despair - Capítulo 23

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⌠ the joʏ ɑnd the chɑos · ✧ル ⌡
໑ the demons : we're mɑde of.

Manhã de terça-feira. O sol já estava nascendo, seus raios adentraram pelas frestas das janelas de vidro, sua luz dando uma breve arejada com sua vasta iluminação para o cômodo. As pálpebras de Robert se abriam em um movimento lento conforme a iluminação incomodava seus olhos, seu corpo estava aconchegado entre travesseiros macios e cobertores felpudos e quentes, seus braços envolviam sua bela mulher em um abraço, o corpo de Gwyneth ainda estava adormecido com lábios entreabertos e sua respiração calma e lenta, seu peito subindo e descendo de forma lenta, o expirar de seu oxigênio fazendo cócegas na pele exposta do pescoço de Robert. Em um movimento calmo e cuidadoso, acariciou os fios macios e loiros da amada, que brilhavam com o bater dos raios de sol, retirou os fios que insistiam em ficar sobre seu rosto, depositou um casto beijo em sua testa pálida, e com total cautela, retirou seus braços em torno de Gwyneth. Ajeitou os cobertores ao corpo de sua mulher, se certificando de que ela estava totalmente quente e aconchegada. Levantou da cama macia, e em passos lentos saiu do enorme quarto de casal. Sua rotina era a mesma todas as manhãs, seus passos já eram calculados todos os dias, despertava de seu sono e saia do quarto, após sair do cômodo descia pelas as escadas que davam acesso a cozinha no andar de baixo, preparava um café quente e forte para sustenta-lo para mais um dia de trabalho duro e árduo, voltava para o quarto para se arrumar e tomar um banho calmo e refrescante, e saía de casa já em direção a empresa, e apenas retornava quando o céu escurecia. Mas hoje seus cálculos mudaram. Robert parou em frente a uma porta de madeira escura, memórias enchiam e rondavam sua mente, ele não havia entrado naquele cômodo à muito tempo. Com o coração acelerado e um pouco abatido e apertado, Robert abriu a porta. O cômodo parecia um quarto normal, uma cama grande de casal com lençóis devidamente esticados e arrumados, limpo e iluminado, mas não era um cômodo qualquer. Era o quarto de Louise. Ele não esperava que ela voltasse para casa, sabia que Tom Holland seria capaz de conquistar o coração da filha, mesmo que demorasse algum tempo, mas ele conseguiria, e ele conseguiu. Mesmo sabendo que sua menina nunca mais dormiria naquela cama, que nunca mais iria ver o rastro de uma sombra correr em direção ao seu quarto e dormir ao seu lado em noites de pesadelo, ele ordenou que seu quarto continuasse o mesmo. Os mesmos móveis, do jeito que a filha sempre gostava e organizava seu quarto, ele gostava de saber de que apesar de não ter sua pequena menina nos seus braços, suas lembranças eram fortes ao deparar seu quarto sendo o mesmo. Seu mesmo cheiro, suas mesmas pelúcias que guardou durante anos, suas fotos espalhadas pelo cômodo. Era inevitável não sentir um vazio se alastrar pelo seu peito, um buraco instalado em seu coração, ele sentia a falta da filha todos os dias. Nenhum dia havia sido igual desde quando ela havia saído de casa com uma aliança entre os dedos, doía todos os dias não ver seu sorisso correndo pela casa, até mesmo de ser o único a te trazer segurança e conforto quando gritava durante a noite após um sonho ruim. Tudo não era o mesmo sem a presença de sua filha.
Conforme os minutos se passavam, a dor da ausência da filha apenas aumentava, seu peito estilhaçado ao lembrar que ela não era mais sua pequena Louise, a garotinha inocente de cabelos negros e olhos claros que corria brincando pelos cômodos, ela havia crescido, ela não era mais uma menina, era uma mulher, e se orgulhava todos os dias por ter criado uma mulher incrível. Pegando um pequeno porta-retrato que estava em cima do criado-mudo, era uma linda foto em família, havia sido tirada em um natal, se não lhe faltava a memória o do ano passado. Robert, Gwyneth, e Louise. Ambos sorridentes, ambos felizes em comunhão, Lou e Gwyneth estavam fantasiadas com gorros de natal e vestidos vermelhos, Robert como sempre, emburrado por estar usando um macacão vermelho, nariz pintado de tinta vermelha com uma tiara que continha chifres de uma rena. Lembranças, doces lembranças. Essas lembranças o tempo não poderia apagar, nem esquecer, apenas se guardar no fundo do coração e relembrar quando a saudade apertar o peito. Robert se assustou ao sentir braços rodearem sua cintura, um beijo ser depositado em seu ombro e um peso ser posto sobre o mesmo. Gwyneth sorria fraco observando o retrato que estava nas mãos de Robert, ela também sentia falta da filha.

the husband | tom hollandWhere stories live. Discover now