02 de dezembro - Parte 13

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Acordo de um pesadelo, completamente suada. Sonhei que Mateo chegava em casa e via Sean me dando um beijo, e eles saiam no tapa. No sonho, eu esperava o fim da luta para decidir com quem ficaria. Até meu subconsciente consegue ser covarde.

Enquanto me levantava, me dei conta que existiam dois tipos de pessoas: as que apostam todas as fichas no que querem, e aquelas que se contentam com o que receberam, como um barco à deriva. Eu sabia muito bem em qual categoria estava alocada no momento, e isso não me trazia orgulho algum.

Tive vontade de rir por todos os trocadilhos que minha mente havia feito sobre praia e mar até agora. Era como se minha cabeça buscasse desculpas para me fazer lembrar da tarde de hoje, como uma adolescente que procura oportunidades para citar o garoto que ela curte.

Patético, Elena.

E não, eu não estou dizendo que o que tenho é pouco. Não quero que pareça que recebi migalhas da vida e contentei, tenho plena noção de como sou privilegiada – em todos os quesitos, para falar a verdade. E é exatamente esse o problema, sabe? Quando você está melhor que a maioria das pessoas que você conhece, o quão errado é ficar se questionando se está no rumo certo? Você simplesmente aceita que está e ponto!

Aproveitei que não conseguia dormir e liguei meu celular. Em algum momento eu seria obrigada a encarar a realidade. Por que não agora?

Houve uma enxurrada de mensagens de desconhecidos, que eu deliberadamente apaguei todas, uma a uma. Nenhuma era de Sean. Tentei impedir meus pensamentos de tomarem esse rumo, mas eles possuíam vida própria, e não pude evitar uma pontada de decepção. Eu nem sequer peguei seu número.

Ao chegar no ícone da conversa com Mateo, concluí que era melhor esperar mais um pouco, e pesquisar por todas as fofocas criadas antes de falar com ele. Eu precisava estar por dentro de todos os temas, seria melhor do que os ouvir da boca dele que, com certeza, conteria uma boa dose de desapontamento, no mínimo.

Escrevi meu nome no Google e torci para que as notícias focassem somente no dia da fuga dos paparazzi.

Mas, infelizmente, eu estava errada

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Mas, infelizmente, eu estava errada.

Haviam pelo menos dez imagens diferentes de nós dois na praia. Inclusive uma entrevista com a vendedora de pastel, que aparentemente só ficou sabendo que ele era famoso após ser contatada pelo repórter, que, por sua vez, comprou as imagens de uma fã que estava por lá no momento.

Que ótimo, pelo menos estamos fomentando a economia local. Pensei, enquanto fervia de raiva.

Existe um espaço bastante amplo entre noticiar uma história porque é o seu trabalho e criar uma mentira para vender mais. E era exatamente a segunda opção que essas revistas estavam fazendo! Elas não sabiam sobre o beijo, então quem havia dado o direito de espalhar algo que nem era real no momento em que a imagem foi clicada?

No entanto, por mais que eu queira culpar aos repórteres, eu era a única culpada nessa história. E, por isso, doía mais ainda.

Evitei ao máximo encarar aquelas fotos. Não conseguia acreditar que havia colocado a mim e Mateo nessa situação. Eu, que tanto quis ser a garota responsável por escrever a capa da revista, agora era a garota que literalmente ilustrava a capa.

Respirei fundo e voltei para minhas mensagens, havia chegado a hora de encarar o que Mateo tinha a dizer. Deslizei o dedo pela tela para que pudesse visualizar todas as mensagens enviadas por ele, mas nada havia mudado: meu noivo continuava sendo perfeito – o que me causou um novo tsunami de lágrimas.

Infelizmente, não havia sequer uma frase acusadora, ele só buscava entender o motivo de todas aquelas fofocas e o porque de eu estar passeando com uma grande celebridade pela praia. Mateo ainda citou que as revistas trabalham com ângulos nas imagens, e que ele tinha certeza que haviam procurado a foto mais incriminadora possível.

Sim, eu era uma idiota declarada por ter feito isso com ele.

Naquele momento, queria que Mateo tivesse me enviado mensagens ofensivas. Queria que ele me acusasse de tudo que realmente mereço. Queria que já estivesse preparado para o que está por vir. Mas não, essa tarefa caberia somente a mim.

Caberia a mim ser a responsável por quebrar o coração de Mateo e informá-lo sobre isso.

Apertei seu número e levei o telefone ao ouvido com medo. Conseguia sentir meu coração pulsando em minha cabeça, como se todo meu corpo estivesse contra mim, gritando sobre minha leviandade nesses últimos dias.

Sua chamada está sendo encaminhada para caixa postal.

Graças a Deus.

Sinto todos meus músculos relaxarem ao mesmo tempo, e não consigo me lembrar desde quando estava segurando a respiração. Mas meus segundos de paz duram pouco tempo, e uma notificação chega em meu aparelho:

"Ena, estou entrando no avião e não consigo atender. Nos vemos em algumas horas, ok?"

Dava para ouvir o kharma rindo da minha cara, enquanto eu lia a mensagem. "Você não estava com medo de fazer isso por telefone, Elena?" – o destino diria para mim – "pois bem, vamos ver como você se sairá cara-a-cara".

Mal, destino, eu vou me sair muito mal.

A Garota da Capa [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now