𝟒𝟎-𝑫𝒆𝒄𝒊𝒔𝒐̃𝒆𝒔

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                       》𝗡𝗮𝗿𝗿𝗮𝗱𝗼 𝗽𝗼𝗿 𝗚𝗶𝗹𝗯𝗲𝗿𝘁《
     Faziam apenas dois dias que havíamos voltado de Charlottetown e aquela questão ainda me atormentava. Não havia certeza sobre aquilo, mas por que teria dúvida? Em um certo ponto minha cabeça começou a latejar, mas emergi tanto em meus pensamentos que nem sequer prestei atenção na dor. Aquela pergunta poderia definir o resto da minha vida, e a responsabilidade sobre isso começara a pesar. Resolvi então procurar algo que achei poder ajudar-me.
     Vasculhei minhas gavetas, prateleiras do guarda roupas, a escrivaninha, e até mesmo abri a tábua solta do piso onde escondia doces para mais tarde quando era mais novo. Por fim, abri meu baú, achei cartas, fotos antigas de família, velhos brinquedos dos quais não consegui me desfazer por terem valor sentimental, livros que eu não tocava haviam décadas e por fim, achei o pequeno pacote. Abria-o, e ele continuava do mesmo jeito de sempre. Lembranças de minha mãe correram por minha mente, e um sorriso nostálgico tomou conta de minha expressão.
    Mas nem mesmo minhas velhas memórias foram capazes de tirar aquela questão de minha cabeça. Poucos segundos depois minha
mente continuou a martelar sobre a mesma coisa: o que eu deveria fazer? Sentei-me à mesa, a pequena relíquia de minha família na palma da mão. Examinei-a centímetro por centímetro até que me dei conta de como aquilo era algo idiota a se fazer: um anel não me traria respostas. O tempo foi passando, e Sebastian e Mary finamente voltaram do mercado.
-Mary, largue estas coisas! Eu já lhe falei que posso muito bem carregar tudo até a cozinha!-Bash disse entrando em casa logo atrás da esposa.
-Sebastian, eu já lhe disse que posso muito bem seguir minha vida normalmente! Eu estou grávida, não doente!-Ela disse já irritada.
-E é exatamente por isso que você deve descansar! Mulheres grávidas não deveriam fazer esforços! Diga à ela Blythe, você será o futuro médico desta família!
-Não me meta nas suas discussões, não quero acabar de mal com algum de vocês-Argumentei rapidamente. Se há algo que detesto é intrometer-me na relação dos dois.
-Pode falar querido, esta é uma discussão que não deve ficar em aberto por mais tempo-Mary sentou-se ao meu lado.-E então, quem está certo?
-Bem...-eu sabia onde tudo aquilo ia parar-eu já li um livro ou outro sobre medicina, mas nada sobre isto. Porém, se o médico disse que Mary poderia seguir suas atividades normalmente e se ela se sente bem com isto, não vejo o porquê dela não continuar.
-Viu só? Já estou vendo que você será um ótimo médico no futuro Gilbert-Mary sorriu vencedora para Sebastian, que fuzilou-me com seus olhos.
-Você pode deixar para se magoar comigo mais tarde?-perguntei ao ver a expressão de criança emburrada no rosto de Bash.-Preciso da sua ajuda-pedi com toda a calma que consegui reunir, mesmo que minha vontade no momento fosse de lhe implorar de joelhos.
-Já vi que não receberei convite para resolver esta questão. Para sua felicidade vou descansar Sebastian, mas não se anime: já, já virei preparar o jantar-ela deu um beijo no topo da cabeça de Bash e retirou-se da cozinha.
-Desembuche Blythe, você está claramente confuso, pude ver pela sua expressão logo que chegamos-ele realmente me conhecia muito bem.
-Então-suspirei, levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro-nós chegamos na casa da tia de Diana, que inclusive parecia um castelo, e logo que entramos demos de cara com Ruby e uma antiga colega de Anne no orfanato. Ela começou a discutir com Anne, e Cole ficou parado como uma estátua olhan...
-Espere, espere, quem discutiu com Anne e quem é Cole?
-Louise, a garota do orfanato perturbou Anne e Cole, o até então melhor amigo dela que descobriu gostar de garotos e mudou-se para a casa da tia de Diana que gosta de mulheres para que ela desse a vida que ele sempre sonhou como artista e o apoiasse-Bash balbuciou um "uau", acho que tanto pela rapidez quanto eu falava como para raciocinar sobre o que eu havia dito-nem ao menos à ajudou! Ela ficou muito triste, e eu tive que ouvir ela chorando enquanto me contava uma parte da sua vida triste no orfanato. Me dói quando ela conta sobre tudo o que passou...-novamente fiz uma pequena pausa e suspirei antes de retomar o assunto principal-eu, é claro, a consolei...
