Capítulo 90

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Layla narrando

Já estava começando a escurecer e aos poucos todas as crianças foram embora, menos Nina e Lucas, ambos estavam conversando sobre alguma coisa, depois da minha última fala eu fiquei calada e Kaique também, eu ainda estava segurando a mão dele, por algum motivo...

Ele também não fez nada para que eu soltasse então ficamos assim, até que Nina veio até nós junto com Lucas, eu soltei a mão dele para ela não pensar coisas erradas.

Nina-Kaique, estou com fome!

Kaique-Acho melhor irmos para casa.

Falou olhando para mim.

Eu-Nós vemos amanhã... Vou levar Lucas na casa dele.

Kaique-Você vai para a escola?

Eu-Vou, por que já perdi muita coisa essas semanas.

Kaique-Você sabe que-

Eu-Se quiser falar sobre nosso encontro para seu pai pode falar, ele não vai conseguir fazer nada contra mim mesmo.

Não deixei ele falar nada, deu um abraço em Nina e peguei Lucas pela mão começando a puxá-lo em direção a casa dele, ela era perto da praça, ele e a mãe moravam com Dona Valentine para cuidar dela por ela estar ficando velha.

Kaique seguiu o seu caminho para a casa e eu fui até a casa de Valentine que já estava meio velha, na verdade a cor verde dela já estava meio acinzentada, a madeira da varanda e da escada da frente pareciam poder quebrar apenas de pisarmos nelas. O jardim estava com todas as flores mortas e as árvores do quintal pareciam estar morrendo também.

Eu-O que aconteceu com a casa enquanto eu estava fora?

Lucas-A minha mãe foi embora por que não suportava mais a vovó, ela disse que voltaria apenas no dia em que a vovó morresse, desde então tudo ficou estranho...

Eu-Nossa, vamos entrar então...

Andamos até a porta e eu entrei junto com ele.

Lucas-Eu vou ficar aqui enquanto você conversa com ela, ela disse que era algo entre adultos.

Eu concordei e subi as escadas, lembrava perfeitamente onde era o quarto dela já que antes... Eu vinha aqui quase todo dia com minha avó, as duas eram amigas e minha avó sempre vinha aqui para conversar com dona Valentine. Acho que agora eu já sei o que era que elas passavam horas conversando.

Eu-Dona Valentine?

Eu entrei no quarto dela e vi que a mesma estava sentada em uma cadeira de Balanço olhando pela janela, eu senti uma certa tristeza quando entrei, o quarto era quieto, sem cor e não parecia ter "vida", sabe? Assim como dona Valentine, ela parece tão...

D. Valentine-Então você veio mesmo, faz tanto tempo que não faço previsões que achei que poderia ter tido uma visão errada.

Eu-Bom, não vou nem tentar perguntar o que a senhora quer dizer com isso, até por que já compreendi que a senhora não é louca e ao contrário sabe coisas bastante importantes. Está bem lúcida pelo visto.

D. Valentine-Então você foi morar junto com eles, não é?

Ela se virou para mim e pude ver as grandes olheiras em baixo de seus olhos, seu rosto parecia cansado assim como seus olhos que estavam completamente sem vida, frios... Sem emoção.

Eu-Sim.

D. Valentine-Espero que você tenha mais sorte que a sua avó, aliás, espero que essa geração tenha mais sorte, a nossa não conseguiu impedir que as famílias lutassem entre si.

Eu-Você... Você fazia parte da antiga profecia?

D. Valentine-Sim, eu descobri meus poderes muito antes da sua avó, aliás, eu vi "eles" Antes, por meio de visões, eu só queria pedir uma coisa a você. Em nome da minha antiga amizade com sua avó.

Eu-Pode pedir qualquer coisa, eu sei que você e minha avó tinham uma amizade muito forte, quando ela morreu a senhora... Começou a ficar doente, quer dizer...

D. Valentine-Depois que ela morreu todos fomos morrendo um a um, ela era nossa esperança, quer dizer, a esperança deles para que todo esse conflito acabasse. Bom, ninguém sobrevive por tanto tempo depois que a escolhida morre...

Eu-Então... Se eu morrer... Os outros irão morrer também?

D. Valentine-Sim, uns demoram a morrer, porém ficam com uma vazio tão grande que as vezes até acabam por tirarem suas vidas, sabe... Ninguém tem um final feliz se a "Eve" Não conseguir, inclusive ela...

Eu-Você é a única que ainda está viva?

D. Valentine-Não, aquele desgraçado ainda está vivo! Ele desgraçou a vida da sua avó e mandou sua mãe para longe.

Eu-Minha mãe?

D. Valentine-Sim, ele merece morrer!

Ela acabou se descontrolando, caiu da cadeira e começou a cuspir sangue, Lucas apareceu na porta e já estava com o telefone na mão.

Lucas-Calma, vó! A senhora tem que respirar!

Ele começou a discar e então ligou, acho que ele estava ligando para a ambulância... Eu fui até ela e me agachei, segurei a sua mão e a fiz olhar para mim.

Eu-Calma! Você não pode morrer agora, você tem um pedido para me fazer, lembra?

Ela olhou para mim e disse:

-Eu já... Sei... Como isso irá acabar... Eu vou morrer... Minha filha não foi embora, assim como sua mãe, foi obrigada a ir embora, ela não vai mais voltar... Você tem que matá-lo para vingar todas as coisas cruéis que ele fez...

Eu-Quem?

D. Valentine-Jason, o pai de John, ele é quem controla todos... Inclusive, John, ele está sendo controlado, assim como sua mãe e minha filha...

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