Capítulo 40

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Angelina's POV

- DESGRAÇADAAAAAAAAA!

Dou um grito abafado no travesseiro quando entro em casa e me tranco no meu quarto.

Procuro esconder minha fúria de Omar, que está alheio a tudo, brincando com a babá no chão da sala. Levanto da cama, onde me refugiava e vou até a penteadeira com a intenção de me olhar no espelho. O reflexo revela que o tom da minha pele não esconde o vermelhidão na minha bochecha. Aquela anã marcou meu rosto!

- Mamãe, cadê você? Ouço meu filho me chamar. Engulo o choro de raiva que estava prestes a cair e atendo seu chamado.

- Oi, amorzinho! – Adentro na sala e recebo o melhor abraço do mundo. – Sentiu saudades minhas?

- Muitas! Mãezinha, o que é isso? Seu dedinho toca a marca da bofetada e tento controlar minha ira.

- Alergia a um inseto, bebê! – Eu não menti – Mas já vai passar!

Ele apenas me deu um beijo no ferimento, dizendo que seu beijinho faria o dodói sarar. Percebi um olhar desconfiado de Anna, porém, ela não me questionou, provavelmente com medo de se meter nos meus assuntos e ficar sem o seu pagamento.

Entretanto, a baby sitter não ficou completamente calada.

- Senhora Brown, pensei que fosse ficar mais tempo fora. Ela era uma das duas babás que tinha confiança total, era uma jovem discreta, cuidadosa e meu garoto a amava.

É, eu também pensei. Fui até a geladeira, me servi de um copo de água e, olhando para o líquido, cheguei à conclusão de que precisava beber algo mais forte.

- Na verdade, Annie, só voltei para tomar um banho e vou sair de novo. – Me aproximo dela, que estava sentada no tapete, brincando com Omar e seus blocos coloridos – Se eu te pagasse uma diária extra, dormiria essa noite aqui? Assim ficaria despreocupada com o horário de retorno.

No fundo, sabia que ela toparia. A babá não tem namorado e está juntando dinheiro para pagar seu curso de cabelereira. Logo, fiz a proposta sabendo que dificilmente ela recusaria. E Anna não recusou. Falei que ela podia comer o que quisesse da geladeira e repassei os horários do meu filhote com ela. A comidinha dele já estava separada e também deixei um trocado para que pedisse algo para comer, caso sentisse fome no final da noite.

Fui para o banheiro e tomei uma ducha demorada, pensando nos últimos acontecimentos. Quando recebi a mensagem de Keenan, tive a falsa esperança de que ele finalmente havia caído na real de que eu sou a melhor escolha para viver ao seu lado para o resto de sua vida. Nós tivemos uma ótima química na cama, nosso papo sempre fluiu e, o mais importante, posso dar uma família para ele, pois já temos um filho juntos. Estou a frente daquela idiota em vários quesitos, mas acho que ele escolheu ser um cego permanente. Não só fugiu de mim, como me rejeitou, se declarando para a noivinha sem graça. O ódio que senti não tem precedentes! E pior: Kee quer porque quer a guarda compartilhada do nosso bebê e sei que tem dedo da Hazel no meio. Não basta querer o pai do meu filho, ela quer o menino também.

Ah, mas isso ela não vai ter!

Só aceitei sua chantagem por medo do que aquele vídeo poderia acarretar diante de um juiz. Entretanto, se acha que vou permitir que ela assuma o papel de mãe do meu garoto, está enganada!

Fecho o registro do chuveiro e vou em direção ao closet em busca de um modelo de arrasar. Preciso me sentir bonita, desejada, depois do encontro frustrado com Keenan. Antes de engravidar, sempre tive uma vida agitada, ficando com quantos caras tivesse vontade e foi justamente assim que conheci Kee. Depois que tive Omar, até sai com alguns rapazes, mas além de existir uma cobrança maior da minha mãe, que ficava com meu filho para que eu saísse, mas sempre me esperava voltar com um sermão na ponta da língua, eu não me sentia atraída por nenhum deles o suficiente para termos algo além dos amassos. Porém, quando reencontrei Keenan, os meus desejos se reacenderam. Tinha sonhos molhados com ele enquanto dormia e sonhava acordada com ele me pegando de jeito como me pegou no passado. E hoje, depois de ficar na mão por causa daquele paspalho, decidi que se rolar algo com alguém interessante, vou até o fim.

Hora de superarOnde histórias criam vida. Descubra agora