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Mikoto nunca estivera num lugar remotamente parecido com aquele palácio, e o espanto estava mais do que claro em sua boca aberta e na forma como olhava para todos os lados com os olhos arregalados.

-- Talvez seja melhor você esperar aqui – Takako sugeriu ao cruzarem a entrada do prédio – Isso vai ser só uma discussão política.

Sayuri fez menção de protestar, então Mikoto se apressou em concordar.

-- Eu não saberia nem como me portar na frente do rei – ela deu de ombros e ficou na entrada, observando as duas e os dois guardas se distanciarem. Quando elas desapareceram atrás das portas duplas, Mikoto voltou-se para o jardim.

Ele fora o principal motivo para ela querer ficar. Era enorme, e tão cheio de flores e grama como Mikoto nunca vira. Havia tantas flores no mesmo lugar, os poucos jardins de Iruka eram sempre pequenos, com os mesmos tipos de pequenas flores, enquanto aquelas eram grandes e tão diferentes umas das outras.

Andar por entre os caminhos do jardim também ajudou a esquecer o que estava acontecendo, pelo menos por enquanto.

-- Quem é você? – uma voz às suas costas questionou. Um rapaz da sua idade a observava com curiosidade – E que roupa é essa?

-- Eu vim com Takako e Sayuri...

-- Aquelas que entraram agora há pouco? As duas miko?! – ele perguntou cheio de esperança e abriu um sorriso quanto Mikoto assentiu – Por favor, convençam meu pai a parar com a ação militar, ele vai acabar causando uma guerra!

-- O quê?

-- Meu pai de repente começou a falar em derrubar o país de Aka e continuar a tomar outros territórios. Acho que ele está enlouquecendo.

-- Como assim? Ele teve essa ideia do nada de começar uma guerra?

-- Não, não exatamente – ele massageou as têmporas – Estou indo muito rápido. O que aconteceu foi que de repente meu pai pensou que tinha o direito de dominar e governar outros territórios, porque somos descendentes diretos da família real imperial.

-- Sério? Mas espere, seu pai é o rei Ayahito? Você é um... – o queixo de Mikoto caiu. O rapaz assentiu com simplicidade.

-- O príncipe.

-- Me desculpe, senhor, eu não percebi – ela gaguejou, a voz tão trêmula quanto o resto do corpo, e fez uma mesura desajeitada.

O príncipe riu.

-- Calma. O clã Kairiku não precisa de toda essa formalidade com os governantes regionais, vocês são importantes também.

-- Certo – ela murmurou, ainda acanhada. O príncipe continuou:

-- Eu estou assustado porque ele não parece mais meu pai, mudou da água para o vinho desde que aquela mulher chegou.

-- Que mulher?

-- Eu esqueci de mencionar que tudo começou depois que ela apareceu, uma mulher que se chama Yasha. Ela disse que era uma sacerdotisa com poderes especiais, e podia garantir um "futuro grandioso" para nós.

Uma sacerdotisa? Aquilo era bem estranho.

-- Fale mais sobre ela.

-- Não sei muito porque a maioria das conversas que ela tem com meu pai são em particular. Ele diz que ela é a chave para recuperar o trono imperial que é dele por direito, que pode nos dar o poder para isso, e o primeiro passo é subjugar Aka. Desde que Yasha começou a falar sobre essas promessas de poder, meu pai virou outra pessoa.

"Por isso fiquei tão aliviado quando vi as miko chegarem, acho que apenas vocês podem trazer meu pai de volta à razão. Podem fazer isso, por favor? "

O Conto da Donzela do SantuárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora