Prólogo

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''I love him but he loves everybody''– desconhecido.

Arabella

Eu não estava animada para comemorar o meu aniversário, desejava poder cancelar aquela pequena confraternização entre amigos no meu apartamento e ficar no meu quarto lendo um livro ou assistindo a algo que me distraísse, mas ainda assim sabia que não conseguiria fazer nenhum dos dois.

Como era possível que uma única pessoa tivesse me afetado tanto daquela maneira? Era ridículo. Eu não era assim e de repente me via naquela situação.

Lutava contra a mágoa, contra as peças do meu próprio quebra cabeça bagunçadas dentro de mim todos dias tentando seguir em frente, geralmente eu era boa nisso, seguir em frente. Sempre soube que não precisava de outra pessoa para me completar, eu já era completa, mas quando o conheci, quando deixei que se aproximasse eu transbordei e de repente não mais transbordar era uma sensação horrível.

Eu sentia sua maldita falta.

Scott ficaria cravado no meu peito como uma cicatriz por muito mais tempo do que eu esperava. Gostaria que aquela sensação se esvaísse depressa, mas tinha que trabalhar a minha paciência e a esperança de que o tempo curasse as coisas.

Aaron entrou em meu quarto através da porta que eu tinha deixado aberta despertando os meus pensamentos.

- Atrapalho? – ele se aproximou sentando-se na minha cama ao meu lado.

- Não – voltei meu rosto na sua direção desfocando minha atenção do livro que eu na verdade não estava mais lendo a um bom tempo.

- Precisamos arrumar as coisas antes que nossos amigos cheguem – disse ele com as sobrancelhas erguidas e um sorriso animado.

Sorri de volta mesmo que não estivesse muito no clima.

- Não sei mais se quero fazer esse aniversario – comentei fechando o livro e o larguei sobre o colchão.

- Bem, não há tempo mais de desistir minha linda. Nossos amigos a essa hora já devem ter atravessado todas as cidades e estados para vir te ver.

- Eu sei – inspirei fundo me levantando da cama e estiquei meus braços e pernas – Eu só... Estou tão exausta de tudo.

Aaron ficou em silencio me observando caminhar em meio ao quarto e parar de frente ao espelho. Eu não havia estado tão triste daquela maneira a muito tempo, o que diabos havia de errado comigo? Deveria ser forte o suficiente para aguentar o desfecho de um relacionamento que não tinha dado certo.

- Odeio te ver dessa maneira – ele olhou para mim através do espelho.

- Eu também – dei de ombros notando o livro que Scott havia me dado de presente sobre uma das minhas prateleiras do quarto.

- Ele continua te ligando? – senti em seus olhos e na expressão de seu rosto a raiva que ele sentia de Scott.

- Bloqueei o telefone – mesmo que achasse que não deveria porque não faria a menor diferença em relação ao que eu sentia sobre ele.

Na noite passava eu havia atendido e fiquei em silencio. Não disse nada, apenas escutei sua voz, rouca, triste, preocupada e talvez um pouco bêbada. Ele chamou pelo meu nome, perguntou como eu estava e o que havia acontecido até dizer que sentia a minha falta e eu o deixei sem nenhuma resposta porque simplesmente não conseguia falar algo sem que acabasse chorando e então desliguei a ligação ainda em silencio.

Scott me deixava mensagens de voz, as quais eu não suportava ouvir e então decidi que a melhor solução seria nem ao menos recebê-las.

- Ótimo – disse Aaron se levantando da cama e veio até mim – Agora você precisa se animar e se divertir um pouquinho com seus amigos. Seu aniversário é um excelente começo, você sempre gostou de comemorar essa data.

Seus braços me puxaram de costas contra o seu peito e ele me abraçou.

- Pense no seu bolo favorito de chocolate que Megan está trazendo e no espumante rose que compramos – ele sorriu gentil – E em toda a pizza que vamos pedir essa noite.

Sorri em meio ao seu sorriso bobo. Eu tinha sorte por ter Aaron na minha vida, quando meu pai não estava por perto, ele era a minha melhor companhia.

Eu não precisava do Scott na minha vida, não precisava daquele relacionamento que apesar de ter me feito a pessoa mais feliz do mundo, agora parecia me destruir. Talvez tivesse sido um erro ter me deixado levar pela empolgação dos seus olhos azuis perfeitos, seu sorriso bonito e inteligência inesperada que eu encontrava em todas as nossas conversas. Talvez ele nunca tivesse gostado de mim de verdade, eu é quem havia o inventado e me apaixonado por o que inventei. A verdade é que eu estava triste pela maneira como havia acabado toda aquela história, queria manter todas as coisas boas apenas elas e não me apegar as partes ruins. Eu não odiava Scott por mais que tentasse por mais que doesse o que ele tinha feito comigo e queria que ele fosse feliz mesmo que eu não fosse o amor da sua vida, como eu achava que ele podia ser da minha.

Queria não criar mais expectativas sobre amar, ser amada, sobre amor.

AS ARABELLAWhere stories live. Discover now