Capítulo 122

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Layla narrando

Eu já estava com uma pequena mochila nas costas e Lucas também tinha uma mochila com suas roupas e o que ele precisaria, eu não sabia como ia fazer dali para diante, mas eu sabia que tinha que me afastar deles, se não eu acabaria surtando de verdade.

Eu só queria viver normalmente, mas parece que essa palavra não combina comigo, então... Eu quero um pouco de paz, apenas um pouco, não preciso de um monte de pessoas me sufocando e dizendo o que devo fazer, quem vive minha vida sou eu e não eles.

Eu sai da casa, eu deixei um bilhete na mesa da sala, dizendo que eu precisava de um tempo, tempo... Era o que eu mais precisava, mesmo que Jason não estivesse tramando contra mim, John não iria descansar enquanto não soubesse quem é o alfa.

As vezes eu me pergunto o que ele faria se descobrisse que o alfa é o próprio filho, será que ele seria capaz de ir até as últimas consequências? Nicolas é filho dele, apesar de tudo... Eles ainda possuem laços... Será que John seria capaz?

Capaz de matar o próprio filho só por um desejo de demonstrar seu poder? Porquê é isso que parece para mim, uma mera demonstração do poder dele, eu nunca vi o mesmo dando carinho para os filhos... Era isso que os pais deveriam fazer.

Dar carinho, amor, cuidar e proteger eles, apoiá-los... Bom, eu não sou o melhor exemplo para isso, até porque eu nunca tive um pai presente, mas... Eu tenho alguns exemplos... De qualquer forma, John nunca deve ter desempenhado esse papel.

Eu não sei o que passa na cabeça dos homens dessa família, mas os filhos vão precisar da presença deles e não do abandono, John praticamente já abandonou sua família, os filhos são os que mais sentem isso... Apesar de não ter um pai, eu também senti.

Minha avó nunca me deixou de lado, é claro que não, pelo contrário, ela deu tudo de si e foi o pai que eu não tive e a mãe que, eventualmente, tinha me abandonado. Ela foi tudo de bom na minha vida, mas ela partiu e eu...

Era nessa época que eu precisei de um pai, ou pelo menos de alguém, André estava lá, ele sempre vai ser especial para mim por ter me apoiado no momento mais difícil, mas... Na época eu achava eu era apenas algum tipo de gratidão ou mesmo obrigação.

Eu o tinha achado e levado ele para casa, minha avó aceitou acolhê-lo, eu pensei que era por isso... Ele nunca estaria lá se não fosse por aquilo, então era mesmo como gratidão por mim e por minha avó, mesmo assim... Eu o agradeço muito.

Enquanto andava pelas ruas sem rumo, decidi que iria no restaurante, aquele que era perto do meu trabalho, eu ainda não sabia o que faria, precisava de um lugar para pensar, lá... É como um lugar que me acolheu, posso dizer que as pessoas dali eram minhas amigas..

Chegando lá, todos me encararam curiosos, uma coisa nunca vai mudar ainda quer que eu vá... As pessoas sempre vão querer saber da vida alheia, enfim... Não há.muito que se possa fazer, já que moramos numa cidade pequena acostumada com tais costumes.

Helen-Ayla! Quanto tempo.

Eu coloquei Lucas no chão e logo a loira veio até mim, ela me abraçou tão apertado que eu duvidei se ela era realmente humana, bom, sempre foi assim... Ela costuma trabalhar no caixa as vezes, outrora trabalha como garçonete.

De certa forma eu conhecia todos ali, nunca tinha mudado e mesmo quando tinham pessoas novas, os outros sempre tratavam de me apresentar, talvez eu tenha me enganado... Eu sempre tive um tipo de família, só não enxergava.

Tinham poucos clientes e entre eles eu reconheci um trio... Eram as garotas que trabalhavam na casa noturna junto comigo, Érica, Ágata e Bianca, as mesmas ainda não tinham me visto, já eram 11:00, então eu decidi pedir comida mesmo, para mim e Lucas.

