Monótono

Capítulo 18 : Brasas

Embora eles tenham passado a semana passada dormindo na mesma cama, Wangji ainda se perde em palavras toda vez que acorda com a visão de Wei Ying enrolada contra ele. A primeira coisa que ele nota é o perfume avassalador de flores de lótus e orvalho da manhã, mais do que o normal. Saboreando este momento, ele respira e aperta os braços em volta do homem adormecido.

A luz do sol brilha das aberturas das cortinas, riscando ouro na pele nua de Wei Ying. À luz, seu cabelo brilha em diferentes tons de marrom e preto. Há muito tempo, quando ainda eram adolescentes ingênuos, Wangji observava a luz do sol pintar o cabelo de Wei Ying, até que a manhã se transformava em tarde, e até Wei Ying sair com o mesmo sorriso que ele raramente caía. Depois que ele se voltou para o cultivo demoníaco, os sorrisos não eram mais genuínos e sua risada foi amarrada com uma zombaria amarga, em vez da alegre animação que Wangji havia adorado.

Foi uma experiência dolorosa; assistir o homem que você amava - o homem que você ama - se transforma em alguém que você não reconhecia. Independentemente do quão longe Wei Ying se jogasse na escuridão, Wangji o amava. Ele amava Wei Ying, que passou mais tempo desenhando-o do que copiando as regras de Gusu Lan; ele amava Wei Ying, que roubou sua fita da testa - junto com todas as suas implicações - sem saber nada sobre o caos que causou ao coração de Wangji. Ele amava Wei Ying, mesmo depois de se perder e afastar Wangji com palavras que ainda doem ainda hoje. Ele amou Wei Ying depois que morreu e renasceu em um novo homem com o mesmo rosto, a mesma tristeza que assombrava seus olhos cinzentos. Ele ama Wei Ying agora, mais do que ele jamais pensou que poderia.

Wangji afasta os fios que caem sobre os olhos de Wei Ying. Um sorriso ameaça puxar seus lábios e ele permite. Não há ninguém aqui além deles, e ele sempre lutou para manter suas defesas em torno de Wei Ying de qualquer maneira.

Enquanto passa os dedos pelos cabelos de Wei Ying, ele percebe as marcas que agora cobrem seu pescoço e ombros. A mão de Wangji endurece. Sua preocupação é de curta duração, lembrando de repente todos os detalhes do que ocorreu entre eles na noite passada. Em um instante, sua cabeça está cheia de imagens de Wei Ying agarradas a ele; a coluna do pescoço quando ele jogou a cabeça para trás, gritando seu nome para o mundo inteiro ouvir. Tudo tinha sido uma correria e Wangji admitiu que perdeu o controle. As marcas e contusões que agora estragam o corpo de Wei Ying são uma indicação clara disso.

Ele se arrepende? Não ... de jeito nenhum. Ele anseia muito pelo dia em que poderia tocar em Wei Ying e mostrar a extensão de seu amor por ele. Enquanto Wei Ying ainda não sabe tudo, Wangji espera que ele tenha sentido algo durante o tempo que passaram juntos.
Ele passa os dedos sobre a cintura de Wei Ying, desenhando linhas ao longo dos machucados que se formaram durante a noite. A princípio, ele se preocupa por ter machucado Wei Ying, mas é seguido pelo inegável sentimento de satisfação que surpreende Wangji. Ele se lembra da maneira como Wei Ying se apegava a ele, como seus corpos se sentiam pressionados um contra o outro, que enlouquecedor era afundar no calor de Wei Ying e ouvir como ele gemia por mais ...

Wangji engole o caroço que se forma na garganta. É claro que Wei Ying destruirá o autocontrole que ele construiu por quase três mil anos em uma única noite. Só ele.

Um murmúrio quase inaudível vem de Wei Ying. Seus cílios se abrem. Como sempre, seu lábio inferior se projeta; uma indicação clara de que ele não é uma pessoa da manhã. É o mesmo procedimento todas as manhãs; Wei Ying irá encarar o que seus olhos pousaram antes de reunir seus sentidos e acordar completamente.

"Hmm ... bom dia, Lan Zhan", ele murmura. Embora suas pálpebras estejam caídas novamente, Wei Ying oferece a ele um sorriso torto.

Wangji o puxa para mais perto. "Bom dia, Wei Ying."