[01] Previsão do amor.

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No Rainbows — Capítulo um.

恋の予感 [koi no yokan]


Abril, 1986.

Durante os jantares, nós conversávamos sobre o que tínhamos feito ao longo do dia. Era algo de nossa nova rotina, e eu até que gostava disso, me sentia estranhamente acolhido.

— Recebi um apertar de mãos do Imperador essa tarde. — Ryu contou, alegre.

— Uau! — exclamei, feliz por ele.

— Isso é ótimo, querido. — Mamãe comentou e, imediatamente após dizê-lo, ficou envergonhada, talvez pelo modo de tratamento íntimo que usara para com o alfa. — Há algum motivo especial por trás disso?

— Eu estou, finalmente, fazendo algum progresso na missão contra o maior grupo de rebeldes do país. — Explicou, levando mais um pedaço de sushi à boca.

Seokjin, então, surgiu na sala de jantar, junto de outros dois betas. Eles ficavam no cômodo para caso houvessem reclamações a respeito da comida — o que nunca aconteceu — ou pedidos para repetir — estes são frequentes, e normalmente são meus.

Jin havia tornado-se meu único amigo. Nossas conversas em coreano à tarde, enquanto ele preparava a comida e eu beliscava alguns aperitivos, eram diárias. Falar consigo me deixava relaxado, e ele também parecia gostar de minha companhia.

Contou-me sobre suas paixões, dos poucos anos que vivera em Seul e, em raros momentos, falara-me sobre seu irmão caçula. Eram filhos de mães diferentes, mas isso nunca atrapalhou a relação dos dois. Jin o chamava de JK — na pronúncia norte-americana "Jay Key" —, ao invés do nome real, algo que me deixava levemente curioso.

Os únicos assuntos que Seokjin nunca ousava falar-me eram relacionados à tatuagem e ao restante de sua família. Apesar de serem coisas que ficavam na minha cabeça, optava por respeitar seu espaço, bem como ele respeitava o meu.

Era uma amizade saudável e boa.

— E como foi seu dia, querida? — Ryu devolveu o apelido carinhoso, sorrindo ao ver minha mãe corar ao extremo.

— Bem — ela se recompôs, limpando a boca com um guardanapo próximo a si —, as meninas e eu pregamos peças umas nas outras.

— Ah, sim, é primeiro de abril! — o mais velho dentre nós três pronunciou-se. — Foi divertido?

— Uhum, nós demos muitas risadas. — Mamãe sorriu boba para o alfa.

Era óbvio para qualquer um que olhasse de longe o que estava acontecendo. Eles estavam se apaixonando de verdade um pelo outro, de pouco em pouco, mas estavam. Para mim, a situação era bastante fofa.

Meu pai nunca marcou minha mãe, nem vice-versa, por motivos que eu não sou capaz de compreender. Lembro-me que um colega de escola meu, Sehun, uma vez disse-me que era porque eles não deviam se amar de verdade, que deviam ter um motivo específico para que estivessem juntos — assim como os pais dele, que casaram-se apenas para unir as famílias.

Era estranho pensar nisso.

— Taehyung? — Ryu despertou-me de meus pensamentos. Não parecia ser a primeira vez que me chamava.

— Hum?

Por alguma razão, a minha reação causou risos no cômodo. Até mesmo Jin, aquele traidor, parecia segurar uma risada — e provavelmente só o fazia por esta ser escandalosa demais.

— Perguntei-lhe sobre seu dia. Três vezes. — O alfa explicou, ainda sorrindo.

— Oh, me desculpe. — Pedi. — Pois bem… Durante a manhã, fiz um passeio pelo jardim. À tarde, comecei a ler um livro francês e aprendi algumas novas receitas com um de nossos cozinheiros, Seokjin. Depois, aprontei-me para o jantar, e agora estou aqui.

no rainbows | taekookWhere stories live. Discover now