Depois que Helen foi dizer o meu pedido, Bianca olhou rapidamente em minha, como um passar de olhos, e então ela percebeu eu, no caso... Lucas, ela o olhava com um sorriso de orelha a orelha, as outras logo perceberam nossa presença e nos chamaram.

Érica-O que você está fazendo por aqui a essa hora? Você mora no centro da cidade, certo?

Eu-Er... Sim, mas... Eu sai de casa e o primeiro local que me veio a mente foi aqui, já que eu vinha bastante antigamente.

Ágata-Uh, saiu de casa? Deixa eu adivinhar... Briga com os pais? Ou com o namorado?

Eu-Na verdade, eu briguei com meu pai...

Érica-Então, você está, basicamente, sem ter para onde ir?

Concordei e Ágata abriu um sorriso na hora, eu a encarei confusa e ela praticamente me puxou para a cadeira ao seu lado. Ela ficou me encarando por alguns segundos, enquanto isso Bianca brincava com Lucas e Érica... Estava encarando Ágata.

Ágata-Nós três moramos juntas, se você quiser pode ficar com a gente.

Eu-Você não devia consultar as suas colegas primeiro? A casa é de vocês três, não?

Érica-Não se preocupe, eu concordo e Bianca também, bom, ela vai ficar muito feliz com a companhia do seu irmão.

Eu-Então... Eu aceito, obrigada por me ajudarem.

Ágata-Que nada, nós queríamos outra pessoa para morar conosco mesmo, você é a pessoa perfeita! E ainda veio com esse principezinho de brinde.

Todas pareceram concordar com a ideia, bom, pelo menos eu arranjei um lugar para ficar, antes que qualquer um diga que Nicolas vai me encontrar facilmente... Bom, Lyra me ensinou a fazer um feitiço, o qual impede eles de me acharem pelo cheiro ou por feitiço mesmo.

Eu não estava brincando quando disse que queria um tempo, com as garotas vai ser melhor... Eu pelo menos, posso imaginar ter uma vida normal, pelo menos por enquanto, trabalhando, estudando e até mesmo morando com... Amigas?

Pelo menos por enquanto eu posso descansar dessa vida sobrenatural, ou mesmo a vida de fugitiva que eu estava levando, fugindo do meu passado, dos 12 selos, de John e pior ainda... Eu percebi que eu estava fugindo de mim mesma.

Quebra de tempo

As meninas, Lucas e eu almoçamos no pequeno restaurante, Érica não me deixou pagar a conta e pagou com seu dinheiro, logo depois me despedi de Helen e dos outros, logo saindo do estabelecimento junto com o trio e com Lucas no meu colo.

A casa delas ficava um pouco longe do estabelecimento em que trabalhavamos, mas nada demais, logo chegamos na mesma, ela parecia ser bem simples, mesmo assim eu gostei da mesma, par vía ser bem "acolhedora", bem diferente da de Nicolas ou a de John.

A mesma tinha a cor de um verde bem clarinho, ela era toda trabalhada em madeira, tinha um jardim repleto de flores na frente e uma varanda com um balanço na mesma, tinha uma trilha de pedrinhas que guiavam até a casa, ela era muito bonita.

Érica-Seja bem vinda!

Ela a abriu a porta e eu pude observar a casa por dentro, ela era toda arrumada, tinha uma pequena sala com um sofá e duas poltronas, uma mesinha com alguns livros em cima, um raque com algumas outras coisas em cima e havia também uma lareira na sala.

Tudo parecia tão simples, mas de certa forma eu me sentia tão bem naquele ambiente... Eu não precisava de casas luxuosas e extremamente grandes, muito menos de mansões que era praticamente onde eu estava morando, tudo aquilo me faria bem... Eu tinha certeza. Ninguém estragaria aquilo.

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