• ꒰ Chapter 4 • I wanna my mom ꒱ ˎˊ˗ •

2K 176 10
                                    

• 24 de agosto de 2007
St. Albert, Canadá.
Hospital Geral.

Sabina como sempre observava o fluxo do hospital. As paredes de seu quarto naquele lugar eram de vidro e permitia que ela tivesse visão total da recepção do andar. Seu coração palpitava toda vez que via uma loira passar, ainda tinha esperanças de que Joalin apareceria para a buscar, mas parecia impossível.
No dia anterior ela tinha tido sua primeira aula de inglês com a tal Any e ela não havia gostado nem um pouco, afinal ela só ficaria ali até acharem seus pais, não era? Não havia necessidade de aprender uma nova língua.
A mexicana sentia que a cada dia longe, sua ligação com seus pais ia se rompendo. Ela podia sentir que conforme o tempo se passava ela ia se esquecendo e esse sentimento estava acabando com ela.

- Bom dia. - A doutora Michaela entrava animada no quarto mas a garota nem ligou e continuou a olhar o fluxo do andar. Apenas se virou quando sentiu a médica passar a mão em seu cabelo. Sabina soltou o ar lentamente e se arrumou, vendo a bandeja do café ser colocada em seua frente.

- Onde está minha mãe? - Sabina falou uma das únicas frases que havia decorado no dia anterior. - Eu quero minha mãe. - Completou, olhando a médica com seu olhar pidão.

- Saby... - A loira se agaixou ao lado da cama, ela resolveu que devia contar que os pais dela não iriam vir, então tirou o celular do bolso e colocou no tradutor. "Seus pais não vão vir, Saby. Não conseguiram os achar." Ao ouvir aquilo o mundo de Sabina desabou. Seu coração batia descompassado e as lágrimas caiam de seus olhos rapidamente. Ela estava sozinha, sem seu pai e sem sua mãe. Eles eram tudo pra ela, e não os ter por perto a machucava.

Michaela abraçou Sabina, acomodando a pequena em seus braços. Ela sentia as lágrimas da mexicana cair e molhar seu jaleco, mas não se importava diante daquela situação. A garota tinha apenas três anos e alguns meses e havia perdido os pais, não era algo fácil de lidar. Quando se soltaram viram Any se virando para porta.

- Posso vir mais tarde, Senhora Beauchamp. - Falou e antes de Mick concordar, Sabina negou. Ela provavelmente nunca retornaria ao seu país, então teria de se esforçar para se acostumar com sua nova realidade, por mais dura que ela fosse.

O dia de Sabina foi monótono. Ela praticamente teve aula de inglês o dia todo e já sabia as frases que eram mais necessárias. O fato de ser inteligente e fixar as coisas rápido ajudava, já que assim, Any não precisava explicar várias vezes a mesma coisa. A brasileira até tentou animar a pequena algumas vezes, mas nada adiantava então ela parou.

- Amanhã eu te encontro na sua casa, tudo bem? A médica disse que você vai ser liberada amanhã cedo. - Sorriu para a pequena que demorou um pouco para raciocinar todas as palavras, e logo que conseguiu traduzir, confirmou com a cabeça.

• 25 de agosto de 2007
St. Albert, Canadá.
Casa dos Beauchamp.

Sabina estava sentada na sala de sua suposta nova casa. Ela olhava ao redor, a casa era grande e ela sentia que poderia se perder.

- Seu quarto está pronto. Vem. - Mick estendeu a mão pra ela que correu para pegar e ir até o quarto. Seu quarto era maior do que o que ela tinha no México, mas Sabina não conseguiu sentir nada ao ver o novo. Não sabia se havia gostado. Ela gostava da simplicidade de seu antigo quarto. - Não gostou? - A loira perguntou agaixando ao seu lado e acariciando seu cabelo.

- É... - Tentou lembrar da palavra certa. - Diferente. - Completou e a mulher suspirou, pegando o celular e escrevendo a frase que queria dizer. "Eu sei que é difícil, Saby. Mas vamos ficar bem e você logo vai se acostumar, está bem?" A pequena assentiu, deixando algumas lágrimas cairem, e então abraçou Michaela.

- Tudo vai ficar bem, querida. - Falou e Sabina assentiu.

