Capítulo 23

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''Look at what you've done.'' – desconhecido.

Scott

Eu não sabia ao certo o que pensar sobre hospitais, em certa época da minha vida quando era apenas um garotinho achei que quisesse ser médico e salvar vidas, mas, conheci a guitarra e o prazer de tocar o instrumento até os meus dedos calejarem me deu a certeza do que queria fazer para o resto da minha existência. Ser músico, guitarrista nem para isso eu tivesse que tirar a porcaria do diploma de engenharia para agradar os ânimos dos meus pais por um tempo. Aquelas paredes brancas não tinham definitivamente nada a ver comigo.

Uma enfermeira pediu para que eu e Arabella acompanhássemos ela até a sala do médico, aquela mais uma das inúmeras consultas que ela tinha marcado. Na maioria delas eu a acompanhava, mas, aquela era a primeira vez que eu iria entrar no consultório ao seu lado porque tinha decidido que queria viver aquela experiência junto a ela além do mais segundo a enfermeira naquele dia poderíamos descobrir o sexo do bebê.

Senti uma ansiedade repentina tomar conta de mim quando Arabella deitou sobre a cama reclinável do hospital e o médico tocou sua barriga passando um gel transparente sobre ela. Uma imagem distorcida foi se formando aos poucos sobre a tela a nossa frente e o médico estendeu sua mão livre para poder regular um barulho baixo que logo era perceptivelmente audível e que foi ficando cada vez mais forte e em um ritmo sincronizado.

- Por acaso esses são os batimentos do coração do nosso bebê? – perguntei estranhamento entusiasmado.

- Sim e são batimentos regulares e bastante fortes, não é? Isso significa que o bebê está em perfeitas condições – confirmou o médico.

Arabella sorriu e eu ainda estava concentrado demais nas batidas envolvendo a sala. Cassete. Eu podia dizer que aquilo era como música para os meus ouvidos? A sensação era estranha, mas, de um jeito bom que eu não conseguia descrever.

- Vocês vão querer saber se é menino ou menina hoje certo? – o médico sorriu entusiasmado.

- Sim – respondi antes mesmo de Arabella que tentou conter uma risada.

- Ok – o médico assentiu analisando a tela a sua frente enquanto uma ansiedade lancinante tomava conta do meu corpo inteiro.

Caramba, ele podia muito bem ir mais rápido com aquilo e não fazer aquilo maldito suspense que estava me matando por dentro. Os dedos de Arabella se entrelaçaram nos meus e eu não sabia mais distinguir se era ela ou eu que estava tremendo e com a mão fria. Provavelmente era a minha. Tinhas conversado sobre aquilo na noite passada e ela achava que poderia ser um menino e até mesmo teve algumas ideias para nomes, mas, eu não estava muito convicto daquilo.

- Olha só vocês vão ter a companhia de uma garotinha daqui uns meses. É uma menina. – o médico disse.

Arabella parecia surpresa e eu definitivamente não sabia o que estava se passando na minha cabeça. Uma menina. Porra. Uma menina. Um sorriso largo se espalhou sobre o meu rosto sem que eu me controlasse.

- O que esse sorriso significa? – a voz de Arabella chamou minha atenção.

- Eu não sei... Eu... – respirei fundo notando que tinha perdido o meu ar – Eu acho que estava desejando que fosse uma menina – as palavras saíram inconscientes da minha boca.

Sim. A maioria dos homens estaria surtando de triste por não ter um filho homem e eu estava surtando porque ia ter uma garotinha e aquilo era um máximo, agora eu teria duas garotas para cuidar e mimar. Arabella e nossa filha e eu estava tão animado com aquela ideia que a um tempo atrás poderia soar como a pior maluquice de todos os tempos no meu cérebro que agora poderia soltar fogos de artifício para toda a California ver o quanto eu estava feliz.

Notei uma lágrima escorrer pelo rosto de Arabella, mas, ela estava sorrindo enquanto olhava para o meu rosto o que significava que ela estava feliz passei meu polegar impedindo a lágrima de continuar a deslizar sobre o seu rosto lindo.

- Vou deixar vocês um pouco a sós – disse o médico com um sorriso gentil ao se retirar.

Aproveitei o momento e beijei os lábios de Arabella não podendo conter toda a emoção dentro de mim.

Arabella

Eu ainda estava um pouco desconfiada do quanto Scott estava entusiasmado com a ideia de que nosso bebê era uma menina, não esperava por aquela reação. Em geral homens tende a querer filhos homens por achar que são melhores para assistir futebol ao algo sexista do tipo enquanto meu namorado estava empolgado para poder ensinar nossa garotinha a tocar guitarra. Não pude deixar de rir diante a ideia e maneira como ele sorria diante aquilo havia me deixado empolgado e feito com que a minha paixonite aguda por aquele homem aumentasse ainda mais o que até mesmo levou ao atacar dentro do carro antes de chegarmos à casa do meu pai para um jantar em família que tínhamos marcado.

Deus, eu estava morrendo de tesão e felicidade.

Agora eu só precisava começar a pensar em nomes de meninas agradáveis porque eu não fazia a mínima ideia de qual nome dar para minha menininha.

Já estávamos todos a mesa comendo e conversando quando contei a notícia sobre o sexo do bebê. Eu não. Scott porque ele realmente continuava empolgado com aquilo.

Meu pai também parecia ter gostado da ideia de que iria ter uma netinha e Aaron deu um grito entusiasmado dizendo que assim que ela crescesse ele ia ser o seu tio preferido por poder ensiná-la truques de maquiagem maravilhosos. Rose e o marido que também estavam ali e eram parte da minha família nos parabenizaram e contaram um pouco da experiências deles em ter uma filha, ela até mesmo disse que iria fazer sapatinhos de crochê para mim, o que me fez lembrar da minha mãe.

Queria que ela estivesse ali entre nós, por mais que não tivéssemos convivido por muito tempo juntas tinha certeza de que ficaria feliz tanto quanto todos naquela mesa com a notícia. E na verdade mama seria a primeira pessoa a quem eu teria contado, sentia tanta falta dela naquele momento.

AS ARABELLAWhere stories live. Discover now