Timing Perfeito

Capítulo 24

          Outra semana se passou, porém, de forma discreta e natural, e pra leve surpresa de Simon, causado pelas meninas, mensagens começaram a chegar no celular de Simon, vindas do número pessoal de Baz.

          A primeira mensagem na verdade não foi de Baz em si, mas sim uma foto, claramente uma selfie, de Fiona, acompanhada de um audio que dizia "Oi Tio Simon, é a Fiona!! Mostra essa foto pra Lucy!!".

          A mensagem seguinte foi uma desculpa por escrito, obviamente do Baz, explicando que tinha deixado o celular desbloqueado e que não sabia como a Fiona tinha achado o numero dele e mandado essa foto.

          E assim, do mesmo jeito que as conversas na coordenação fluíam de forma tão boa, as conversas via mensagens também. De início eram focadas principalmente nas meninas. Nenhum dos dois estava com elas todos os dias mas eles faziam o que podiam, e elas adoravam conversar via áudio uma com a outra. Além disso adoravam mandar fotos de si mesmas e das coisas que estavam fazendo (ah essa geração).

          Eventualmente algumas fotos e conversas começaram a se desviar das meninas, voltando para os donos dos celulares, Simon adorava mandar fotos e comentar besteiras e Baz a cada dia se abria mais tambem, apesar de não mandar tantas fotos.

           A primeira foto de Baz na academia, usando apenas uma regata e calções deixou Simon desnorteado por um ou dois segundos.

          Meu Deus.

          O Baz que Simon se lembrava da adolescência era bonito. Sabe, aqueles adolescentes charmosos? Simon tanto queria ser como Baz como provavelmente queria Baz de alguma forma.

          Revendo fotos da época e olhando pra si mesmo e agora para o novo Baz?

          O tempo age de formas misteriosas e maravilhosas.

          Que fique claro que Simon já tinha percebido que Baz estava ainda mais bonito do que antes desde o dia 1 - aquela reunião escolar - mas em todas as ocasiões em que se viam Baz se cobria bastante, inclusive na adolescência.

          Essa foto, mostrando tanto do corpo? Isso sim era novidade.

           Além disso, fotos da mesa com as coisas, de pés em cima de um sofá, de um livro na mão... Fotos que mostravam um pouco mais de si, fotos que aqueciam de alguma forma o coração de Simon, mesmo sendo tão simples.

          Devagar eles se viram trocando mensagens todos os dias. Às vezes conversavam o dia todo, falando sobre a agência, sobre a escola, às vezes se falavam somente no final do dia, reclamando sobre como o dia de um ou do outro tinha sido cheio.

          Era uma rotina boa e Simon adorava quando a notificação aparecia.

          Mas melhor ainda foi receber um convite inesperado numa sexta-feira a tarde pra um rolê.

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          Simon não pensaria demais sobre a animação que estava sentindo a caminho do pub que Baz tinha marcado.

          Também não pensaria nisso como um encontro. Por mais que parte da sua mente tentasse dizer que sim.

          Quando chegou no pub, no horário marcado Baz já estava lá (claro) e o ambiente não estava muito cheio. Se sentou e praticamente imediatamente começaram a conversar, logo acompanhados de duas cervejas pequenas e alguns aperitivos.

          Simon não saia muito com outras pessoas que não fossem seus amigos mais próximos - que consistia basicamente da ex-esposa e um casal - e quase sempre que o fazia, por mais fácil que conseguisse conversar com quem quer que fosse, ele sempre se sentia meio deslocado, uma parte dele sempre ficava numa espécie de tensão estranha.

          Mas isso não acontecia com Baz. Tudo parecia simplesmente vir de forma tão confortável, tão boa, que se qualquer coisa, Simon ficava mais relaxado quando falava com o outro.

           Era simplesmente fácil.

           Outra coisa a se notar era que em outros encontros (ops, isso não é um encontro) era que dessa vez não tinha a tensão de "Falo ou não falo que sou divorciado? Falo ou não falo que tenho uma filha pequena?", tópicos que geralmente faziam outras pessoas olharem pra ele um pouco diferente, além de que ele sempre tinha que estar se vigiando, caso tivesse decidido não comentar neles.

          (Porque quando se é pai, muito da sua vida foca no seu filho. Ele se torna parte de quem você é, querendo ou não.)

           Mas dessa vez, nesse não-encontro, essas cartas já estavam na mesa. Não tinha que se concentrar pra não falar de Lucy, se qualquer coisa, Baz gostava de falar dela, por ser professor, e gostava de falar de Fiona,e isso tudo deixava tudo tão melhor.

          As horas passaram e quando meia noite chegou, decidiram se despedir. Simon se sentia bem, leve e ligeiramente tonto. Caminharam pelo pub conversando, próximos um do outro, ombros e braços se tocando.

          — Ah, quando a gente vai sair assim de novo? — Simon perguntou quando chegaram no limite da calçada. O cabelo de Baz estava preso naquele coque que ele adorava.

          — Qualquer dia, Snow — Baz respondeu, sorrindo, chegando mais perto.

          — Ugh, não me chame de Snow, me chame de Simon.

          A noite era fria e a rua estava momentaneamente vazia. Só eles dois, conversando, ligeiramente próximos demais.

           — Hmm, certo, Simon. — E Baz, pra o completo choque de Simon, aproximou a mão do rosto dele e tirou um cacho do lugar — Eu te ligo então.

           E com isso, saiu.

           Eu quero tanto beijar ele.

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E temos ai mais um capítulo pra vcs nenes!!! Muito obrigada por acompanharem até aqui!!