Capítulo 27

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''Fairy tales don't always have a happy ending, do they?'' – desconhecido.

Emma

Fui cometida por uma onda de choque quando recebi as mensagens da minha irmã. Ela estava no hospital preocupada e aflita em relação a vida de Arabella e eu apenas não conseguia raciocinar direito depois daquilo. Meu corpo todo entrou em transe. A última vez que tínhamos nos visto foi na festa de aniversário de um ano do meu único sobrinho e as coisas não havia saído muito bem, eu tinha sido uma imbecil como de costume porque estava estressada com o idiota do meu namorado e acabei descontando em pessoas que não mereciam toda a bagunça que eu era. Apesar de tudo que envolvia a nossa história eu me importava com Arabella e Scott e não conseguia nem ao menos imaginar o quanto ele estava sofrendo diante tudo aquilo.

Eles estavam felizes juntos e formariam uma família linda, mas, agora tudo era incerto. Eu o vi ao longe quando cheguei até ali e nunca o vi tão destruído como estava, senti meu coração partir em mil pedaços como se tivesse sido cortado sobre uma navalha. Me escondi em meio a um corredor antes que ele me visse por que não acho que a minha presença ajudaria em algo, na verdade não avisei a ninguém que tinha vindo até o hospital naquela tarde. Pedi algumas informações a uma amiga que trabalhava ali e consegui chegar até o corredor onde ficavam as crianças recém nascidas. Não sabia se estava preparada para aquilo, mas, caminhei em meio ao corredor mesmo assim, mesmo sabendo que meu contato com crianças e bebês me causavam recordações das quais não queria lembrar.

Aproveitei o momento quando ninguém estava por perto para me aproximar do vidro da sala onde ficavam as caminhas de acrílico avistando a pequena figura branquinha de cabelos negros e olhos azuis feito vidro.

Sorri comigo mesma segurando as lágrimas idiotas que ameaçavam cair dos meus olhos. Ela era tão linda e era tão injusto que a vida tirasse Arabella daquela pequena criança. Deus. Supliquei aos céus para que ela sobrevivesse.

- Ela linda, não é? – comentou uma voz masculina suave ao meu lado me acordando para a realidade – Assim como a mãe. 

- E o pai – levei a ponta fria de um dos meus dedos ao meu olho afastando um gota de lágrima tento não transparecer que estava realmente quase chorando.

Voltei minha atenção para o cara ao meu lado, me lembrei dele no casamento de Will e Sara enquanto acompanhava Arabella e também já o tinha visto em outra ocasião com ela quando meu irmão me obrigou a ir até o hospital marcar uma consulta com uma psicóloga a qual eu nem ao menos cheguei a frequentar. Meus olhos seguiram para o crachá preso em seu jaleco branco que possuía uma foto três por quatro onde ele não usava óculos como agora estava usando a minha frente. Travis Ross. Seu nome não me era estranho, mas estava tão atordoada para me recordar de onde conhecia aquele nome de verdade que ignorei.

Eu só conseguia pensar em Scott e como ele estava e em Arabella desacordada e naquele bebê a minha frente. Deus. Eu não deveria me importar com nenhum deles.

- Como você consegue? – voltei minha atenção para o médico.

- Do que está falando? – ele voltou sua atenção para mim confuso.

- Arabella. Você a ama, não é? – deixei escapar meus pensamentos – E ainda assim está aqui olhando para o bebê dela com outro homem e os ajudando...

Droga. Minha mente estava uma bagunça.

- Bem, amor é isso não? Querer ver o outro feliz mesmo que não seja ao seu lado – ele sorriu de uma maneira triste, mas ainda assim gentil – Gosto de pensar assim e além do mais sou médico então meu dever é salvar vidas e cuidar das pessoas.

Assenti em meio a um sorriso fraco que deixei escapar sem querer. Aquela era uma maneira altruísta de pensar, eu costumava pensar daquela maneira também antes de me deixar corromper pelas consequências da vida. De qualquer maneira eu estava ali sem saber ao certo o porquê.

- Como ele está? – perguntei voltando minha atenção para garotinha a minha frente.

Ela era uma mistura perfeita de Scott e Arabella. Olhos azuis mais claros que o céu, cabelo castanho escuro, pele clara e um narizinho perfeito que me lembrava o da minha amiga. Ex-amiga, me corrigi mentalmente.

- Péssimo – Travis respondeu com a voz tremula – Temo que se ela não acordar ele não vai aguentar por muito tempo.

Um temor passou pela minha corrente sanguínea.

- E qual é o quadro dela? – voltei meus olhos para ele preocupada.

- Estável a pequena cirurgia correu bem – uma onda de alivio momentâneo se passou pelo o meu corpo – Mas continua ligada por aparelhos e não sabemos quanto tempo pode levar para acordar ou se isso vai realmente acontecer.

- Ela é forte – comentei tentando acalmar os meus próprios medos – E vai acordar, ela precisa acordar.

Falei aquelas últimas palavras com tanta convicção de mim mesma enquanto observava a bebezinha a minha frente. Engoli em seco eu não podia ficar ali por muito mais tempo por mais que quisesse. Tinha aceitado a proposta de Miles de ir com ele para Los Angeles, eu precisava me afastar de tudo e todos daquela cidade seria o melhor para eles.

- Pode entregar isso a ela quando ela acordar por favor? – peguei a cesta que estava ao meus pés embrulhada em plástico transparente com estrelas e um enorme laço azul Tiffany – Não precisa dizer que é meu. Eu só... Só gostaria que ela recebesse.

Travis olhou para a cesta nas minhas mãos, dentro havia um enxoval de bebê de tecido macio branco e renda creme que uma vez enquanto andávamos juntas no shopping Arabella tinha dito que se tivesse um filho gostaria comprar um daqueles e junto coloquei o ursinho que eu disse que compraria para um filho meu, um leão cor de creme que combinava com o enxoval. Um nó se fez na minha garganta e agradeci mentalmente pelo médico ter assentindo e pegou a cesta das minhas mãos.

- Obrigada – agradeci dando uma última olhada para a bebê se espreguiçando em meio aos tecidos do hospital.

Uma enfermeira entrou na sala para a levar dali e eu aproveitei a deixa para ir embora.

AS ARABELLAWhere stories live. Discover now