A vizinha

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Sinceramente, senti saudades e quero matar ela com um hot bem gostosinho em forma de pedido de desculpas...

***

POV Camila

Nossos olhares se cruzaram algumas vezes. Demos um oi, um tchau, nada demais. Há quanto tempo somos vizinhas? Sete meses?

A senhora Jauregui mora do outro lado da rua, vez ou outra consigo vê-la de minha varanda, passando pelo quarto numa toalha branca ou simplesmente tomando uma taça de vinho em sua varanda.

Nossos horários não se batem, para o meu azar.

Às sete em ponto, o senhor Richard leva as duas filhas adolescentes para a escola e desaparece, só voltando quando já escuro. Já cheguei a vê-lo cambaleante ao descer do carro tarde da noite e até com marcas de batom pelo colarinho.

Não que eu seja uma stalker.

A senhora Jauregui, ou Lauren, como a mesma já me corrigiu trocentas vezes, sai de casa minutos após as filhas, voltando pouco antes que estas.

As filhas? Status? Comodismo?

Não sei o que pode explicar o fato de uma arquiteta bem sucedida e esplêndida se submeter a quinze anos num casamento de traições.

**

- Como tem coragem de fazer isso com sua própria filha? É aniversário dela, Richard! Será que você vai perder os olhos se chegar em casa na hora e fazer algo pela sua própria filha?

Da varanda de minha casa, é inevitável não ouvir a discussão da deliciosa senhora Jauregui com seu marido escroto na saída da casa.

- Você tem noção da importância da reunião que tenho hoje? Estive me preparando por meses! Meses Lauren! Katy já é crescida, tenho certeza de que não fará esse drama todo por causa de um jantarzinho. Ótimo, - ele observa o relógio de pulso. - agora to atrasado por sua causa, satisfeita Lauren?

Observo o escroto bater forte a porta do carro e sair em disparada, deixando a esposa inerte. Vejo-a passar uma das mãos pelos longos cabelos negros como se de alguma forma buscasse paciência naquela situação.

- Katy! Alice! Andem logo senão chegarão atrasadas!

As adolescentes saem da casa, uma discutindo algo pelo telefone e a outra cabisbaixa.

- Não se preocupe, a noite... - Lauren começa, mas rapidamente é interrompida.

- Esquece, mãe.

**

Já passa das 16h quando chego em casa e, por pura coincidência, no mesmo horário em que minha bela vizinha.

Ok. Talvez nem tanta coincidência.

Ela tenta carregar sacolas demais e acaba deixando uma delas caírem.

- Deixe-me ajudá-la. - me aproximo, recolhendo seus objetos.

- Não precisa se incomodar com isso, eu consigo. - num tom doce, Lauren se agacha para recolher as coisas caídas enquanto sorri de modo educado.

- Não é esforço algum e você ainda não tem quatro mãos. - digo.

Vencida, ela me permite ajudá-la. Levamos suas compras até a cozinha de sua casa.

- Você está bem? - pergunto.

- Sim, só um pouco cansada. As meninas sempre fogem do supermercado e sobra pra mim.

- É sempre assim. Eu também não gostava. - digo, tentando prolongar a conversa.

Ela sorri, mas não da forma como ela MERECE sorrir. Lauren parece cansada de verdade e tenho certeza de que não é do supermercado.

God is a Woman - One Shots LÉSBICOSWhere stories live. Discover now