Timing Perfeito

Capítulo 19

DEPOIS

          Logo depois de Head Over Heels, quando Baz pensou que não poderia ficar pior (e melhor), começou Take On Me, onde Penny e Shep também se levantaram pra dançar, deixando apenas Baz assistindo.

          O que, se dependesse do Simon, não duraria muito, porque ele logo estendeu a mão pra chamar Baz pra participar, o que Baz tentou veementemente negar, mas acabou indo por pura e espontânea insistência de todos.

          Isso era outra experiência que o Baz de alguns meses atrás jamais sonharia em ter: estar dançando, bêbado, numa sala de apartamento, com seus ex colegas de classe, quase 00h de uma sexta feira, ao som de Take On Me.

          Ah, o mundo dá voltas que ninguém prevê.

          — Taaaaaaake ooooon meeeeee! — Simon contava.

          — Take on me! — Todos faziam o back vocal.

           — Taaaaake meeeee on! — e os outros take on me! — I'll be!!! GOOOONE!

          E todos em uníssono:

          — In a day or, twooooooooo!

          Quando a música acabou, Shep e Penny se jogaram no sofá rindo e arfando do show que fizeram, mas Simon, Baz e Agatha continuaram onde estavam.

          (Simon tinha o sorriso mais lindo e os olhos mais vivos que Baz já vira)

          O que nem Baz nem Simon viram foi a troca de olhares entre Penny e Agatha, que finalizou com Penny pegando o celular e Agatha servindo mais vinho para Simon e Baz (que também não notaram que a taça dela não foi preenchida).

          Antes que qualquer um dos dois pudessem se sentar, uma nova música, agora muito mais lenta começou, e Agatha tirou a taça das mãos de Simon e começou a dançar de mãos dadas com o ex marido ao som de Take My Breath Away, e num movimento 100% não espontâneo passou um dos braços por cima de Baz.

          Então aqui estavam os três, num sanduíche humano, onde Baz era a salsicha sem oportunidade de saída, sendo cada vez mais apertado contra Agatha (pra quem estava de costas) e Simon, que nesse momento parecia ter percebido a situação e a proximidade entre eles, tão próximos que seus rostos quase se tocavam, seus peitos colados, estava ligeiramente mais corado do que só do vinho.

          (Baz nem se lembrou que suas costas também estavam coladas no peito de Agatha e não estava ciente do rosto dela encostado entre seus ombros com um sorriso vitorioso).

          De alguma forma, naquela sala, naquela hora, trancados pelos braços de ferro de Agatha Wellbelove, só existiam eles dois.

          Depois dessa música, todos estavam finalmente cansados e se sentaram pra conversar mais um pouco.

          Baz e Simon não olhavam pra outra pessoa por mais que alguns segundos.

          Não demorou muito pra noite encerrar com Agatha dando tchauzinho para todos, comentando sobre um plantão pela tarde que teria que fazer. Baz se levantou, comentando que deveria ir pra casa também, e agradecendo pela hospitalidade de Penelope e Shep, e eles insistiram que ele deveria voltar outra vez e que adoraram a companhia.

          Simon saiu ao mesmo tempo, juntos.

          Esperando o elevador, Baz se lembrou que tinha vindo de carona com Simon e disse:

          — Você não precisa me levar, eu pego um Uber.

          — Fica. — Tinha um sorriso no rosto de Simon. Na verdade, o sorriso não parecia ter saído do rosto dele a noite toda (o que agradava Baz), mas esse sorriso? Esse era mais... travesso.