Prólogo

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Prólogo - Jennie Kim
Sexta-feira.

Pensar que estaria concorrendo a cobiçada vaga para secretária de Lalisa Manoban, dona de uma das marcas de grife mais famosas do mundo, na verdade, ela é herdeira, pois eu pesquisei sobre a sua vida e vi que sua mãe faleceu há mais ou menos um ano, e com isso a marca começou a perder seu valor, mas Lalisa conseguiu levantar e fazer um nome importante, tanto que Chanel, Louis Vitton e entre outros, são seus grandes concorrentes.

Nunca imaginei que estaria no prédio da "M.M", com mais trinta concorrentes, mas eu gosto de me desafiar, de dar o tiro no escuro, não é meu emprego dos sonhos, mas na situação em que me encontro, tenho que arriscar, vinte e cinco anos, morando sozinha na grande cidade de Nova Iorque, ou seja, tenho que ter pelo menos uma base, foi assim que eu pensei quando saí de Wellington quando briguei com meus pais, sim, Nova Zelândia, loucura não? Mas era isso ou viver uma mentira para sempre. Nossas brigas começaram quando eles descobriram sobre mim, então viviam me criticando, jogando piadas, quando eu levava alguma amiga lá em casa, era um comentário desconfortável, vindo mais do meu pai do que minha mãe, que ficava mais quieta e quando conversava comigo, tentava com que eu entendesse meu pai, o que nunca fiz e nem farei.

A cidade sob meus pés e eu sob a ansiedade, Nova Iorque o que você está me reservando? Espero que seja algo muito bom e que esse emprego seja o começo da minha grande jornada nessa grande cidade.

•••

Mordi o lábio inferior enquanto esperava mais uma pergunta da entrevista, sim, eu estava uma pilha de nervos, por incrível que pareça, eu fui a última a ser chamada e pelo o que vi aqui, os concorrentes saíram tristes e o entrevistador já estava sem paciência alguma. Encarei sua expressão cansada e tensa e suspirei, logo ele me olhou lançando um sorriso fingido e se ajeitou na cadeira cruzando os dedos sobre a mesa.

- Bom, Srta. Kim, você respondeu bem as perguntas, tem um ótimo currículo, apesar de ter saído de Wellington e ter vindo para cá. - Respirou fundo. - Vou fazer apenas duas perguntas, quero que seja o mais sincera possível.

- Ok. - Ajeitei minha postura.

- Qual o motivo de estar concorrendo a essa vaga? Qual seu maior defeito? - Seu olhar me avaliava.

- Bom, eu não tenho um motivo específico para estar concorrendo a essa vaga, mas eu gosto de me desafiar, dar um tiro no escuro mesmo não enxergando o alvo, mas eu sinto que eu posso ter grandes chances aqui, e meu maior defeito é ser perfeita demais, organizada e empenhada no que faço. - Respirei fundo ainda olhando a expressão do entrevistador, que suspirou levantando as mãos em sinal de rendição.

- Bom... trinta concorrentes e trinta respostas diferentes, mas a sua Srta Jennie me pegou de surpresa, você não tem muita ambição, mas tem força de vontade no que lhe for proposta a fazer. - Se levantou estendendo a mão em minha direção. - Parabéns, você começa na segunda.

Me levantei com o olhar incrédulo para o rapaz que soltou uma risada, me fazendo sorrir ao apertar sua mão. O quê? Eu consegui? Não acredito! Eu consegui! Minha vontade era de abraçar o rapaz, mas apenas deixei uma lágrima de felicidade descer por meu rosto.

- Muito obrigada! - Falei ao pegar minhas coisas.

- Eu que agradeço, não se esqueça de passar no RH quando vier segunda, todas as instruções estarão lá.

Apenas concordei e saí apressada da sala, minha respiração pesava, minha mente estava em um turbilhão, mas meu corpo estava leve, como se eu fosse voar a qualquer momento. Parei no meio da calçada em frente ao grande prédio e levantei meu olhar até o último andar, sorri involuntariamente e suspirei.

