𝟒𝟑-𝑸𝒖𝒆𝒎 𝒔𝒐𝒖 𝒆𝒖?

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                    》𝙉𝙖𝙧𝙧𝙖𝙙𝙤 𝙥𝙤𝙧 𝘼𝙣𝙣𝙚《
       Soltei um longo suspiro enquanto observava as pequenas nuvens brancas como algodão, que pareciam nadar no infinito que é o azul do céu. A brisa quente acariciava minhas bochechas, enquanto o riacho parecia gargalhar à minha frente. O dia estava completamente perfeito, mas eu não conseguia me sentir feliz. Olhar para a folha em branco em minhas mãos trazia a tona o mais profundo desespero que havia dentro de mim. Sei que já deveria deixar de me abalar com isto, afinal de contas já fazem dezesseis anos que carrego esta grande curiosidade, e tenho quase certeza de que esta resposta nunca estará ao meu alcance.
Mas mesmo assim, acho que tenho um bom motivo para me sentir deste jeito, não? Todos que conheço sabem tudo sobre sua família: onde seus pais nasceram, como se conheceram, como foi o dia de seu casamento, como foi o nascimento dos filhos e outras milhares de histórias e informações sobre as pessoas que carregam seu sangue nas veias. Todos que conheço sabem de onde vieram. Todos exceto eu. Quem realmente sou eu?
Tudo o que eu tenho são nomes: Walter e Bertha Shirley. Ambos morreram de febre quando eu tinha três meses. Nenhum deles viu meus primeiros passos, minhas primeiras palavras, talvez nem mesmo o meu primeiro sorriso. Eu não havia nenhuma família além dos dois, e por isso fui passada de casa em casa por anos. Ninguém sabia informações úteis sobre minha família, alguns nem mesmo sabiam quem eles foram. Eu tenho certeza de que foram ótimas pessoas e com certeza foram pais amáveis enquanto puderam estar ao meu lado. Mas a minha arvore genealógica infelizmente não pode ser feita com base na minha imaginação.
Ou seja, eu continuo sendo um grande ponto de interrogação, do mesmo jeito que fui durante todos estes anos e provavelmente como continuarei sendo durante o resto da minha vida. A única felicidade em saber que ainda terei uma longa vida pela frente, mesmo com esta grande questão pendente sobre quem sou eu, é que um dia serei mãe. E isso me enche de felicidade por saber que meus filhos saberão exatamente quem eu sou: Anne de Green Gables. A orfã ruiva que chegou sem ser desejada, mas que acabou formando uma família. A história de minha chegada aqui será algo engraçado para se contar futuramente, mesmo não tendo sido nem um pouco engraçada quando aconteceu.
-Anne, você está me ouvindo?-Perguntou Diana, que estava lendo a redação que havia feito sobre sua longa e diversificada linhagem, sem nenhum mistério sobre uma pessoa sequer durante todo seu texto.
-Desculpe Diana-esfreguei os olhos-tudo que você escreveu está ótimo. Sua família tem uma história realmente interessante-suspirei, deixando transparecer o encantamento por somente imaginar saber sobre toda a sua origem.
-Bom, espero que realmente esteja aceitável, tenho três novas músicas para ensaiar no piano e mamãe não irá gostar se eu dedicar tempo demais para um simples trabalho escolar-o cansaço em sua expressão era óbvio.
Com a mudança de Diana para Paris mais próxima a sra. Barry está sobrecarregando-a cada vez mais. Por mais que Diana se esforce, ela sempre exige algo melhor da próxima vez que for feito, algo que eu sinceramente não entendo. Diana toca piano perfeitamente, não errando uma nota sequer; é a menina mais educada e gentil que conheço, mantendo a postura em frente de qualquer um; e além de tudo isto suas notas são realmente muito boas-ficando para trás somente por mim e Gilbert. Ela ter de ir para uma escola de etiqueta para poder achar um bom marido é o maior desperdício de inteligência que eu já vi-e talvez o único também.
-Você tem certeza de que está bem? Você estava com uma expressão mais pensativa do que sonhadora, o que significa, se eu bem lhe conheço, que não estava tendo bons pensamentos-ela analisou.
-Estou ótima, só um pouco preocupada com minhas notas. Tenho que me esforçar ainda mais na escola este ano se quiser passar no exame para o Queen's Academy-aquilo não era uma completa mentira. Mesmo pensando muito sobre as questões pendentes em minha vida ultimamente, meus estudos eram algo que me preocupavam. Eu posso ser uma das melhores estudantes de Avonlea, mas será que estarei pronta para a faculdade?
-Se sua preocupação for somente essa lhe peço que tire estas besteiras da cabeça. Você é a menina mais inteligente que conheço. Passará facilmente no exame, confie em mim-sorri para ela: era bom ouvir aquilo, de qualquer maneira.-Não há mais nada incomodando-a?-Assenti negativamente, sorrindo por seu esforço em me ajudar. Não podia preocupar a cabeça de Diana com pensamentos que não cabiam à ela, ainda mais com todas as responsabilidades que caiam cada vez mais sobre suas costas.-Então eu preciso ir, prometi à mamãe que voltaria cedo para ajudar Minnie May com suas lições.
Levantei-me rapidamente e abracei-a. Trocamos um último breve sorriso e ela seguiu o caminho que levava à entrada de Green Gables. Sentei-me novamente e voltei a observar a folha em branco, agora jogada sobre a grama macia. Foi então que eu tive uma ideia: se eu não poderia falar sobre aquilo com Diana e de um modo ou outro não faria o trabalho, acharia outra utilidade para aquele pedaço de papel. Prontamente peguei minha pena e comecei a escrever: eu havia muito sobre o que falar.

Oii gentee

Mil perdões pelo sumiço, eu realmente não tava com muita vontade de escrever nesses últimos dias, mas a inspiração bateu e aqui estou eu.

Quero agradecer muuuuuuito a vocês pelos 50k, eu nunca imaginei que a história ia crescer tanto e só tenho o que agradecer a vocês!💞

Daqui pra frente vou tentar postar mais regularmente e responder o máximo de comentários que eu conseguir, prometo.

É isso gente, se cuidem e fiquem em casa!

Beijoss

My Beloved Redhead-Shirbert Where stories live. Discover now