XIX - Recuperação

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O pequeno grupo de Sifer chegou à entrada do monte, sendo surpreendidos por Faliha que bloqueou o caminho, e disse:

– Aonde vocês vão?

– Como chegou aqui? – Miso parecia surpreso.

– Ele deve ter vindo pela mata, mas isso não é um problema. – Sifer retrucou, e levantando a mão, lançou um encantamento sobre Faliha, que para se proteger criou um escudo transparente a sua frente.

– Joguem o encantamento ao mesmo tempo. – Miso ordenou aos discípulos.

Sifer aproveitou o ataque simultâneo dos discípulos a Faliha e fugiu, subindo a estreita e escorregadia encosta do monte. Miso o seguiu, deixando os discípulos para trás, com a missão de neutralizar Faliha.

Deleon em forma de vento chegou à entrada do monte, e de imediato partiu em direção a Faliha, para libertá-lo do ataque dos discípulos de Miso.

– Vá atrás do pentagrama! – Solicitou Faliha ao amigo.      

Deleon no mesmo instante mudou de direção, e foi rumo ao monte. Em instantes Nazih chegou  à entrada do monte acompanhado pelos minotauros, deparando-se com Faliha em desvantagem, Nazih indignado se apressou em ajudar, lançando uma chama de fogo que chamuscou os discípulos que, amedrontados, fugiram em direção a íngreme desfiladeiro do monte. Faliha desativou o escudo de proteção e caiu ao chão, exausto com seus poderes esgotados.

– Você ficara bem! Venha! – Disse Nazih, ajudando o amigo a se levantar.

– Só preciso respirar um pouco! – Respondeu Faliha. Enquanto Nazih ordenava aos minotauros:

– Subam a colina, e refaçam o caminho destruído!

           Miso continuava a subir o desfiladeiro do monte, na tentativa de alcançar Sifer, que já se encontrava misturando-se às nuvens que cobriam o topo. Algumas vezes, Miso parava de subir o desfiladeiro, e empurrava pedras gigantescas desfiladeiro abaixo atingindo os minotauros que escalavam e refaziam o caminho. Os minotauros atingidos, na queda se estilhaçavam em pedaços, dando origem a outros minotauros que subiam reconstruindo o caminho que havia sido destruído. Miso percebeu ser inútil destruí-los, e se apressou em alcançar Sifer.

 Deleon pairava entre as nuvens do topo, até que seus poderes não funcionaram mais, tendo que se transfigurar em Elemental sobre duas pernas e subir o restante do desfiladeiro    a pé .

Sifer atingiu o topo, e apressado buscou dentre as várias rochas a que possuía o encaixe do pentagrama, sendo que foi surpreendido por Deleon, que tentava agarrá-lo entre as rochas., Sem êxito, Deleon tentou transformar-se em vendaval.

– Seu idiota, aqui não há como usar poderes! Mas eu posso! – Gracejou Sifer, desferindo um poderoso golpe fluídico sobre Deleon, que conseguiu se desviar.

Miso atingiu o topo, deparando-se com Deleon esquivando-se dos ataques fluídicos de Sifer, que ao vê-lo gritou:

– Miso, pegue-a! Você sabe como fazer! – E Sifer jogou uma pequena bolsa preta.

Deleon sentindo-se vulnerável escondeu-se entre as pedras, e imediatamente lembrou-se do pergaminho que Arquia lhe dera, retirando-o  da manga , o leu:

– Nunc, Nunc Viribus. – Dito isto, retomou seus poderes, e de imediato provocou um vendaval.

 Sifer surpreso e na iminência de ser levado pelo vento foi obrigando a segurar-se entre as pedras, e indignado em meio à turbulência do vento gritava:

– Esqueceu, agora é inútil? Eu não voltarei! –E pronunciou um mantra de transformação que fizeram seus pés se transformassem em garras de águia, fincando-as ao chão. E continuou a lançar sobre Deleon fluidos maléficos que como pequenos raios  eram dispersos no vendaval.

