Bonus - Cecília

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Bônus Cecília.

Não consigo dormir direito nos últimos dias.

Desde a visita a meu irmão, quando vi em que estado lastimável esta a fazenda.

O lugar onde minha mãe foi tão feliz... Depois de tanto sofrer foi ali que encontramos a felicidade.

Dói lembrar-me do quanto sofremos antes de encontrar a felicidade de verdade.

As surras que minha mãe levava pra nos defender do homem horrível que meu pai se tornou.

Cada vez se tornando mais bruto e agressivo, até chegar ao ponto em que bater nela já não era mais suficiente.

Quando ele começou a nos agredir minha mãe já não aguentava mais tanto sofrimento.

Por não ter família e não ter pra onde ir ela se prendia ao fato de que nada nos faltaria estando perto do monstro. E aguentava tudo calado para que nos pudéssemos ter tudo que ela não tinha tido no orfanato que cresceu.

Mas se enganou.

Com o tempo tudo foi piorando, até o ponto que a diretora da escola nos chamou pra conversar.

O Vitor estava indo mau na escola, suas notas já não eram mais as mesmas e ele estava muito agressivo com os colegas de sala. Brigava com todos, mas era briga de pancada mesmo.

Geralmente a diretora segurava os pais revoltados quando os filhos chegavam em casa ensanguentados por conhecer nossa mãe e saber que ela era uma pessoa boa.

Até que não deu mais pra segurar.

A diretora havia percebido a mudança em seu comportamento e o chamado para conversar.

Não precisou insistir muito pra que ele começasse a chorar e dissesse o que o afligia.

A diretora me chamou e nos deu uma leve explicação do que seria violência domestica.

Disse que não poderíamos passar por aquilo, que havia ajuda e nos orientou como fazer se fosse necessário.

Quando deu o horário de saída ela chamou nossa mãe para conversar e ficamos eu e Vitor no refeitório esperando ela sair.  

Lembro-me de minha mãe dizendo a Vitor no caminho pra casa que não era pra ele ter comentado nada na escola, e que as consequências se o pai soubesse seriam bem piores.

E dois dias depois tudo se confirmou.

Nosso pai ficou sabendo por um amigo dele que tinha um filho que estudava conosco, que na escola o comentário rolava solto sobre ele não ser o que demonstrava pra os amigos.

Sempre se passava por um pai carinhoso e esposo dedicado, mas que dentro de casa não agia assim.

Ele chegou em casa possesso de raiva do Vitor e quando minha mãe o defendeu, ele a espancou como nunca havia feito antes.

Tentamos defende-la, mas ele era muito forte.

Pegou-me e bateu e quando minha mãe percebeu que ele já havia me deixado machucada no chão e se dirigia ao Vitor não pensou duas vezes e se jogou em cima dele com uma garrafa na mão o atingindo na cabeça.

Apesar do golpe ele cambaleou até a cozinha e pegou uma faca.

Tentamos correr, mas estávamos muito machucados.

Ele estava enlouquecido, desferiu vários golpes a esmo nos ferindo e deixando minha mãe caída.

Ao ver o resultado de sua ira ele apenas se ajoelhou e chorou, mas já era tarde.

Ouvimos barulhos de sirenes e ele em desespero achando que havia matado a família correu para o carro e saiu em disparada.

Na fuga em alta velocidade, perdeu o controle do carro batendo em algumas arvores da estrada e caindo no barranco.

Quando o resgate chegou, ele já estava morto e só entendemos o que havia acontecido no momento em que nos foi comunicado a morte dele quando estávamos no hospital, e Vitor gritava em desespero:

-Fui eu... Fui eu que matei meu pai... Eu liguei... Ele ia matar a minha mãe...

Seu choro dói ate hoje em meu coração quando lembro.

Passamos meses nos recuperando.

Minha mãe ficou com algumas sequelas nas mãos e precisou ficar mais tempo no hospital e fazer fisioterapia, pois havia tido lesões nos braços.

Já eu e o Vitor apenas cortes que mesmo profundos apenas nos deixaram com cicatrizes. Tanto na pele com na alma.

Hoje o vejo se martirizar pela morte da minha “CUnhada” – CU mesmo porque ela não mereceu o amor do meu irmão - e minha sobrinha a linda e meiga Nina.

Ele é meu tesouro. Meu protetor. Mas a vida não foi justa com ele como foi comigo.

Tenho minha família e hoje consigo ter um pouco de felicidade.

Apesar da morte de minha mãe tenho o carinho e companheirismo de meu marido e os beijos da minha gatinha linda Julia. Ela tem 1 ano e é meu consolo, com ela nos braços me esqueço dos problemas.

Mas Vitor precisa de alguém para ajuda-lo.

E quando olhei aquela garota linda, se prontificando a cuidar dele e me dizendo que também precisava de ajuda, não tive duvidas.

Não sei quem poderia ajudar a quem, mas espero que ambos se ajudem.

Os olhos dela não me enganam. E aquele bebê pode ser a salvação dos dois.

Meu irmão precisa voltar a acreditar na vida, acreditar que apesar dos problemas ele pode encontrar a felicidade.

E algo me diz que aquela menina com os olhos de esperança vai ajuda-lo.

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Estrelinhas e comentários são sempre bem vindos.

Comentem, me de sua opinião e me ajudem a tornar essa estória mais emocionante...

Bjus.

Uma Chance a FelicidadeWhere stories live. Discover now