Capítulo 30: Caleidoscópio

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Traduzido e revisado pela fujoshipqsim

Os recantos da nuvem cerca de 2800 anos atrás

Escondida no meio dos limites seguros das montanhas, havia uma pequena cabana cercada por flores de gentianas. Elas balançavam na brisa, um forte contraste de azul brilhante contra a noite escura. Dizia-se que essas flores eram tão bonitas que iluminavam a visão solene da casa solitária, mas, apesar disso, era raro alguém vir e apreciar a vista. Apenas uma mulher residia no chalé, e nem ela se aventurou a apreciar o jardim.

A noite estava quieta, como todas as noites nos recantos da nuvem. Estava chegando o momento em que todos iriam se aposentar. É verdade que nem uma única alma percorreu os caminhos silenciosos da montanha naquele momento. No entanto, se alguém ousasse, eles não apenas ouviriam os gemidos assustadores do vento da tarde, mas também os sussurros de crianças de dentro da cabana.

Se tivessem curiosidade suficiente, veriam uma mulher sorrindo para os filhos, sem tirar os olhos deles. Seus sorrisos eram apreciados pelos meninos, que raramente a viam desde o dia em que nasceram. Um deles - o mais velho do casal - estava sentado junto à mãe, folheando um livro que haviam lido inúmeras vezes durante as visitas aqui. A criança mais nova estava aninhada nos braços da mulher, ouvindo o irmão recitar a mesma história várias vezes.

É claro que ninguém nunca foi curioso - ou tolo - o suficiente para se aventurar perto da cabana. A mulher que residia lá nunca foi embora. Os rumores diziam que ela estava doente, presa em uma casa onde ela lentamente se secou. Outros se perguntavam se havia outra explicação; um motivo mais sombrio do porquê a dama nunca deixou sua casa e por que o marido nem sequer morava com ela.

Independentemente disso, as fofocas eram proibidas nos recessos da nuvem. Como tal, os rumores se dissiparam em nada, e o chalé era apenas um lar solitário entre as gentianas azuis.

"Mãe, você não fica sozinha aqui?", Perguntou a criança mais velha.

Se a mãe deles estava sozinha, ela não demonstrou. Muitas vezes, seus filhos a pegavam olhando pela janela, olhando silenciosamente para as montanhas que escondiam o resto do mundo. Talvez, se fossem mais velhos, mais observadores, tivessem lido a estranha expressão em seus olhos como saudade.

Mas eles eram apenas crianças. Eles não poderiam saber, não ainda.

Como sempre, sua mãe os tranquilizou com sorrisos gentis e olhos quentes. Ela puxou os meninos para mais perto.

"Eu tenho vocês dois. Estou ansiosa para cada uma de suas visitas", ela dizia todas as vezes.

A criança mais nova se aconchegou mais perto, abraçando o pescoço da mãe. "Mas não estamos aqui o tempo todo."

A mãe deles riu. Ela era quieta e quase não ria. Para os meninos, foi o som mais adorável que eles já ouviram. "Isto é suficiente."

Foi o suficiente, para aquela noite. A cada noite que passava e se transformava em semanas, meses, anos, talvez não fosse mais o suficiente. A mãe continuava olhando pela janela, imaginando quando seus filhos se tornariam adultos, imaginando se ainda estaria lá para testemunhar.

Um suspiro que só ela podia ouvir escapou de seus lábios. Como hábito, sua cabeça virou-se para a janela aberta.

"Ah, olhe", disse ela. "Já está escuro."

Em uníssono, os dois meninos olharam para fora. O céu era um cobertor preto, pontilhado de estrelas. Enquanto a visão era linda, os três sabiam que não demoraria muito até que as crianças tivessem que sair. Eles já haviam superestimado sua visita.

Monótono  Where stories live. Discover now