[09] Um passo de cada vez.

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Junho, 1986.

Jeongguk me segurava firmemente pela cintura, por trás, com uma de suas mãos, enquanto que com a outra me cobria os olhos. A única coisa que eu sabia é que estávamos subindo constantemente, em um momento por escadas, em outro por algum tipo de elevador.

O alfa havia feito mistério de para onde iríamos durante todo o percurso. Não me deixou nem mesmo ver o nome do ônibus… Se não o conhecesse, diria que estava tentando me sequestrar ou algo assim.

— Guk, eu quero ver! — fiz um pequeno biquinho com os lábios.

— Já estamos chegando. — Jeon afirmou em um tom bem humorado.

— Você está dizendo isso há mais de meia hora, sabia? — perguntei de maneira retórica, ao que o alfa apenas riu. — Ei!

— Dessa vez é sério, Taehy. Estamos realmente quase lá… — Disse ao pé do meu ouvido.

Abaixo de meus pés, cobertos pelo calçado de sola fina, sentia o chão se tornar cada vez mais íngreme.

— Erga bem o pé agora. — Baixou o tom, sussurrando, me causando um arrepio por toda a coluna.

Fiz o que me foi pedido, mas não fora o suficiente; meu pé bateu em uma superfície aparentemente dura. Jeongguk, após isso, retirou a mão da minha cintura e a passou para a parte inferior do meu tornozelo, guiando a partir dele o meu pé.

— Certo, agora o outro. — Pediu e assim fiz. — Vou te ajudar a subir… Me prometa que só vai abrir os olhos quando eu pedir para abri-los.

— Ah, mas… — Tentei argumentar, mas fui rapidamente barrado.

— Por favor, Taehy… — Insistiu de um jeito tão doce que me vi sem opções a não ser acatar seu pedido.

Fechei os olhos e senti Jeongguk retirar a mão de cima deles. Pouco depois, fui embalado para a frente, tomando o cuidado de não ir nem 'pra trás — porque logicamente eu cairia —, nem muito adiante, já que não sabia o que estava diante de mim.

Segundos mais tarde, Jeongguk surgiu por trás de mim e, novamente, me cobriu os olhos, mas agora com as duas mãos.

— Um passo de cada vez. — Sussurrou.

Pé por pé, em sincronia. Eu sentia a ansiedade voltar a surgir aos poucos, e a dúvida de onde seria o local favorito voltou a me atormentar de um jeito agradável.

Oh, sim. Ele estava levando a mim, sua pessoa favorita, ao seu lugar favorito. Isso jamais sairia dos meus pensamentos.

— Pode parar. — Disse. Suas mãos foram descendo, percorrendo desde o meu rosto até minha cintura de um jeito bastante casto. — Ouvre tes yeux, mon ange.

Finalmente, abri os olhos.

Estávamos em um lugar extremamente alto, de onde podíamos ver o céu de fim de tarde, todo alaranjado, de Tóquio. E, junto dos inúmeros tons de laranja, amarelo e rosa, no centro da paisagem, estava o monte Fuji em toda a sua glória.

Senti as mãos de Jeongguk me circularem o tronco, abraçando-me por trás, e logo seu queixo estava apoiado no meu ombro.

— É lindo, não é? — ele perguntou. Estava tão fascinado pela vista que optei por apenas assentir. — Sempre que eu vinha 'pra Tóquio, eu fazia questão de vir até aqui. Era como meu botão de reiniciar, onde recarregava minhas baterias. Não sei nem explicar, mas me fazia tão bem.

Desviei o meu olhar do Fuji por um momento, encarando a face bela de Jeongguk logo ali, ao meu lado.

E, quando ele me olhou de volta, eu cedi aos meus impulsos e simplesmente o beijei, mesmo sem saber se tinham pessoas à nossa volta… Eu só queria sentir os lábios dele nos meus mais uma vez.

no rainbows | taekookWhere stories live. Discover now