• ꒰ Chapter 3 • Who is she? ꒱ ˎˊ˗ •

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• 20 de agosto de 2007
St. Albert, Canadá.
Casa dos Beauchamp.

Joshua descia as escadas de sua casa correndo enquanto se preparava para mais um jogo.

- Como nosso astro do futebol está se sentindo para o jogo de hoje? - Seu pai o olhava, vendo o filho de dezessete anos sorrir de orelha a orelha.

- Melhor do que nunca! Hoje será o melhor jogo da temporada e vai me garantir uma bolsa! - Dizia enquanto comia uma maçã.

- Eu sei que você vai conseguir, querido. E mesmo se não conseguir, vimos o quanto se esforçou e sabemos que na próxima temporada vai tentar novamente, certo? - Sua mãe sorria enquanto o olhava.

- Óbvio, mãe. - Assegurou, antes de olhar o relógio. - Vou indo se não vou me atrasar. Encontro vocês lá, certo? - Eles assentiram, vendo o loiro sair da casa e fechar a porta.

Josh era conhecido como um garoto prodígio. Ele era bom em tudo que fazia ou pelo menos tentava fazer. Em sua escola era conhecido por ter um brilhante boletim e ser literalmente um astro do Futebol Americano. Por ser filho único, sempre teve tudo e foi muito mimado por seus familiares. Ele adorava toda a atenção que recebia, principalmente de seus pais, e agradecia por não ter que a dividir com ninguém.
As horas se passaram rapidamente e logo o casal Beauchamp saia de casa para ir ver o filho jogar. Os dois, até então distraídos, pararam ao sentir seus pés se chocarem com algo, ou melhor, alguém. Seus olhos foram diretamente para o chão, vendo a única coisa que eles não esperavam: uma criança.

• 20 de agosto de 2007
St. Albert, Canadá.
Hospital geral.

A senhora Beauchamp corria com aquela maca. A criança que havia sido deixada na porta de sua casa estava visivelmente doente e tinha tido a sorte de ser deixada na porta de uma médica. A garotinha parecia ter menos de quatro anos e havia sido encontrada com uma única identificação: seu nome em uma pulseira grossa de ferro. Tratava-se de uma pulseira de choque com rastreador, que pela marca roxa envolta de seu punho, concluia-se que estava lá a pouco mais de dois meses.
Ela estava inconsciente enquanto os médicos a examinavam e faziam exames.
A senhora Beauchamp apenas conseguia pensar como alguém teria feito isso com uma criança tão pequena, como deviam estar os pais desta garota?

• 21 de agosto de 2007
St. Albert, Canadá.
Departamento de Polícia.

Tudo havia voltado ao normal no Departamento de Polícia do Canadá após as crianças terem sido encontradas. Os detetives passavam mais tempo jogando papo fora do que realmente resolvendo casos.

- Detetive. Aquela garotinha, Sabina, parece que foi encontrada. - Um policial disse ao adentrar o escritório do homem.

- Impossível. Essa garota estava morta. - O detetive se levantou da cadeira o olhando.

- Parece que não, senhor. Ela foi encontrada desacordada em frente a residência dos Beauchamp. Comunicamos o departamento de Polícia de Guadalajara? - Perguntou e o homem riu.

- Ora, não seja burro. Se os pais dessa criança souberem que ela foi encontrada e está viva após nós os convercer de que ela estava morta, iremos sofrer um processo. E nenhum de nós gostaríamos que isso acontecesse, certo? - O homem assentiu, assustado com o surto de seu chefe. - Ótimo, mande-a para algum abrigo. - Falou estressado, enquanto sentava-se de volta em sua cadeira estofada.

• 21 de agosto de 2007
St. Albert, Canadá.
Hospital geral.

Josh estava emburrado, como todas as vezes que sua mãe não ia aos jogos devido ao trabalho. Ele a observava examinar aquela garota, possivelmente a culpada por sua mãe não ter ido o ver.

- Quem é ela? Por que me trocou por ela? - O garoto estava e irritado. Como sua mãe preferiria ficar em um hospital, cuidando de uma criança que ela nem ao menos conhecia, do que com ele, que era seu filho único.

- Josh, eu a encontrei em frente a nossa casa. O que queria que eu fizesse? A deixasse ali? Com febre? - O olhou e ele riu.

- Sim. Eu sou mais importante do que ela. - O loiro continuava enquanto sua mãe se concentrava em tirar o sangue da garota que ainda não havia despertado.

- Josh, presta atenção uma coisa, não brincamos com a vida das pessoas. Se você estava bem, eu precisava cuidar de quem não estava. - Falou, enquanto pendurava outro soro na haste de medicação. - Agora vá comer algo na cafeteria enquanto eu termino aqui. Seu pai não deve demorar para vir te buscar. - Falou, entregando a ele uma nota de 50 dólares. Josh saiu batendo o pé, deixando que sua mãe terminasse de fazer o que precisava.

Após mandar o sangue para análise, a mulher permaneceu no quarto de Sabina. Já faziam oito horas que haviam contatado a polícia e os pais da garota não haviam se pronunciado, o que a levou a conclusão de que aquela garotinha era órfã. Suas mãos foram até seu rosto e afastaram o pouco de cabelo que caia em seu olho. Pra ela, era um sinal. Um sinal de que precisavam de uma criança em casa. Ela sempre quis ter uma filha, mas as circunstâncias não ajudavam, Josh havia sido um milagre. E talvez Sabina fosse outro, afinal como explicariam o fato de uma criança ter aparecido em sua porta justo quando o Senhor e a Senhora Beauchamp pensavam em adotar uma garota. Não podia ser coincidência.

- Olá, sabe onde está Josh? - Viu seu marido entrando e suspirou.

- Sei sim. Mandei ele ir para a cafeteria. Estava atrapalhando, como sempre. - O homem riu com a fala da esposa, mas essa continuou com a expressão neutra. - Estou falando sério, Benjamin. Nós mimamos ele. Ele acha que as coisas devem ser feitas do como que ele quer e o mundo não funciona assim. - Falou, o olhando.

- E qual a sua ideia? Você conhece Josh. - Disse, sentando-se na poltrona.

- Quero adotar Sabina. Vai ser ótimo pra gente. Josh aprenderia a dividir as coisas que tem e nós teriamos uma criança em casa. Era isso que nós queriamos até ontem, se lembra? - O olhou, vendo o marido suspirar.

- Mick... Nós não sabemos nem se ela fala nossa língua. - Falou.

- Crianças aprendem rápido, Ben. Por favor. - Pediu e ele assentiu.

- Tudo bem, Mick. Podemos adotar ela. Vou ligar para o conselho tutelar trazer os papeis da adoção. Fique com ela. - Deu um beijo na testa da esposa antes de sair do quarto.

Aquela garota poderia ser a salvação do casamento dos dois. Uma pequena oportunidade para restaurar tudo.

• 22 de agosto de 2007
St. Albert, Canadá.
Hospital Geral.

Após dois dias desacordada, Sabina abria os olhos lentamente. Ela procurava referências de onde estava, e quando percebeu que não conhecia nada ao seu redor se desesperou, encolhendo as pernas e começando a chorar. Sua cabeça repassava o último momento com seus pais. Onde eles estavam? Onde ela estava?

- Ela acordou. - Uma enfermeira avisou a médica que correu até o quarto da pequena. Sabina estava encolhida e não deixava que a tocassem.

- Oi... Eu sou sua médica. - Falou tentando segurar a mão dela, mas Sabina puxou, se afastando. Ela não entendia nada que diziam, o que fazia com que ficasse mais assustada.

- Ela não deve estar nos entendendo. Ela me parece latina. Por que não tentamos espanhol? - Um enfermeiro perguntou e a médica assentiu, tirando seu celular do bolso. - Faz perguntas de sim ou não. - Falou, vendo a mulher abrir o tradutor e escrever algo. Sabina ouviu a frase atentamente. "Você está segura. Está no hospital. Pode confiar em nós?". A garotinha relaxou o corpo e assentiu. "Ainda não achamos seus pais, mas estamos procurando. Enquanto isso você ficará em casa, tudo bem?" A médica olhava a garota com um sorriso calmo que passava confiança. Sabina assentiu, deixando as lágrimas caírem. Estava sem seus pais em um país desconhecido e mal se lembrava de seus últimos sete meses. Logo não se lembraria nem de seus pais.

- Como faremos? Ela só fala em espanhol. - Mick falou, se virando para Benjamin que entrava no quarto.

- Any. Lembra, aquela amiga do Josh que ensinou português pra ele? Ela sabe falar espanhol. Talvez possa nos ajudar. - Ele sugeriu e ela assentiu.

- Tenho o número dela salvo. Depois te passo. - Falou, se virando novamente para a criança que observava a interação dos dois. A mulher sorriu e ela suspirou, queria seus pais.

 » The Adopted ˎˊ˗ ࿐°Where stories live. Discover now