é, não queres que toda a gente esteja infeliz como tu. Estúpida! Lá fui na minha camisa de dormir que era mais uma t-shirt que outra coisa calcei umas meias fofas para andar lá por casa e fui de encontro às vozes.
-E se vocês suas almas penadas….  E fiquei ali parada a olhar..- Sam  – Cristo, era Sam que estava ali na minha frente, tão lindo ajeitadinho, e eu estava uma completa desgraça.
- Bom dia, já não se avisa? – disse-lhe.
-Aprendi contigo – eu já tinha a resposta pronta, mas ele levantou os braços e disse: - desculpa, desculpa, baixou os braços em desalento, - tive que vir, tenho de falar contigo, tens de me ouvir.
- Não!
- Sim! não podes ser tão.. Tão.. escocesa. – Fiquei ali a olhar para ele e se tivesse noutra situação tinha-me rido à gargalhada.
- Bem, eu vou embora, combinei com o Marcelino e já estou atrasada – covarde! Pensei.
-OK.  Senta-te, vou tomar um duche. Já volto fica à vontade. – pensei que ao entrar para o duche ele viesse atrás de mim e depois… ah Lena que falta de senso. Quando terminei vesti uma camiseta comprida e umas malhas prendi o cabelo com um lápis nem o penteei , estava muito bem, não ia a lado nenhum e quanto menos elaborada a toillete melhor. Não queria fazer convites de nada, nem por nada, mas ao entrar na sala aqueles olhos azuis comeram-me e eu senti um calor por mim acima, olhei para ele que se mexeu no sofá como se estivesse desconfortável.
- Doi-te alguma coisa sem ser o teu orgulho de macho?
-Nunca te dei razões para pensares que tenho atitudes de macho.
- Não? Hum temos perspectivas diferentes da vida, aliás isso está provado, não é?
- Bem, queres ouvir-me? – assenti e sentei-me numa poltrona, longe do sofá.
- Fala. Sou toda ouvidos. - Vi que ficou irritado mas conteve-se.
-Lena, como sempre te disse, apesar de me teres acusado do contrário, eu se tenho uma virtude é a honestidade, nunca te menti, nem omiti nada, contei-te sobre Mauzi quando nos conhecemos, e disse-te que não tinha sido importante como não é agora.
- Sim? Mas o certo é que ela estava lá contigo, Samizinho. – revirou os olhos.
-A festa, foi ideia de Duncan, ainda não conheces Duncan, mas a festa foi ideia dele para conhecer uma amiga de Mauzie mas nestas coisas, palavra passa palavra, de uns para outros, a casa encheu-se de conhecidos e amigos dos conhecidos e quando tu entraste a noite já ia alta e eu estava a tentar colocar o pessoal na rua e estava a dizer a Mauzi que lhe iria chamar um táxi para ela ir para casa porque a amiga dela já tinha saído com Duncan.
- Ela disse que tu lhe prometeste que ias dormir com ela, Samizi…. – Não! Não digas o meu nome assim outra vez, achas que sim? que sou o Samizinho de alguém? Eu é que fiquei super ofendido contigo , lena, chamaste-me fútil, que vivia rodeado de loiras e morenas  como se a minha vida fosse uma festa, eu sofri muito para chegar onde estou, nunca tive ninguém que olhasse para mim pelo meu talento, cheguei várias vezes a duvidar dele. Eu sei onde estou, eu sei que para muita gente não sou mais que um corpo, um rosto bonito.
-Vaidoso. - E virei-lhe a cara.
-Nunca fui vaidoso, porra Lena, é isso que pensas de mim? Que vivo para o glamour? , foi isso que te mostrei neste tempo que passaste comigo? Porque se foi isso que tu compreendeste da minha pessoa, então sim, não estamos no mesmo comprimento de onda. – baixou a cabeça e amparou-a com as mãos. Senti uma vontade enorme de me chegar junto a ele e passar-lhe a mão pelos cabelos e dizer-lhe que não foi nada disso que senti dele, mas fiquei quieta. – Amo-te Lena, como nunca amei mulher alguma na vida, tenho por ti um carinho enorme, uma tesao enorme, mas se não consegues perceber o alcance deste meu amor por ti, de nada vale estarmos juntos. Já não é a primeira vez que desistes de mim sem me ouvires, valho assim tão pouco para ti? Cristo… - e tornou a baixar a cabeça. Saí da poltrona, e agachei-me entre as suas pernas, e agarrando-lhe a cabeça, levantei-a e disse o que só podia dizer ali:
-Perdoa-me Sam, perdoa-me por ser tão  ciumenta, por ser tão parva. Perdoa-me por me tornar tão cega
-E surda?- Estava sério.
-Sim e surda. – agarrou a minha cabeça olhou-me nos olhos e disse-me: tu és a minha mulher, a mulher da minha vida, não há mais ninguém, só tu. – E pronto desmoronei, só via azul à minha volta beijei-o de lábios fechados, um toque leve, tive a sensação de ter a minha vida por um fio e agora tudo se iluminava de novo. Ele puxou-me para si e agarrou-me com tanta força que pensei que me partia ao meio, depois mais suave abriu-me a boca e explorou com a língua todos os espaços abracei-o, - oh Sam,  desculpa-me, tu és um ser humano incrível, adoro-te, desculpa-me.
-Estás desculpada, estarás sempre desculpada, por mais anos que eu viva contigo, estarás sempre Desculpada, e tornou a beijar-me com sofreguidão a apalpar-me e eu levantei-me agarrei na sua mão e levei-o para o quarto despimo-nos sem pressa olhando nos olhos um do outro, carregado de promessas, com muita calma passamos as mãos pelo corpo um do outro, como se o contacto da pele com pele nos trouxesse mais entendimento do ser um do outro. Levei-o comigo para a cama e ajoelhados os dois acariciando-nos, beijando-nos, que saudades daquele cabelo, daquele rosto, da sua voz que me ia dizendo a cada toque que me amava, como pode uma mulher resistir a tanta doçura? Deitei-me puxei-o para mim e entreguei-lhe o meu corpo, a minha alma todo o meu ser, e ele recebeu-o e abraçou-o sabendo de antemão que eu nunca mais poderia sair daquele abraço que eu era sua para sempre, entrou em mim com o jeito mais meigo passando-me a mão pela face e olhando-me nos olhos, em todo o acto nunca desviou os olhos de mim nem os cerrou, sempre a olhar para mim e lançou-nos naquele frenesim de carne com carne até atingirmos o pico mais alto do amor.

A vida numa dança Où les histoires vivent. Découvrez maintenant