[17] Alguém que você ama.

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Agosto, 1986.

Jeongguk era muito rápido, principalmente na aplicação de golpes. Poderia ser um karateca profissional, na minha nem tão humilde opinião.

— Você está bem? — se aproximou preocupadamente de meu corpo caído e exausto no chão, estendendo a mão. — Eu te machuquei?

— Não, 'tá tudo bem. — Segurei sua mão, impulsionando-me para frente para que pudesse sentar. — Só estou meio cansado mesmo, sensei.

Junto com o começo de agosto, veio uma frente levemente fria. Estávamos em uma época popular por chuvas e afins, então seria um período bastante desagradável para praticarmos lutas.

Por isso, Jeongguk queria aproveitar cada segundo para me deixar o mais preparado o possível para a tal missão. Ele andava muito preocupado e nervoso por causa disso, inclusive, Jimin também. Sentem que não estou pronto 'pra fazer algo do tipo, que preciso de mais tempo, mais prática, mas Yoongi e Moonbyul já estão decididos.

— Você luta muito bem! — elogiei o meu alfa, que sorriu, sentando-se na grama ao meu lado. — Seokjin me disse uma vez que você aprendeu sobre lutas em livros que sua mãe te deixou. Isso é verdade?

Ele me encarou, um pouco tenso.

Jeongguk nunca falava sobre a mãe.

Era quase como um gatilho. Sempre que tocavam em qualquer assunto que pudesse vir a envolvê-la, ele se retirava de imediato.

Em meses de envolvimento, nem mesmo descobri o nome da mulher, por mais que fosse visível no olhar de meu alfa que ele a amava de verdade. Havia algo que sempre lhe impedia de falar dela.

— Gukie? — chamei, visto que o Jeon desviara o olhar de mim para o horizonte.

Senti sua mão em cima da minha, a acariciando cuidadosamente.

— É, é verdade sim. — Revelou. — A maioria das coisas que sei sobre ela vieram do Seokjin ou dos livros dela.

— Não a conheceu? — perguntei, receoso.

— Ela… ela se foi quando eu era muito novo. — Olhou para nossas mãos, puxando-me para mais perto. Sorriu pequeno. — Costumava cantar músicas 'pra mim quando eu não conseguia dormir enquanto fazia carinho no meu cabelo. E ela cozinhava tão bem…! — riu fraco. — Eu sempre lhe via lendo aqueles livros ou então escrevendo. Ela amava literatura. E a praia, era apaixonada pela água cristalina das praias de Okinawa.

— Como era o nome dela? — deitei a cabeça no ombro alheio, ainda segurando sua mão.

— Jeon Haseul.

Seokjin me pediu, tempos atrás, para perguntar a Jeongguk sobre uma tal Haseul… Com tudo que vinha acontecendo, acho que acabei me esquecendo de fazê-lo.

— Que nome bonito. — Comentei.

— Eu também acho. — Suspirou. — Tão perfeito quanto ela…

Acariciei as costas da mão do Jeon, sorrindo levemente por tê-lo se abrindo tão confortavelmente para mim.

— Por que não fala muito dela? — resolvi perguntar, percebendo que logo o Sol viria a dar espaço para o brilho da lua.

— Minha mãe… era uma pessoa muito boa, ela sempre pensava nos outros antes de pensar em si mesma. — Contou. — É por causa dessa filosofia que Jin e eu estamos vivos hoje, e ela não. — Suspirou. — Falar dela me deixa com uma sensação ruim no peito… Ela fez o que fez apenas para que Seokjin e eu pudéssemos ter vidas normais, não havia uma real necessidade.

no rainbows | taekookWhere stories live. Discover now