XVI I- Segredo

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Na floresta das ilusões Ixia conduzia Faliha:

– É difícil passar com uma vegetação tão intensa, são muitos galhos – Reclamou Faliha.

Impossibilitado de ver o chão, ele caiu em um pântano. Com o susto, levantou os braços na tentativa de segurar em um galho de árvore. Esse ato o fez sem querer, bater em Ixia, que rolou no ar gritando “Ai! Ai! Ai!”. Faliha se debatia na tentativa de sair do pântano, mas quanto mais se mexia, mais afundava.        

– Socorro, Ixia, ajude-me, estou afundado! – Suplicava Faliha.     

A fadinha zangada, parada no ar, com os braços cruzados e sacudindo um dos pés, retrucou:

– Eu não! Você me empurrou!

– Ixia, me ajude! Eu não a empurrei..., agora, por favor  !

Ixia vendo aquela situação começou a rir.

– Não acho graça... Ajude-me, por favor! – Faliha continuou clamando pela ajuda de Ixia, que vendo Faliha submerso no lodo e quase sufocado, resolveu ajudar:      

– Está bem! – Ixia voou próximo de Faliha:      

– Lembra-se do que Himalia falou? Não acredite no que você vê, mas no que quer ver...

– Você não está me ajudando! – Faliha respondeu, sufocado.

– Claro que estou! Pense em algo seco! Como o chão firme! – Ixia retrucou.

  Faliha, com a cabeça submersa, concentrou-se:

– É isso! – Imaginou-se fora do pântano, em lugar firme e seco, e roupas limpas. O pensamento foi o suficiente para tirá-lo do pântano, assim decidiu fazer o mesmo com a vegetação fechada, fechou os olhos, e imaginou um lugar fácil de transitar. Abriu os olhos: – Assim é bem melhor! – E tudo estava como havia imaginado.

Faliha continuou o caminho guiado pela fadinha. Mais à frente, avistou uma gárgula. Encarou Ixia, e disse:

– Estou vendo coisas?

– Não, ele realmente é uma gárgula. Bem-vindo a nossa floresta das ilusões. – Exclamou Ixia orgulhosa.

– Eu sei, que é uma gárgula! Só não sabia que era aqui que eles ficavam. – Se explicou Faliha.

Faliha, exausto pelo esforço que fizera na tentativa de sair do pântano, sentou-se sobre um velho tronco de árvore deitado ao chão. Enquanto recarregava suas forças, sentiu algo baforar em seu pescoço. Faliha virou-se e viu, três cabeças que o cheiravam, uma de leão, uma de cabra e outra de dragão, todas num mesmo dorso de leão. Um som distante emitido por um Elemental de  dois metros e meio de altura, orelhas até os ombros, e dois olhos laterais como de águia, atraiu a atenção do animal que saiu correndo em sua direção       

– Que animal é aquele? – Perguntou Faliha estarrecido.

            – O bichano é uma quimera, Sariel. E aquele é Armaron um guerreiro lemuriano. – Disse Ixia, abanando para o Elemental.

             –Já descansou? Vamos! – Insistiu Ixia.

Neste instante aterrissaram mais quimeras, próximas a Armaron uma com cabeça de cabra, cauda de serpente e corpo de leão alado; a outra tinha uma cabeça de dragão, outra de leão, e dorso alado de cabra com rabo de dragão. Deixando Faliha ainda mais impressionado e atento.

– Ainda falta um pequeno trecho, já ouviu falar no reino de Falowey? – Disse Ixia, na tentativa de retirar a atenção de Faliha das quimeras.

– Não! – Respondeu Faliha, interessado.

– Eu sou uma fadinha descendente de Falowey. Sou bisneta da rainha  Jasmim. Ela era muito poderosa, aliás, ainda é. Um dia um duende ordenou ao clã das fadas que fizessem uma rede, ele praticamente as obrigou, mas...

– E aí, o que aconteceu? – Faliha questionou curioso.

– Aconteceu que chegamos! À entrada da colina dos ventos. É hora de você ir! – Disse Ixia.

Faliha saiu da mata despedindo-se da fadinha:

– Ixia, obrigado por sua ajuda! Mas quero saber da estória. 

– Na próxima vez eu conto tudinho!Adeus! – Acenou a fadinha entristecida.

Faliha se posicionou na entrada da colina à espera de Sifer, Miso e seus discípulos.

 Enquanto isso.

 Nazih e os minotauros chegaram ao leito do rio encontrando uma visão desoladora. A crueldade  praticada contra  Migdy, Nifeia e as outras sereiazinhas transformadas em estátuas de gelo. Tomado pela raiva e compaixão pelas Elementais,  Nazih tornou-se uma tocha, mas sua fúria não o deixou perpetuar as chamas, concentrando-se no que era realmente importante. Ele controlou sua fúria e acendeu-se, perpetuando as chamas de suas mãos, as mergulhou no gelo ate  reverter o feitiço, proferindo um mantra:

– Echiye metim atah! Echiye metim atah! 

O gelo do rio derreteu gradativamente, até alcançar Migdy, Nifeia e as outras sereiazinhas que retornaram ao seu estado natural.

– Obrigada Nazih. – Agradeceu Nifeia, sacudindo a cauda parcialmente congelada: – Faz pouco tempo que aquele... , passou por aqui. Foram por ali! –Apontou com a calda.

– Devemos ir, agora! – Recomendou Nazih.

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