Capítulo 14

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Acordei ainda sentindo um pouco de dor de cabeça e sede. Aparentemente, o sábado não foi suficiente para curar a minha ressaca e o amanhecer de um domingo ensolarado combina nada com tudo isso. Normalmente, não me importo os raios de Sol invadem meu quarto ao amanhecer, até gosto, porque me desperta de uma forma natural. Mamãe diz que isso se deve a eu ser uma pessoa solar, que irradio luz, energia, que sou iluminada. Papo de mãe, claro. Se isso for verdade, sou uma alguém bem lunar quando passo dos limites com álcool.

Eu cobri completamente meu rosto com o edredom e, após alguns resmungos, Keenan me veio à cabeça. Não só ele, a montanha russa emocional que foram os últimos dias e a conversa que tivemos depois da minha bebedeira. Óbvio que ainda o amo e confesso que não percebi que não havia escrito isso no bilhete que deixei em seu apartamento. Será que o fato de eu ter gostado de vê-lo vindo atrás de mim, desesperado, me torna uma garota má?

Disse que o desculpei e é verdade, pois mesmo tendo me magoado, entendo que não foi por maldade e sim por ter sido burro. Muito, muito, muito burro. Nunca havíamos brigado desde que começamos a namorar e meu noivo sempre foi muito sincero, verdadeiro. Não foi como se ele tivesse feito o que fez às escondidas ou tivesse ficado com Angie. Só de pensar naquela mulher com as garras nele, minha dor de cabeça até aumenta. Ele ter admitido que falhou é melhor que permanecer não dar o braço a torcer e admiro isso em uma pessoa. Ele não tem histórico de erros, mas não é por isso que aceitarei que isso seja algo recorrente.

Quero que conversemos com mais calma durante o jantar. Ele precisa aprender a ter responsabilidade emocional comigo e com Omar. Ele não pode permitir que as atitudes de Angelina nos atinjam nosso noivado e me machuquem. Também deve lidar com o menino de forma ajuizada. Ele não pode agir como um pai e depois se comportar de forma desapegada caso o resultado do exame seja negativo. E se o DNA confirmar a paternidade, Keenan vai precisar ser inteligente para administrar a nossa relação e a dele com o garoto, fazendo o possível para que haja harmonia entre todas as partes.

Queria muito que as coisas fossem de outro jeito. Omar é lindo, um amor, e comprovada a paternidade, eu adoraria fazer parte da sua infância, sem a mínima intenção de querer disputar com sua mãe esse cargo. Amaria que ele participasse da nossa vida a dois, que fizesse parte da cerimônia do nosso casamento, que corresse pela nossa casa e se sentisse não só filho de Keenan, mas também parte da nossa família. Porém, Angie dá sinais de que não facilitará convivência.

Minha cabeça segue latejando em dor e decidi tomar uma aspirina. Pego um comprimido na minha bolsa e resolvo ir até à cozinha pegar um pouco d'água para tomá-lo. Distraída, caminhando com os olhos cerrados enquanto massageio a têmpora, me deparo com Aidan e Mel se agarrando na bancada.

- QUE NOJO! – Protegi meus olhos com a palma da mão – Eu comer aí, Mel!

- Amiga, é exatamente isso que ele está fazendo! O rosto do namorado de Melinda ficou vermelho como um tomate, ao mesmo tempo em que ela soltou uma gargalhada carregada de segundas intenções.

- Eca! Limpe isso com álcool depois, ou coloque fogo, o que for melhor! Me apressei para pegar meu copo e voltei para o quarto.

Assim que ingeri o remédio, estava pronta para me enfiar embaixo a coberta novamente e dormir mais um pouco, quando meu celular tocou.

- Bom dia, pequena! A voz rouca de Keenan provocou um forte arrepio em mim.

- Bom dia, Kee. – Falei manhosa, me espreguiçando.

- Nossa, que voz gostosa... Acordou agora? – Sorri e mordi o lábio inferior, porque sabia que se tivéssemos dormido juntos, ele estaria fazendo coisas melhores com a boca que conversar.

Hora de superarWhere stories live. Discover now