Capítulo XXIII

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Oi gente eu li todos os comentários.

Só vamos tentar lembrar que os dois são muito novos. Que isso acontece em 1990. E que essa coisa de politicamente correto ainda não existia. Eu sou um cronista e não um escritor. Portanto eu escrevo o que me contam. Se quiserem perguntar pra eles por que agiram desse ou de outro jeito é só perguntar que eles respondem.

Carlos


Capitulo XXIII

Max

Finalmente estava entrando na casa do vô. Eu fiquei tão cansado da viagem e tanta coisa pesava dentro de mim. Pensamentos que iam e vinham eu tinha que resolver tanta coisa.

Eu não queria ir para o meu apartamento. Eu sabia que uma hora ou outra o Nicolas iria atrás de mim e eu não queria falar com ele.

Precisava ficar sozinho e pensar.

Fui direto pro banho e deixei a água cair no meu corpo. Analisei por todos os ângulos o que aconteceu e eu errei de muitas maneiras. Errei por não ter colocado o Giovani no lugar dele, errei por ter deixado o Nicolas beber daquele jeito, errei por ter feito o que fiz.

Mas errei principalmente por ter deixado as emoções tomarem conta do meu raciocínio. E isso nunca mais ia acontecer.

Quase coloquei a minha vida e a de outros em risco por que simplesmente tentei agir como um jovem de dezenove anos em uma festa. Um festa junto com amigos da minha idade. Coloquei minhas costas na parede. Idade??

Eu não sou e não posso me dar a esses deslizes da juventude. Se eu errar muita gente sofre.

Essa frase foi dita tantas e tantas vezes durante a minha vida...ecoava na minha cabeça sem parar.

Comecei a rir embaixo da água. Que vida longa Max. Dezenove enormes anos.

Muita gente podia fazer bobagens, podia beber, dirigir em alta velocidade...muita gente podia muitas coisas ...eu não.

Se eu errar muita gente sofre essa é a verdade.

Eu não sou normal...se eu errasse eu tinha enormes cobranças...todos querem de mim decisões maduras e sensatas...escolhas certas. Eu não tenho o direito de errar como todo mundo...senti meu corpo deslizando pela parede até o chão,  a água caia em cima de mim.

Eu não sou qualquer pessoa, eu não posso errar...minha cabeça parece que ia explodir...todo mundo acha que eu só posso fazer o certo...todos acham que eu tenho que ser sensato o tempo todo...certo o tempo todo...mas ninguém lembra que eu ainda sou novo..

Tenho que entender que eu não sou igual as outras pessoas...eu não sou...alguém normal...

Senti as lagrimas caírem pelo rosto. Deixei a água lavar esses sentimentos. Eu não posso me dar ao luxo de ser apenas um jovem de dezenove anos, mas...

Mas hoje...nesse momento escondido de todo mundo eu seria normal. Eu ia chorar por tudo que eu ia perder...Hoje eu faria como qualquer outra pessoa, me lamentaria pelo que perdi, sofreria pelo que não foi...pelo que poderia ter sido...só hoje..

Abracei meus joelhos e deixei a dor vir pra fora...eu já perdi tanta coisa..eu já perdi demais...Senti o desespero tomar conta de mim. Uma dor atravessar o eu peito. Deixei que tudo voltasse a minha mente novamente.

Sorrir e seguir em frente. É isso Max.

Eu tentei ser algo que não nasci pra ser. Respira Max.

Controla a respiração Max ninguém pode te ver sofrendo. Ninguém pode saber quem tu é...ninguém pode saber o que tu sente...te controla..

Quando vi as luzes do carro que vinha em sentido contrário ao meu virei a direção e voltei para a minha pista. Andei atrás do caminhão por vários quilômetros tentando colocar minha cabeça em ordem.

Antes de tudo.Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon