[03] Livre.

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No Rainbows — Capítulo três.

無料 [muryoo]


Maio, 1986.

Deitado em minha cama, de portas e janelas trancadas, esperando nem tão ansiosamente pela chegada de meu cio, completamente despido pelo fato de a minha sensação térmica ter ultrapassado provavelmente os sessenta graus, ali eu me pegava pensando nas coisas que Jeongguk tinha me dito naquele dia.

Enquanto comíamos sorvete, ele me contou com uma calma impressionante a respeito das ameaças públicas que meu padrasto e alguns outros homens vinham fazendo ao seu movimento, este que apenas lutava por igualdade entre alfas, ômegas e betas e o direito de amar quem quisessem amar.

Eu não sabia sobre, porque não era muito fã de jornais, mas Ryu e seu braço direito na batalha contra os rebeldes, um tal de Shou, estavam anunciando recompensas para quem lhes desse alguma informação — ou para quem lhes trouxesse um dos integrantes da organização; nesse caso, o valor duplicava ou triplicava, dependendo de quem fosse o capturado.

As pessoas que integravam as Asas da Liberdade, nome dado ao movimento, apenas queriam dar asas para aqueles que estavam presos em cercados para que eles pudessem voar para longe e, enfim, serem livres. Isso era lindo.

Jeongguk me explicou que alfas como Ryu e alguns outros não queriam dar os devidos direitos para betas e ômegas porque assim eles perderiam seus preciosos privilégios.

Deixariam de ser os mais desejados, já que ômegas poderiam ficar com outros ômegas e até com betas, em vice-versa; não poderiam mais sair para farrear e trair seus companheiros sem se preocupar com nada, porque o divórcio poderia ser pedido por ômegas e betas também; não teriam mais a garantia de uma posição alta no mercado de trabalho, porque a concorrência iria ficar bem mais acirrada, e esses são só alguns dos muitos exemplos que ele citou.

Os alfas queriam continuar no topo, e as Asas da Liberdade ameaçavam isso.

"Mas, se você compactua com a ideia dos rebeldes, por que voltou 'pra casa, Taehyung?"

Porque eu não podia simplesmente fugir sem deixar pelo menos um bilhetinho 'pra minha mãe explicando o porquê de ter partido, e sem levar nenhuma roupa ou trocado comigo. Mas considerava, sim, ir embora.

Juntar-me a eles, talvez?

Eu definitivamente queria poder escolher com quem ia me casar — ou sequer se ia casar —, queria poder viajar sozinho por aí sem ser abordado ou cantado, queria poder fazer faculdade, trabalhar… Queria tudo isso.

Antes que possa continuar minha linha de raciocínio, os inibidores começam a agir e uma leve sonolência me atinge.

Pego mais alguns dos comprimidos na mesinha ao lado da cama, pronto para me dopar com aquilo. Essa era uma coisa que eu detestava fortemente.

Não me importava com quem eu iria ter minha primeira vez, as minhas pregas anais não me eram tão importantes, que dirá sagradas, apenas não queria sentir a dor do cio. Mas a minha mãe via a virgindade de um jeito completamente diferente, bem como Ryu; para eles, o nível da pureza de um ômega era algo crucial para conseguir uma boa companheira, então necessitavam que eu permanecesse virgem até o casamento.

Até porque é muito melhor arriscar a vida de seu filho único forçando ele a tomar drogas lícitas suficientes para dar-lhe uma overdose do que deixá-lo ter relações sexuais. Óbvio.

Para mim, essa sempre foi uma coisa que estava errada na nossa sociedade. Alfas podiam fazer sexo quando e com quem bem entendessem, mas ômegas deviam ser puros e betas deviam ser sigilosos a respeito disso. Mas por quê?

no rainbows | taekookWhere stories live. Discover now