-E com isto você quer dizer beijar-interrompeu Bash, debochando enquanto fazia biquinho.
-Enquanto estávamos em seu quarto...-fingi não escutar. Não queria discutir sobre meus beijos com ele.
-Espere, vocês ficaram sozinhos em um quarto?! Blythe!-Ele sorriu desacreditado, interrompendo-me novamente.
-Ei, não foi nada disto que você está pensando! Nós apenas nos beijamos!-Me defendi rapidamente.
-Então admite que estavam se beijando?-Bash sorriu maliciosamente.
-Você irá deixar que eu conte minha história ou não?-Cruzei os braços.
-Prossiga-Bash afirmou com um aceno de mão.
-Como eu ia dizendo, eu e Diana armamos um plano para desmascarar a mentira de Ruby, e resumindo, Ruby me beijou!
-Está garota não cansa de lhe agarrar?-Bash perguntou incrédulo.
(N/A: esse capítulo tá o próprio "minina nem te conto!" kkkkkkk)
-Exatamente! E, como todas as outras vezes, Anne viu!
-Acho que Deus ilumina a cabeça desta menina para que ela lhe veja em momentos dos quais você não consegue explicar os reais motivos do que estava acontecendo.
-É a única explicação plausível. Mas continuando, Anne simplesmente sentou-se e começou a chorar, e eu é claro, tentei me defender. Mas ela se levantou em um salto, as lágrimas não paravam de escorrer, e ela jogou na minha cara que me amava e que estava arrependida sobre isto porque eu estava enganando-a! Cole seguido por Diana e Ruby foram explicar a situação para ela, enquanto eu tomei ponche com três flores que disseram...
-Espere, tem certeza de que não bebeu algo com álcool para que as flores lhe respondessem?
-Eram crianças fantasiadas! Enfim, as criança também foram falar com Anne e ao fim de tudo isso nos resolvemos e eu disse que também a amava-finalmente parei para respirar após tagarelar tanto.
-E qual é o problema nisto? Aiai, que história romântica Blythe-ele apoiou seus cotovelos na mesa e colocou sua cabeça sobre eles, piscando freneticamente. Nem mesmo nesta hora ele parava com seu deboche?-Já pensou em escrever um livro?
-E agora-prossegui ignorando Bash novamente-é só nisto que eu tenho pensando-joguei o pequeno pacote onde se encontrava a aliança nas mãos de Bash.
-Ah, garoto! Eu sempre soube que isto aconteceria! Você é apaixonado por ela desde sempre! E aí, para o que precisa de ajuda?
-Eu não sei se esta é a coisa certa a se fazer! Ou se é a hora certa para se fazer! São tantas questões que acho que enlouqueceria se vocês dois tivessem demorado mais dois minutos para entrar por esta porta. O que eu faço?! Sinto que todo o futuro está nas minhas mãos, e não queria arruinar nada por conta das minhas decisões.
-Você já conversou sobre isto com ela?
-O assunto foi mencionado vagamente em algumas conversas, e sempre que eu pensava sobre parecia algo que demoraria a acontecer. Mas logo ambos faremos dezesseis anos, entraremos na faculdade, a vida adulta está batendo na nossa porta! E cada vez mais sinto que sou obrigado a escolher o que fazer! Escolher como será o resto da minha vida!-A impressão que eu tinha ao pronunciar meus pensamentos em voz alta era de que iria desmaiar, e Bash logo percebeu.
-Blythe, respire! Quer um copo d'água?-assenti e sentei-me. Bash logo entregou o copo e sentou-se de frente para mim.-Se você a ama, nada o impede! Ela é a garota certa, não?-apenas assenti.-Neste caso, acho que o melhor a se fazer é conversar com o Matthew ou Marilla primeiro. Você precisa da benção de algum deles antes de fazer qualquer coisa. E depois, você deve conversar com Anne sobre o que fazer-suas palavras pareceram clarear minhas decisões.
-Estou me sentindo tolo por não pensar nisto antes-confessei-obrigada.
-Sem problemas Blythe. O casamento realmente é uma grade questão na vida de qualquer pessoa, eu também fiquei nervoso sobre isso. É um passo e tanto. Mas depois de tudo o que você me falou tenho certeza de que está fazendo a escolha certa para vocês dois.
-Meu coração também diz o mesmo. E, a propósito,você irá me dará cobertura para falar com os Cuthberts'. Daqui a dois dias, na ceia de Natal. Acho que estaremos quites pela intromissão que fui obrigado a fazer em sua discussão hoje.
-Eu nunca mais irei lhe pedir para argumentar-Bash riu.
    Meu corpo e minha alma agora estavam leves, o tormento havia passado de minha cabeça e conseguia somente perguntar-me como eles estiveram aqui; e junto disto, a certeza de que tudo daria certo estava em meu coração.

My Beloved Redhead-Shirbert Kde žijí příběhy. Začni objevovat