- Um começo.

Prólogo - Lalisa Manoban

Segunda-feira

Segunda-feira, meu despertador tocou pontualmente as 7am, e o barulho de carros, pessoas, e animais já eram altas demais na grande cidade de Nova Iorque. Levantei da cama, reclamando por eu estar ali. Em plenas férias, minhas férias. Eu, Lalisa Manoban, em uma segunda de férias e tendo que acordar cedo para trabalhar, pois a incompetência daquele lugar se supera a cada dia.


Estava em Wellington, Nova Zelândia, quando um dos meus sócios havia me ligado pois precisava com urgência que eu resolvesse e assinasse uns papéis pendentes.
E isso é tudo que eu sei sobre a vida, estar em posição de poder, no topo, no trono comandando um império, sendo temida e observando as pessoas precisarem da minha assinatura para aprovar algo. Não me lembro um dia sequer que eu baixei minha guarda, não precisava disso, me fazer de coitada. Minha mãe, que faleceu a mais de um ano, não me ensinou nada sobre a vida, tudo que sei, consegui aprender sozinha.

Eu gostava da sensação de poder controlar as pessoas, quase como um jogo de xadrez, onde eu movo as peças e as uso ao meu favor.

Depois de ter tomado meu banho quente e feito toda minha higiene matinal, me ponho de frente ao meu closet e procuro por algo mais simples, uma calça social preta, blusa e blazer da mesma cor, afinal, preto é a única cor presente em todo meu closet, com exceção de algumas peças brancas e cinzas. Já vestida e com meu scarpin também preto, passo um batom vermelho e pego minha bolsa, depositando sobre meu ombro antes de sair do meu apartamento e ligar para meu motorista.

Algo engraçado sobre mim, nunca passei nos testes de direção na autoescola, depois de um tempo eu já não me importei mais e simplesmente não dirijo.
O tráfego de carros e os grandes engarrafamentos nas grandes avenidas da cidade não me deixaram chegar na hora que eu tinha previsto, e eu odeio atrasos. Já dentro da M.M, passo pela recepção e dispenso um bom dia vindo da recepcionista, entro no elevador e aperto freneticamente o botão do último andar, na intenção de fazer o mesmo se mover mais rápido, infelizmente não é possível.


Saio do elevador batendo os saltos dos meus sapatos no chão do prédio, fazendo as pessoas ajeitarem suas posturas em suas cadeiras e desviarem o olhar. Esboço um sorriso torto nos lábios e entro na minha sala.
Rainha do gelo, coração de pedra, bruxa do oeste... são tantos apelidos que eu sei que todos ali me dão em minhas costas, que eu nem ligo mais. Esboço mais um sorriso com tais pensamentos quando sou interrompida por uma total estranha, batendo na minha porta de vidro e entrando logo em seguida.

- Srta. Manoban, aqui estão os papéis que precisam de sua assinatura... - A mulher um pouco mais baixa que eu começou quando a interrompi.

- E você, posso saber quem é? - Cruzo os braços e a encaro, séria.

- Saberia se tivesse a decência de conferir os currículos e passasse no RH. - Seu tom de voz soou baixo.

- O que disse? - Franzi o cenho.

- Não importa, sou sua nova secretária. Jennie Kim. - A morena estendeu a mão para um aperto formal, na qual ignorei e a encarei novamente.

- Isso foi tudo que o RH conseguiu para mim? - Passei meu olhar por todo seu corpo, observando cada detalhe do que usava dos pés a cabeça, e sorri com ironia. - Se durar mais tempo que a anterior, será lucro.

- Garanto que sou muito competente e...

- Me poupe de suas palavras, vai, deixe os papéis em cima da mesa e saia. Chamo quando precisar.

Jennie colocou a pasta em cima da minha grande mesa e saiu a passos largos, ótimo, já sabe que seu trabalho não será tão simples e fácil como ela deve ter pensado.
Afinal, era segunda e o dia estava apenas começando.

Hope Not™ | JenlisaWhere stories live. Discover now