[18] Seus olhos e ouvidos.

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Setembro, 1986.

— É com pesar que eu venho anunciar que Kim Taehyung, meu querido enteado, está desaparecido. — Ele fez uma pausa, suspirando; parecia nervoso com algo. — Já faz algum tempo, mas nós pensávamos até então que ele apenas estivesse em um momento de rebeldia, talvez chateado conosco por um motivo particular. Mas agora nós já não conseguimos suportar a preocupação que assombra nossos corações. — Olhou para todos ali, chegando a passar seus olhos por mim. — Por isso, nós pedimos que, por menor que seja, nos informem sobre qualquer coisa que ouvirem ou verem a respeito de nosso menino. Eu, desde já, agradeço! — se curvou.

Minha mãe estava um pouco atrás de si, com os olhos marejados, mas ainda sim sem perder aquela pose elegante que sempre tivera.

Eles convocaram uma coletiva de imprensa aberta ao público para fazer o tal anúncio e, por mais que ir até lá fosse um grande risco, eu precisava ver mamãe pessoalmente, ver como ela estava. Sempre me preocuparia com ela, afinal ela sempre seria minha mãe.

Meu cheiro era disfarçado por inibidores de odor, e agora, com a marca de Jeongguk, o meu aroma natural tornou-se fraco. Era como se o cheiro do Jeon tentasse se fazer presente através de mim. Não era ruim.

Meu alfa segurava minha mão sem se preocupar com os olhares de julgamento que nos eram lançados por algumas das pessoas que por ali estavam. Seokjin, Jimin e Yoongi, bem como Moonbyul e Hoseok, também estavam com a gente.

Se pode dizer que nós estávamos disfarçados, misturados à multidão.

No pequeno palco que montaram especialmente para Ryu, começaram a ser mostradas algumas fotos minhas em grandes cartazes. Talvez só ali eu tenha me tocado do quanto mudei esteticamente desde que fugi dos braços de minha progenitora para viver com meu alfa.

O Jeon vinha me treinando há apenas pouco mais de um mês, mas isso já fora o suficiente para me deixar um pouco mais forte. Confesso que quase sentia falta de minha pequena pancinha, a qual desaparecia cada vez mais rápido, mas continuaria bonito de qualquer jeito; essas coisas já não me incomodavam mais.

Logo que chegamos em Tóquio, eu havia comprado alguns piercings e brincos. Eles ficaram esquecidos em uma caixinha por todos esses meses, até que Jimin os encontrou e se ofereceu para colocá-los em mim. Agora, uma pequena argolinha enfeitava minha narina esquerda e brincos vermelhos brilhantes se faziam presentes em minhas orelhas.

A marca finalizada ocupava metade de meu pescoço. Havia a tatuagem do movimento no pulso, aquela que só Jeongguk podia ver e mais uma, uma cobra escura que agora rodeava parte do meu braço antes limpo, a qual fiz ainda esse mês em um surto; digo, sem pensar muito. Não tinha um significado, eu apenas achei legal e quis fazer.

Tinha meu cabelo também, é claro. Os fios prateados, antes com o corte sempre em dia, agora deram espaço para madeixas pretas, longas e constantemente bagunçadas. Eu me sentia bem assim, e Jeongguk particularmente também gostava.

— Acabou. — Yoongi anunciou. Com a máscara, somente seus olhos felinos estavam visíveis. — Vamos.

— Sim, vamos. — Jimin concordou. — Não gosto de ficar na presença dessa gente mais do que o tempo necessário.

Ajeitei minha própria máscara no rosto, logo voltando a segurar a mão de meu alfa. Ao encará-lo, percebi que sorria com os olhos.

— O que foi? — perguntei, sorrindo involuntariamente para ele enquanto já nos afastávamos.

— Nada em especial. — Deu de ombros, olhando para um grupo de músicos que tocavam uma bela música com instrumentos tradicionais do país não muito distantes de onde nós estávamos. — Quer ir assistir um pouco? Nós podemos tomar sorvete depois.

no rainbows | taekookWo Geschichten leben. Entdecke jetzt