Capítulo 5

560 84 117
                                    

ANTES

          Com o valor conseguido da rifa – quem diria, mães estressadas queriam sim pacotes de massagem – e do bico da festa, juntamente com o orçamento oferecido pela escola, estavam prontos para iniciar a compra de material necessário para montagem da coisa toda – bem a tempo, de acordo com o cronograma de Baz, já que já se iniciava Novembro e a apresentação era em um mês.

          Mas todo esse material não se adquire num lugar só e muito menos no melhor preço em locais perto da escola, o que significava uma ida ao centro da cidade, onde se vendia de tudo, tarefa designada especificamente ao Presidente e Vice. E era por isso que, numa manhã de sábado de sol – provavelmente o pior dia pra se ir ao centro comercial de uma cidade –, lá estavam Baz e Simon, parados na calçada, pensando por onde começar.

          Desde a festa, naquele momento meio surreal, Simon não conseguia mais parar de enxergar o quanto Baz era (bonito) bem arrumado (e era revoltante o quanto esse man bun dele deixava ele ainda mais charmoso). Simon não achava que ficaria bonito usando um penteado desses. Primeiro que seu cabelo era bem mais cacheado que o de Baz, e o cabelo longo só o deixaria no estilo de Chitãozinho e Xororó.

          (Mas em Baz era bonito. Cool. Charmoso).

          Mas ao contrário daquela noite, com Baz sorrindo tão livremente, hoje, debaixo do sol que já começava a esquentar mais que o tolerável, ele parecia consideravelmente estressado.

          — Olha, é o seguinte. A gente tem uma lista de coisas pra comprar e pra começar a organizar lá em casa, e o sol tá muito quente e provavelmente tostando o meio neurônio que você tem debaixo desse cabelo cacheado, e eu simplesmente não posso lidar com Simon Snow sem neurônios. Então vamos logo com essa porcaria, antes que eu surte de calor.

          A essa altura do campeonato Simon simplesmente se resignou com alguns insultos aleatórios vindos de Baz. Depois da trégua e desses dias trabalhando juntos, na verdade eles tinham diminuído consideravelmente, já não tinham mais tanto veneno quanto antes, e parecia mais uma brincadeira entre amigos, por isso não se deixou irritar.

          — Baz! — Ele respondeu, fingindo ofensa — Eu não tenho só meio neurônio. Eu tenho tipo.... 3. Então, não se preocupe, tem 2 de reserva que eu não uso sempre.

          Isso rendeu uma gargalhada de Baz. (De novo. aquele sorriso. Tão diferente. Tão bonito.) Simon gostou disso.

          Gostava de ser amigo de Baz.

          — Mas vamos. — Continuou, sem parar para conter o próprio sorriso — Você está certo e é melhor prevenir do que remediar esses neurônios. Ao trabalho! — Ao sair, ao observar Baz, percebeu que ele também o olhava, ainda sorrindo. (Um puxão no estômago, um desviar de olhar constrangido sem saber porque.)

————

          Era 13:40 e Simon sentia que não comia há 4 dias.

          O sorriso de mais cedo tinha ido embora do rosto dos dois em algum momento da manhã, provavelmente quando os materiais começaram a ficar pesados demais e o sol quente demais.

          Além disso, Simon tinha apenas tomando café às 8:30 e Baz simplesmente não aceitava comprar um pastelzinho de rua, ou muito menos parar para considerar. Objetividade, frescura*, medo de passar mal ou os três, Simon não sabia, mas nessa altura do campeonato não importava mais. Tudo que queria era sentar e comer.

          Então quando chegou na Mansão Baz – como agora gostava de chamar, para total desgosto de Baz – e foi recebido com uma travessa de macarronada, ele nem questionou muito, só aceitou. (Principalmente tendo em mente que, se fosse comer no próprio apartamento, não tinha almoço feito e ele ainda teria que preparar.)

          De barriga cheia e olhos pesados, enquanto carregavam os materiais que tinham ficado na entrada da casa para um quarto de hóspedes que serviria como depósito durante o trabalho, Simon não estava pensando muito no que faria naquele resto de tarde – já era quase 15h –, meio que só existindo. Então não esperava quando Baz falou, com uma voz mais tímida que o normal:

          — Quer ficar um pouco?

          — Oi?

           — Quer ficar um pouco? — Repetiu. Parecia quase sem jeito. Não olhava direto nos olhos de Simon. — Descansar. Poderíamos... discutir mais do trabalho também. Mas só se você não tiver mais nada pra fazer. Não quero atrapalhar.

          — Tá suave. Eu posso ficar.

          Se tinha algo que Simon não esperava era se sentir tão confortável sozinho com Baz Pitch.

          Sabia que já não se odiavam mais, mas estar aqui no sofá dele, de calção e camiseta, descalço, jogando video game com um muito competitivo Baz, sem absolutamente nenhuma animosidade real entre eles, não era algo que ele esperava acontecer ou mesmo achasse que fosse possível.

          — Você tá escutando? Você tá escutando? — Simon, disse após ganhar uma partida dura contra Baz. — É o barulho da torcida, Baz! Sno-ow! Sno-ow! Sno-ow! — Simon colocava os braços para o alto e fechava os olhos enquanto simulava a suposta torcida e Baz revirava os olhos.

          E foi por estar de olhos fechados que não viu o movimento chegar. 

---- ☆ ----

Olá flores! E ai temos mais um capítulo de nossas pocs favoritas sendo adolescentes bestas e full of feellings. Sexta feira tem de novo! 

Como sempre agradecer à Livia, que tá betando/editando pra mim. <3 

E, claro à quem tá lendo e acompanhando,muito obrigada <333

Timing PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora