Capítulo 2

590 53 1
                                    

''Ficar longe dela me machuca, me deixa triste. Vou tentar achar outra maneira de fazer isso funcionar. Eu odeio espiar, nunca aprendo, mas, espero aprender rapidamente porque é melhor você vigiar sua boca sei tudo sobre o que você é, por completa.'' To (The Neighbourhood).

Scott

Minhas ligações continuavam caindo direto em sua caixa postal e eu estava a um ponto de pirar. A meses não fumava ou bebida qualquer coisa e de repente aquela tarefa estava começando a ficar cada vez mais difícil, porque eu não conseguia entender porque ela não queria falar comigo do dia para noite como se a distância que eu tanto tinha lutado para desaparecer entre nós de repente tivesse se transformado em um maldito oceano.

Porra.

Que merda eu havia feito de errado? Eu sabia que Arabella era reservada, tentaria resolver um problema sozinha dezenas de vezes antes de falar sobre ele com alguém ou pedir ajuda. Ela era cautelosa, pensaria e guardaria as coisas para si pelo o máximo que conseguisse. Mas aquilo não fazia nenhum sentido para mim diante daquela situação idiota em que ela não atendia meus telefonemas ou respondia minhas mensagens.

Em um dia estávamos felizes, acordando juntos em sua cama depois de uma noite maravilhosa em que eu não conseguia parar de me enterrar nela e no outro de repente ela havia sumido, desaparecido da minha vida como um sopro sem nenhuma explicação.

Eu definitivamente não estava acostumado com aquilo.

A única vez em que me atendeu eu estava bêbado e preocupado, mas não ouvi nada além de sua respiração através da linha até que ela desligou na minha cara. Caralho. Eu definitivamente estava ficando louco.

Decidi que iria até o seu apartamento a procura dela, de respostas, descobrir o que havia acontecido.

A porta se abriu e meu coração parecia querer sair da boca na esperança de que seria ela a sair daquele apartamento, mas minha empolgação acabou quando vi uma figura negra e alta a minha frente. Aaron fechou a porta atrás de si e voltou seu rosto para mim com uma expressão que não me animava nem um pouco.

- Onde está ela? – perguntei de uma vez por todas, não queria perder meu tempo enrolando sobre o porquê de estar ali.

- Ela não está aqui – ele afirmou de uma maneira bastante convincente, mas eu não acreditava nele.

Quando cheguei ouvi vozes, e o som alto de uma música que eu diria se tratar dos anos oitenta.

- Não acredito em você. Preciso entrar e falar com ela – falei dando um passo à frente, mas Aaron me impediu se colocando entre a porta alto e imponente.

Eu nunca o tinha visto daquela maneira, seus olhos e maxilar cerrados em uma expressão séria. Nós tínhamos praticamente a mesma altura e porte físico o que não tornava Aaron menos intimidador.

- Não me importo se você acredita em mim ou não – ele falou em tom ríspido – Ela não quer falar com você então acho melhor você dar o fora daqui Scott.

Soltei uma risada espontânea.

- Você não pode estar falando sério.

- Nunca falei tão sério na minha vida como agora.

- Que porra está acontece aqui? Você pode me explicar, por favor? – ergui as sobrancelhas irritado – Porque ela de repente desapareceu sem nenhuma explicação, eu só estou tentando entender que merda é essa.

Aaron soltou uma risada irônica, mas não deixou de transparecer a raiva que agora eu via mais transparente do que antes na sua postura e em seus olhos direcionados a mim.

- Caralho, você é realmente um idiota. Deveria ter pensado melhor antes de fazer a merda que fez – ele vociferou como se estivesse prestes a me dar um soco na cara – Ela não merecia isso, e pensar que eu realmente achei que você gostava dela. Emma de novo? Sério. Vai se foder.

Não me importei com ele me insultar daquela maneira. Eu estava confuso com o que acabava de ouvir.

- De que porra você está falando? – olhei para ele a procura de respostas.

Aaron serrou o maxilar mais uma vez furioso, ele respirou fundo voltando seu olhar para uma lixeira ao lado da porta. Ele vasculhou os papeis que havia ali e puxou uma revista completamente amassada no meu peito com força.

Eu estava na capa.

Celebridades e seus relacionamentos abertos: Scott Miller a nova sensação do mundo do rock é visto com a namorada do DJ Miles Dowson em clima de intimidade.

Dizia as letras da matéria, porra.

Caralho!

Que merda era aquela? Emma estava perto de mim, nossos sorrisos na foto e aquelas letras garrafais faziam parecer que eu e ela estávamos tendo algo. O que não tinha acontecido, não arrisquei nem ao menos abrir aquela porcaria fincando meus dedos no papel e o apertei nas minhas mãos desejando que eu jamais a tivesse encontrado naquela maldita festa. Eu nem ao menos deveria estar lá. Porra. A bile da raiva subia nas minhas veias e sobre todo o meu corpo, milhares de pensamentos inúteis e xingamentos se passaram por a minha cabeça.

Imaginei Arabella vendo aquela merda e todas as mil coisas que ela havia pensando e continuava pensando sobre mim, sobre aquelas fotos, aquela matéria e Emma. Se eu soubesse quem tinha publicado aquela merda o mataria sem pensar duas vezes naquele exato momento.

Respirei fundo enquanto Aaron me observava, agora eu entendi o porquê de ele estar completamente cego de ódio de mim.

- Isso. Porra... Eu posso explicar Aaron, só preciso ver ela – eu praticamente implorei.

- Ela não quer ver você cara – ele falou indiferente, Aaron era uma muralha impenetrável e eu não esperava que estivesse ao meu lado – E só para você saber. Se de alguma maneira tentar se aproximar sem o consentimento dela, ou tentar machucar Arabella de novo, eu vou protegê-la.

Ele se pôs contra mim.

- Posso não gostar de mulheres, mas continuo sendo um homem e não tenho restrição nenhuma em acabar com o seu rosto bonito – ele me encarou furioso – Vá para casa Scott e esqueça ela.

Ele bateu a porta com força na minha cara.

Eu amassei a porcaria daquela revista a destruindo e joguei de volta no lixo, lugar de onde nunca deveria ter saído. Me amaldiçoei por completo. Esquecer ela? Impossível. Nunca faria aquilo.

Pensei em bater na porta, tocar a campainha mais uma vez e insistir. Mas ela não queria me ver ou falar comigo e aquilo me matava por dentro a cada segundo.

Maldição.

Me afastei relutante dali, sem saber o que fazer.

Deveria ter contado a ela quando tive a oportunidade sobre aquela noite em Nova Iorque, mas a porcaria do medo de a deixar chateada comigo era maior, as coisas estavam indo tão bem entre nós, o sexo era incrível e a companhia mais ainda. Não queria perder ela, a afastar de mim mais uma vez e agora eu havia conseguido exatamente o que não queria.

Meu cérebro e meus nervos imploravam por algo que amenizasse aquela maldita dor no meu peito.

Desci as escadas e fui até minha moto do lado de fora, aquela noite tinha acabado de se tornar uma das piores da minha vida.

AS ARABELLAOnde histórias criam vida. Descubra agora