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O gato youkai rosnou e Yasha voltou o olhar para a porta também. A mobilidade de Mikoto voltou como que por mágica, e ela disparou a toda velocidade para a sala de espera, o hakama levantado de novo para ir mais rápido.

Quase derrubou a porta e matou Takako e Sayuri de susto ao chegar, e ainda ofegante, só conseguiu resumir o que vira. As duas miko ficaram boquiabertas, a mais velha precisou de um minuto para articular:

-- Ela invocou um youkai?

-- Igual a como nós conjuramos os kami nos papéis de ofuda.

-- Vamos falar com o rei Sujin agora, e pegamos essa mulher de uma vez. Chego a pensar se ela mesma não é um youkai disfarçado – Sayuri foi na frente.

As três encontraram a salas de reunião vazia exceto pelo rei Sujin e dois conselheiros, com quem debatia fervorosamente, mas todos se calaram com a entrada abrupta das meninas.

-- Perdoe nossa intromissão, senhor, mas o assunto é urgente – Takako falou ao mesmo tempo em que fazia uma mesura – Temos razões para acreditar que a mulher com quem falou está envolvida nas ações recentes de Ao.

Ela e Sayuri esclareceram suas suspeitas e que Yasha fora vista no palácio governamental do reino vizinho. O rei de Aka inclinou-se para frente, e olhou intrigado para Mikoto, que se mantinha calada, atrás das duas primas.

-- Uma terceira? Não eram só duas miko?

-- Ela ainda é uma aprendiz – Sayuri improvisou – Veio conosco para observar e aprender, mas goza de nossa inteira confiança. E pelo que ela nos disse, Yasha não é digna da sua confiança, senhor.

Tanto Sujin quanto os conselheiros estavam hesitantes. Takako perguntou:

-- Onde Yasha está agora?

-- Ela precisou sair, disse que precisava ir urgentemente a um templo para se restaurar – um dos conselheiros respondeu. As meninas se entreolharam.

-- Senhor, se Yasha está envolvida com youkai, suas intenções não são nobres. Ela pode ser mais perigosa do que pensamos – Takako avisou – Como sacerdotisa da terra, peço que não mais se envolva com Yasha, ou pode trazer a destruição para seu país.

As palavras dela surtiram o efeito desejado, Sujin pareceu sentir o peso delas, e as três se retiraram. Uma vez fora do palácio, Sayuri comentou:

-- Acho que chegamos a tempo de colocar juízo na cabeça do rei. Que bom que o nosso clã ainda tem algum renome por aqui.

-- O quê? – Mikoto não entendeu. Takako explicou:

-- Pela reação de Ayahito, ele foi muito bem trabalhado contra nós. Yasha deve tê-lo convencido que nós e a tradição de combater os youkai seriam um empecilho para sua ambição de conquistar outras regiões. Mas parece que ela ainda estava nos primeiros estágios aqui em Aka.

-- E quanto às outras regiões? Não sabemos se os governantes de Shiro e Kuroi serão os próximos alvos – Sayuri falou preocupada. Mikoto indagou:

-- A rainha de Shiro não é parente de vocês?

-- Sim, a família dela é descendente do clã Kairiku também – Takako assentiu – Se Yasha fosse até lá, a rainha não escutaria uma ideia tão absurda. Além disso, não soubemos de nenhuma intriga entre outras regiões, somente entre Ao e Aka.

-- Talvez Yasha volte para Ao então, mas não sairia voando naquele youkai em plena luz do dia, todo mundo poderia ver – Sayuri olhou para cima – Mas não será mais bem-vinda no palácio daqui.

-- Ela vai precisar de um lugar para ficar até escurecer. Mas onde? – Mikoto não conseguia pensar em nada.

Quase toda a tripulação e os guardas saíram pela cidade à procura de Yasha, mas mesmo após um dia inteiro de trabalho, não encontraram sinal dela.

O Conto da Donzela do SantuárioDonde viven las historias. Descúbrelo ahora