Mais tarde estavam Josh, Any, Sabina e Benjamin sentados ao redor da mesa enquanto Michaela servia a janta. A mais nova moradora da casa não sentia-se avontade ali, com todos eles. Principalmente quando estava sentada ao lado de Josh. O canadense parecia a odiar e ela não entendia o que havia feito de errado.
Segundo Any, ele estava com ciúmes e em pouco tempo passaria, mas Sabina sabia que não era tão fácil.

- E como vão as aulas de inglês, Any? - Ben perguntou, quebrando o silêncio que estava na mesa.

- Estão ótimas senhor Beauchamp e ter uma aluna tão esforçada como a Saby deixa tudo mais fácil. - Falou, sorrindo. Sabina realmente havia avançado muito dês da aula do dia anterior e Any ficava orgulhosa de ver que a garota estava se esforçando e tentando se adaptar a sua nova realidade.

- Que ótimo. E você, Josh, como estão os treinos? - Michaela o olhou e ele riu.

- Você saberia se estivesse indo ver. Mas só sabe de ficar com a Sabina. - Falou em tom de desgosto. Any olhou a pequena e viu que a mesma estava raciocinando a frase a procura da tradução, então virou seu olhar para Josh e segurou sua mão por de cima da mesa.

- Não é o momento. - Falou, e ele assentiu, bufando. O jantar terminou em silêncio e pouco depois Any conversava com Josh em seu quarto. - Josh, se concentre em suas coisas, deixe-a quieta. Ela ainda não sabe o que está acontecendo. Ela percebe que você não gosta dela e não é o momento. Ela acabou de ficar sem os pais. - O repreendeu e ele bufou.

- Se nem os pais dela a quiseram, por quê os meus deviam querer? - Falou, frustrado.

- Josh, ela não tem culpa. A garota não tem nem quatro anos e cá entre nós, ele nem teve a opção de escolher pra onde ir, seus pais simplesmente a adotaram. - A brasileira dizia enquanto falava com a mãe pelo celular. - Tenho que ir, prometi que iria com minha mãe no shopping. Te vejo amanhã na faculdade. - Deixou um beijo em seu rosto e saiu do quarto com suas coisas, passando no quarto de Sabina para dar tchau. Ela logo foi embora, deixando os Beauchamp sozinhos em casa.

• 25 de agosto de 2007
Guadalajara, México.
Apartamento da Shivani.

Já se faziam alguns meses dês do momento em que Bailey e Joalin souberem que sua filha estava morta. Após aquele dia eles tiveram uma briga com os pais do Bailey e resolveram que o melhor era sair dali. Por sorte havia uma intercambista indiana que era muito amiga deles e os acolheu em seu apartamento.

- Joalin, você precisa comer um pouco. - Bailey olhava a loira que estava sentada no chão do quarto com um ursinho de Sabina nas mãos.

- Será que eles davam comida a ela? Ou ela morreu de fome? - Pensar naquilo fez seu coração se apertar e as lágrimas voltarem e cair. O garoto se aproximou, a abraçando e deixando que ela chorasse em seu ombro. Estava sendo difícil para os dois. Joalin mal comia ou saía do quarto e Bailey tentava cuidar dela. Eles já não iam mais a aula desde o desaparecimento e agora, eles nem ao menos se lembravam da faculdade.

Joalin sentia que a filha estava viva, mas se não estava com ela, a solidão era a mesma.
Depois do velório improvisado que eles realizaram, Bailey e Joalin cortaram de vez seus laços com ambas as famílias.

- Eu me sinto culpada, Bailey. Se tivessemos recusado aquele acordo, ela estaria com a gente. - Joalin choramingou e Bailey negou.

- Éramos muito novos, Jo. Nem imaginávamos o que nossa decisão poderia acarretar. - Falou, acariciando seu cabelo. A loira encostou a cabeça em seu peitoral e logo havia pego no sono.

Bailey deixou suas lágrimas caírem ao sentir que ela estava dormindo. Ele estava tentando ser forte por ela, mas estava difícil segurar as pontas e ele não iria aguentar guardar o que sentia por tanto tempo.

 » The Adopted ˎˊ˗ ࿐°Where stories live. Discover now