Capítulo VI

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Capitulo VI

Max

Acordei me sentindo estranho, ainda não tinha acostumado com a claridade que tinha naquele quarto. Será que eu podia comprar uma cortina??

Não. O que eu to pensando? Achava que eu ia dormir ali todo dia?

Olhei pro meu lado o Nicolas dormia tranquilamente e e eu me assustei. Tava deitado no peito dele e de alguma forma eu não queria levantar.

Ouvi barulho na sala ainda bem que a porta estava fechada, como eu ia explicar pra mãe dele que o Nicolas tava deitado no chão e eu estava dormindo no peito dele.

Levantei silenciosamente não queria que ele acordasse. O Nicolas precisava descansar olhei pro rosto dele todo machucado. Uma dor se instalou no meu peito, ele tava assim por minha culpa e isso nunca mais ia acontecer. Tudo que queria era ficar ali deitado e achar que tudo daria certo.

Encostei na parede e fiquei pensando na gente. Isso tudo daria certo?

Tudo era tão novo e pela primeira vez na minha vida eu estava perdido.

Era sempre tudo tão certo na minha cabeça. Estudar, assumir meu lugar em frente as empresas e tentar de alguma forma seguir minha carreira como médico.

Eu sabia que de um jeito ou outro eu tinha que seguir o caminho que foi definido pra mim muito antes de eu nascer. Minha família não era igual as outras, e de certa forma eu entendia isso, mas olhando a família do Nicolas alguma coisa me dizia que ele tinha uma família,  mas eu nunca tive.

Mesmo quando meus pais estavam vivos de nenhuma forma eu era livre. Eu tinha regras, condições, normas. Cresci sabendo quem eu era e o que se esperava de mim, eu não tinha direito de ser uma criança normal. Meu pai sempre disse que eu não era como as outras crianças. Eu sabia disso. Eu tinha mordomos, babás, empregados, seguranças, mas...talvez ....eu não tivesse família nem amigos.

Nunca tive amigos na infância, nunca saí pra beber com amigos quando era jovem por que ninguém era bom o suficiente. Cada amigo que eu tentava fazer depois que tudo aconteceu era avaliado, examinado... sua família, seu amigos.

Eu não podia ter amigos por que foi um amigo que mudou o rumo da minha história, da minha família e isso nunca mais poderia acontecer. Então um dia eu desisti de ter amigos.

Via muito pouco meus pais, na realidade eu via mais meu avô. Quando eu era criança ele tinha se aposentado e passado a direção de tudo para meu pai. Eu fui criado para um dia assumir tudo. Mas um dia isso mudou.

Chega Max. Tudo tem que ser esquecido. Não há lugar para pensar no passado. Esquecer. Sorrir e seguir em frente.

Olhei para o Nicolas dormindo, eu não podia levar ele para o meu mundo, ele não merecia isso.

Levantei, abri a porta do quarto e olhei para a pequena cozinha. Dona Leda estava de costas para mim.

Saí para a sala e fiquei parado, não sabia o que fazer ainda era muito cedo.

Dona Leda virou e me viu ali.

- Querido vem tomar um café eu passei agora mesmo. Por que acordou tão cedo? Vai ir a aula??

Fui para a cozinha e sentei na pequena mesa, tudo era muito simples mas era tudo tão aconchegante, tinha alguma coisa ali naquele pequeno apartamento que eu não via na minha casa. Era um lar e eu não estava acostumado.

- Toma querido é só colocar açúcar, tô fazendo umas torradas pra nós. O Nicolas deve dormir até tarde o médico disse que o remédio ia dar muito sono. - essa senhora sempre esta contente, feliz. -

Antes de tudo.Where stories live. Discover now