Miso impossibilitado de se locomover, utilizou-se do dom da terra. Logo, fez crescer a vegetação que se entrelaçaram a ele, permitindo que se locomovesse por entre as pedras em busca do encaixe do pentagrama. Os discípulos, assim que atingiram o topo do monte, eram sugados pelo vendaval. Miso, na tentativa de salvá-los, entrelaçou-os às folhagens da planta que também o segurava. As folhagens balançavam ao movimento do vento até se romperem, lançando os discípulos ao vento. Miso, furioso pela perda dos discípulos, obstinou-se na  abertura  do portal, e com o pentagrama em mãos recitou repetidas vezes : aperire hoc tempore.

Uma das pedras parcialmente enterrada começou a se mover para fora , revelando o local do encaixe do pentagrama. O vendaval dificultava Miso de locomover as folhagens até a pedra, mas, após  diversas tentativas, Miso agarrou-se a pedra e esticando-se conseguiu encaixar o pentagrama. O portal do mundo do sonho finalmente começou a se abrir.

– Mestre. Consegui! O portal está abrindo! Vamos! – Miso entusiasmado fez as folhagens da planta  se movimentarem rapidamente utilizando o vendaval a seu favor, levando-o próximo ao portal.

 Sifer eufórico olhou a abertura do portal, e se apressou em jogar um pó negro dentro do vendaval, fazendo tudo escurecer. E aproveitou a escuridão para ir  de encontro ao portal e, irônico, gritou:

– Já vou!

 Deleon na tentativa de reverter à escuridão em claridade, pronunciando um mantra: Domino tempus transformare tenebris in lucem.

Nazih chegou ao topo do monte e foi arrastado por um negro vendaval, que o cegava,  mas ouvia claramente Deleon entoar o mantra. Nazih, então, segurou-se e  ajudou o amigo a entoar o mesmo mantra: Domino tempus transformare tenebris in lucem.

. Enquanto o mantra não tinha o efeito desejado, o sábio Nazih lançou um chicote de fogo sobre o vendaval causando uma rápida claridade sobre o topo do monte, que revelou Sifer junto ao portal. Nazih na incumbência de impedir a iminente  fuga do maléfico, lançou novamente o chicote de fogo, mas, desta vez, direcionado a Sifer, o atingindo, fazendo-o cair no chão momento antes de atravessar o portal.

Miso que já havia atravessado, gritou eufórico:

– Mestre, o segundo portal está se fechando, venha logo!  

Sifer caído no chão, encarou o brilho do pentagrama ainda na pedra, estendeu a mão na tentativa de pegá-lo, mas teve de deixá-lo. Mesmo ferido, levantou-se e partiu em direção à pequena fenda ainda aberta, e jogou-se, sendo atingido novamente por um novo chicote de fogo enviado por  Nazih, agora lhe queimando gravemente os pés. O portal, enfim, se fechou.

Faliha mesmo fatigado atingiu o topo do monte, se deparando com o vendaval ainda escuro, e como Elemental mago, respirou profundamente utilizando-se de toda força que lhe restara e proferiu: cessari. – e fez cessar a escuridão e o vendaval de imediato, enfraquecido suas pernas perderam a força, na iminência de desfalecer Nazih o amparou. Enquanto isso Deleon retirava o pentagrama da pedra, e disse:

– Devemos voltar rapidamente. Eu os levarei !

Do cume do monte Deleon olhou para os minotauros e jogou-se, tornando-se vento, pronunciou:

–Vocês já cumpriram sua missão.  – Os minotauros de imediato se desmancharam, tornando-se pequenos pontos de luz que retornaram a Cracia. Deleon retornou ao topo do monte, e ainda transfigurado em vento envolveu seus amigos em um redemoinho locomovendo-os  em direção à cidadezinha.

Devas os mensageirosWhere stories live. Discover now