Hora de superar

Capítulo 51

Angelina's POV

Sabe aqueles sonhos que parecem reais? Que você se pergunta se está dormindo ou acordada? Senti uma brisa em meu rosto e percebi que estava em uma cadeira de balanço. Abri os olhos e pude ver e sentir minha barriga saliente. Passei a mão nela e por um instante tive a mesma sensação que experimentei ao gerar Omar. Porém, algo estava diferente.

- MAMÃE! Meu filho entrou correndo no quarto que desconhecia, completamente iluminado por raios solares que invadiam o ambiente através da janela que contava com uma fina cortina de cor clara.

- Oi, meu amor! Onde você estava? – Ignorando momentaneamente minha indagação, se aproximou, beijou a protuberância que escondia um bebê e acariciou meu rosto.

- Ora, mãe, fomos comprar comidinha! Abriu os braços, com as mãozinhas espalmadas para o ar, como se eu tivesse feito uma pergunta boba.

- Fomos? Quem foi com você, menino?

Ele adentrou no cômodo e meu coração errou o compasso. Despojado, trajando bermuda, jeans, uma camiseta e tênis, Malik ostentava um lindo sorriso.

- Como estão minhas mulheres? – Olhei para meu ventre e meus olhos marejaram. É uma menina? – Espero que estejam com fome, trouxe uma massa deliciosa do restaurante italiano que abriu esses dias, aqui perto.

Ri abobada, ainda acariciando minha barriga e uma dor invadiu meu peito, me levando a chorar.

- Shhhhhhi, o que foi? O homem se apressou até me alcançar e se abaixou na minha frente.

- Eu não mereço tudo isso! Disse entre soluços. Ele se levantou e me ajudou a fazer o mesmo.

- Angelina, isso não é verdade! – Segurou meu queixo e forçou-me a olhá-lo. – Você não pode mais deixar os erros do passado te assombrarem. Você mudou. Eu te amo e não quero mais ouví-la dizer esse tipo de coisa!

Sentia as lágrimas escorrendo em minhas bochechas.

- MÃE, ACORDA! Berrou Omar me sacudindo.

Realmente estava sonhando.

- Oi, filho! – Despertei assustada.

- A senhora está chorando... – Ele passou o dedo no meu rosto e me mostrou que estava úmido. – E não abria os olhos. Fiquei com medo!

Agarrei Omar e sua respiração estava acelerada e tentei confortá-lo para que ele se acalmasse.

- Perdão se te espantei, meu anjo! Beijei sua cabeça, me dando conta de que é seu aniversário. – Parabéns, lindinho!

- Obrigado mamãe!

- Está se tornando um rapazinho! – Ele corou, provocando meu riso – Até parece que é tímido! Se continuar assim, com esse jeitinho, vai ser um sucesso com as meninas!

A criança emburrou. Meu Deus, o que eu disse de errado?

- Eu já tenho uma princesa, é a Penelope!

Desde que Ellen, concunhada de Keenan, engravidou e descobriu que o bebê é uma menina, meu filho não deixa de falar na menininha um dia sequer. Acho engraçado ele ter tanto carinho por uma criança que ainda nem nasceu.

- Tudo bem! Não se fala mais nisso! Agora vamos tomar um café da manhã gostoso! Hoje estou de folga e quero curtir muito a sua presença até a hora da festa.

Passamos um dia agradável, e me peguei visitando as memórias do meu sonho. Eu me perguntava se Malik pensava em mim também.

À noite seguimos para o apartamento de Hazel e Keenan. Dirigia e ponderava sobre meu relacionamento recente com os dois. Gastei muito tempo e energia lutando contra a verdade: Ela faz bem ao Omar e persistir na história de separar o casal era furada. As fichas caíram de forma dolorosa, bateram fundo e pesaram em mim. Ainda tenho medo de perder meu posto de mãe, mas não há muito que eu possa fazer, afinal, não tenho planos mais de atrapalhar a convivência do meu filho com seu pai e meu garoto é apaixonado pela madrasta. Concordei em realizar a festinha de Omar na casa deles e liberei o menino para passar a noite lá, ao invés de trazê-lo de volta e fazer Kee e a noiva o buscarem pela manhã, para o fim de semana o qual eles tinham direito na companhia da criança.